Uma proposta de megainfraestrutura voltou a chamar a atenção ao sugerir a construção do que poderia se tornar o maior túnel subaquático do mundo, ligando dois continentes sob o Oceano Ártico em poucos minutos e criando uma nova rota ferroviária entre Rússia e Estados Unidos, com implicações econômicas, logísticas e geopolíticas de grande alcance.
Como seria o túnel subaquático proposto sob o Estreito de Bering?
O chamado túnel “Putin-Trump” foi sugerido por Kirill Dmitriev, chefe do Fundo de Investimento Direto da Rússia (RDIF), como uma ferrovia de carga e passageiros sob o Estreito de Bering. A ligação teria cerca de 112 quilômetros de extensão, seria construída em até oito anos e teria orçamento estimado em 8 bilhões de dólares, valor que especialistas consideram bastante otimista.
O corredor ferroviário ligaria Chukotka, no extremo leste da Rússia, ao Alasca, nos Estados Unidos, em uma das áreas mais frias e desafiadoras do planeta. A ideia combina ambição tecnológica, interesses geopolíticos e um componente simbólico de aproximação entre Moscou e Washington, ecoando projetos históricos de conexão entre os continentes.
Como o túnel sob o Estreito de Bering conectaria continentes?
Embora o foco inicial seja a ligação entre Rússia e Estados Unidos, o túnel sob o Ártico poderia formar uma ponte terrestre contínua entre as Américas e a massa afro-eurasiática. Com extensões ferroviárias adicionais, seria possível, em teoria, viajar de trem da América do Sul à Europa ou à China, passando pelo Alasca e pela Sibéria, criando novas rotas de comércio global.
Segundo o RDIF, a proposta se apoia em estudos anteriores de corredores ferroviários entre EUA, Canadá, Rússia e China e cita a participação do fundo na construção da primeira ponte ferroviária Rússia-China. A eventual integração desse túnel a grandes redes ferroviárias poderia reduzir a dependência de rotas marítimas tradicionais e reconfigurar fluxos de mercadorias em longo prazo.
- Extensão aproximada: 112 km de túnel subaquático.
- Localização: sob o Estreito de Bering, entre Chukotka (Rússia) e Alasca (EUA).
- Função principal: ferrovia de passageiros e carga.
- Orçamento estimado: cerca de 8 bilhões de dólares, segundo a proposta.
Por que o projeto volta à pauta e qual seu simbolismo político?
Planos para ligar Rússia e América do Norte por ferrovia existem há mais de 150 anos, incluindo discussões em 1904 sobre uma ferrovia Sibéria-Alasca e uma proposta de ligação pelo Estreito de Bering reapresentada em 2007. Até durante a Guerra Fria, circulou a ideia de uma “Ponte da Paz Mundial Kennedy-Khrushchev”, que teria simbolizado cooperação em meio à tensão entre as potências.
No contexto atual, Dmitriev divulgou o plano após um contato telefônico entre Vladimir Putin e Donald Trump, associando o nome “Putin-Trump” ao túnel para reforçar seu caráter simbólico. A proposta fala em “simbolizar a unidade”, em explorar conjuntamente recursos do Ártico e em usar a infraestrutura como ferramenta de reaproximação econômica e diplomática, embora ainda sem qualquer etapa formal de negociação. Veja os detalhes do projeto no vídeo divulgado pelo canal Chart Maps, via TikTok:
@chartmaps EUA e Russia são mais próximos do que parece #eua #russia ♬ som original – Chart Maps
Quais desafios técnicos, políticos e econômicos o túnel enfrentaria?
Os obstáculos para construir o maior túnel subaquático do mundo começam no campo político, com relações marcadas por sanções, desconfiança e disputas estratégicas entre Rússia e Estados Unidos desde a guerra na Ucrânia. Não houve resposta oficial de Donald Trump, do governo dos EUA ou de Elon Musk, e o projeto permanece como uma proposta unilateral sem respaldo institucional amplo.
Do ponto de vista técnico e econômico, seria necessário lidar com gelo, águas profundas, sismos, clima extremo e enormes investimentos em integração ferroviária em regiões remotas. Mesmo com a estimativa de 8 bilhões de dólares, analistas projetam custos muito superiores e um retorno de longo prazo, dependente de acordos bilaterais, alto volume de cargas e estabilidade política duradoura.
- Desafio político: necessidade de cooperação entre países em tensão.
- Desafio técnico: escavação em ambiente ártico com gelo e instabilidade sísmica.
- Desafio econômico: investimentos elevados e incerteza de retorno.
- Desafio logístico: integração com extensas ferrovias na Rússia, no Alasca e em demais regiões.
FAQ sobre o túnel sob o Oceano Ártico
- O túnel seria usado apenas para trens de carga? A proposta menciona tanto transporte de carga quanto de passageiros, com foco especial em logística e integração de rotas comerciais.
- Quanto tempo levaria para atravessar o túnel sob o Estreito de Bering? Em cenários de alta velocidade ferroviária, a travessia poderia ser feita em poucos minutos, dependendo do tipo de trem e da operação adotada.
- O Estreito de Bering já teve alguma ligação física entre os continentes? Historicamente, houve uma ponte de terra na era glacial, mas, em tempos modernos, nenhuma ponte ou túnel foi construído entre Rússia e Alasca.
- Esse túnel poderia alterar rotas de transporte marítimo tradicionais? Caso fosse construído e integrado a grandes redes ferroviárias, poderia oferecer uma alternativa terrestre para parte das cargas hoje transportadas por navios, especialmente em algumas rotas de longa distância.