Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
A Polícia Federal (PF) tem um vídeo de uma reunião do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com ministros, em que discutem uma “dinâmica golpista”, de acordo com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
A gravação, do dia 5 de julho de 2022, foi encontrada pela PF em um computador apreendido na residência do tenente-coronel Mauro Cid, ex-chefe de ordem de Bolsonaro, em uma operação anterior da PF.
A transcrição da gravação aparece na decisão de Moraes que embasa a operação da PF de hoje, que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Alexandre de Moraes diz no documento que a reunião de Bolsonaro e ministros “nitidamente, revela o arranjo de dinâmica golpista no âmbito da alta cúpula do governo, manifestando-se todos os investigados que dela tomaram parte”.
No documento, Moraes também diz que todos os participantes ajudaram a difundir mentiras no período eleitoral sobre o então candidato Lula (PT), o TSE e os ministros do STF.
Confira trechos da transcrição do vídeo feita pela PF:
Jair Bolsonaro: “Hoje me reuni com o pessoal do WhatsApp, e outras também mídias do Brasil. Conversei com eles. Tem acordo ou não tem com o TSE? Se tem acordo, que acordo é esse que tá passando por cima da constituição? Eu vou entrar em campo usando o meu exército, meus 23 ministros”.
“E eu tenho falado com os meus 23 ministros. Nós não podemos esperar chegar 23, olhar para trás e falar: o que que nós não fizemos para o Brasil chegar à situação de hoje em dia? Nós temos que nos expor. Cada um de nós. Não podemos esperar que outros façam por nós. Não podemos nos omitir. Nos calar. Nos esconder. Nos acomodar. Eu não posso fazer nada sem vocês. E vocês também patinam sem o Executivo. Os poderes são independentes, mas nós dois somos irmãos. Temos um primo do outro lado da rua que tem que ser respeitado também. Mas todo mundo que quer ser respeitado tem que respeitar em primeiro lugar. E nós não abrimos mão disso”.
“É … Nós estamos vendo aqui a … não é toda a imprensa, uma outra TV e as mídias sociais sobre a delação do Marcos Valério. A questão da … da execução do Celso Daniel. Né? É … O envolvimento com o narcotráfico. É … Temos informações do General Carvajal lá da Venezuela que tá preso na Espanha. Ele … já fez a delação premiada dele lá. É… Por anos abasteceu com o dinheiro do narcotráfico Lula da Silva, Cristina Kirchner, Evo Morales. Né? Essa turma toda que cês conhecem”.
“Nós vamos esperar chegar 23, 24, pra se foder? Depois perguntar: por que que não tomei providência lá trás? E não é providência de força não, c*! Não é dar tiro. Ô PAULO SÉRGIO [Nogueira, ex-ministro da Defesa], vou botar a tropa na rua, tocar fogo aí, metralhar. Não é isso, p*!””.
“Daqui pra frente quero que todo ministro fale o que eu vou falar aqui, e vou mostrar. Se o ministro não quiser falar, ele vai vir falar para mim porque que ele não quer falar. Se apresentar onde eu estou errado, eu topo. Agora, se não tiver argumento pra me… demover do que eu vou mostrar, não vou querer papo com esse ministro. Tá no lugar errado”.
Anderson Torres: “Estamos aí, Presidente, desentranhando a velha relação do PT com o PCC. A velha relação do PT com o PCC. Isso tá vindo aí através de depoimentos que estão há muito guardados aí… isso aí foi feito ó. Tá certo? Isso tudo tá vindo à tona. Isso não é mentira. Isso não é mentira. Então, muita coisa está vindo à tona aí. Muita coisa que a população é … sabe, mas tudo precisa ser rememorado. Tá certo? Então, essa questão das urnas, essa questão dos inquéritos, nós montamos um grupo lá ? é … é … é … O Diretor Geral da Polícia Federal montou um grupo de policiais federais. E agora uma equipe completa. Não só com peritos. Mas com delegados, com peritos, com agentes pra poder acompanhar, realmente, o passo a passo das eleições”.
Paulo Sérgio Nogueira: “O que eu sinto nesse momento é apenas na linha de contato com o inimigo. Ou seja… na guerra a gente é linha de contato, linha de partida. Eu vou romper aqui e iniciar minha operação. Eu vejo as Forças Armadas e o Ministério da Defesa nessa linha de contato. Nós temos que intensificar e ajudar nesse sentido pra que a gente não fique sozinhos no processo”.
Augusto Heleno: “Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições. E vai chegar a um ponto que nós não vamos poder mais falar. Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso pra mim é muito claro”.
Gazeta Brasil