O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o mandato de deputado federal e candidato a senador pelo Mato Grosso, Neri Geller, aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que tem sido um elo do petista com o agronegócio, informou o Ministério Público Eleitoral em comunicado na noite de quarta-feira.
A corte eleitoral acatou em decisão unânime pedido do MP para cassar o mandato de Geller e torná-lo inelegível por oito anos por entender que ele captou recursos de forma ilícita para sua campanha eleitoral em 2018.
Segundo o MP, Geller arrecadou recursos de empresas –o que é proibido pela legislação eleitoral– por meio de uma triangulação bancária envolvendo seu filho. Segundo o MP, a quebra do sigilo bancário autorizada pela Justiça revelou o alegado esquema de arrecadação de doações eleitorais junto a empresas.
“A movimentação financeira entre eles teve por escopo evitar que se evidenciasse a vinculação entre as doações e recursos recebidos de pessoas jurídicas”, disse o vice-procurador-geral Eleitoral, Paulo Gonet, no parecer enviado ao TSE.
Em julho, Lula fechou apoio à candidatura de Geller, vice-presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA), ao Senado em uma negociação que envolveu também o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) –também ligado ao agronegócio.
O apoio veio em troca do envolvimento de Geller, que foi ministro da Agricultura no segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, e Fávaro em um movimento que está levando setores do agronegócio a se aproximar de Lula, em um sinal de insatisfação com a política do presidente Jair Bolsonaro (PL) e, também, um reflexo das pesquisas eleitorais, que colocam Lula à frente do atual presidente.
Em nota divulgada na conta do deputado no Twitter, a assessoria jurídica de Geller disse que ele foi cassado de forma injusta e que a assessoria continuará a trabalhar no caso.
“O deputado federal Neri Geller foi cassado injustamente e prova irrefutável disso foi a decisão em cima de um pedido que sequer fazia parte dos autos”, afirma a nota.
“Geller foi condenado por ser produtor rural, e por natureza intrínseca, vender soja e milho. A partir da decisão do TSE, a assessoria jurídica do parlamentar continuará trabalhando pelos meios judiciais cabíveis ao caso.”
Reuters