O Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil se encontra no centro das atenções ao formar uma maioria para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus por uma suposta conspiração para alterar o resultado da eleição presidencial de 2022. Nesta quinta-feira (11/9), a ministra Cármen Lúcia foi crucial ao proferir um voto que consolidou a maioria na Primeira Turma do STF, onde ainda aguarda-se o voto do ministro Cristiano Zanin. Contudo, esse voto não poderá reverter a decisão já tomada pela maioria. O caso revela as complexas engrenagens do sistema judicial brasileiro enquanto este enfrenta um dos casos mais relevantes em termos de impacto político e social.
Entre os réus, além de Bolsonaro, estão figuras notáveis como Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor-geral da Abin, e Almir Garnier, almirante de esquadra e ex-comandante da Marinha durante o governo de Bolsonaro. A lista prossegue com Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, e Walter Souza Braga Netto, que foi ministro da Defesa e da Casa Civil e candidato a vice-presidente em 2022.
Quais são as acusações enfrentadas por Bolsonaro e outros réus?

A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou os réus de formarem uma organização criminosa armada com o foco de eliminar, de maneira violenta, o Estado Democrático de Direito por meio de um golpe de Estado. Entre os crimes listados estão a tentativa de deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado pela violência. É significativo notar que, enquanto Ramagem não responde por danos ao patrimônio, os demais réus enfrentam todas as acusações.
No que tange a Ramagem, as acusações focam principalmente em atividades anteriores à sua diplomação como parlamentar, uma vez que a Primeira Turma do STF concordou parcialmente com um pedido da Câmara dos Deputados de suspensão das ações penais contra ele. Assim, ele responde apenas por seu envolvimento, supostamente anterior, com a tentativa de golpe de Estado e a insurgência contra a democracia.
- Organização Criminosa Armada: formação de um grupo estruturado, com divisão de tarefas, para a prática de crimes.
- Tentativa de Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito: ato de tentar depor o governo legitimamente constituído.
- Golpe de Estado: tentativa de romper com a ordem constitucional e de governo.
- Dano Qualificado pela Violência e Ameaça Grave: prejuízo ao patrimônio público causado por violência ou ameaça.
- Deterioração de Patrimônio Tombado: danificação de bens considerados patrimônio histórico e cultural.
Qual o impacto do voto de Cármen Lúcia?
o momento em que carmen lúcia votou a favor da condenação de bolsonaro!!! 🎆🎇🥂🍾🎉🎊🍻 pic.twitter.com/N25aqlwg0H
— matheus (@whomath) September 11, 2025
A ministra Cármen Lúcia desempenhou um papel no julgamento, seguindo o relatório apresentado pelo ministro Alexandre de Moraes. Sua avaliação afirma que a PGR apresentou “prova cabal” contra os réus, demonstrando a existência de uma milícia digital organizada para minar a Justiça Eleitoral e as urnas eletrônicas.
Cármen Lúcia destacou Bolsonaro como o líder da suposta organização criminosa e insurgente causador dos atos. Ela também diferenciou entre os crimes de abolição violenta do Estado Democrático e o golpe de Estado, discordando da absorção das acusações como sugerido por Luiz Fux. Essa distinção foi essencial para determinar condenações em duas áreas distintas do crime.
Como o julgamento impacta no cenário político brasileiro?
O julgamento de Bolsonaro e seus aliados pode ter consequências profundas para o futuro político do Brasil. Caso os réus sejam finalmente condenados, isso pode servir como um forte precedente contra futuros atos que ameaçam o sistema democrático do país.
A decisão, ainda pendente do voto final de Cristiano Zanin, já gerou reações diversas no cenário político, tanto de apoio à firmeza do STF quanto de críticas de partes envolvidas que consideram as acusações infundadas.

FAQ sobre julgamento de Bolsonaro
- O que pode acontecer caso Bolsonaro seja condenado? Se condenado, ele pode enfrentar penas que incluem desde multas até prisão, além de ser inelegível para futuras eleições.
- Qual a importância dos votos dos ministros do STF nesse julgamento? Cada voto ajuda a construir o entendimento jurídico do STF sobre os atos e as intenções dos réus, consolidando a jurisprudência sobre o que constitui ameaça ao Estado Democrático de Direito.
- O que significa “milícia digital” no contexto do julgamento? Refere-se a uma estrutura organizada para disseminar informações que poderiam minar a legitimidade das eleições e das instituições judicial e eleitoral no Brasil.
- Esse julgamento é final ou pode haver recursos? Dependendo do resultado, os réus podem ainda buscar recursos em instâncias superiores, incluindo possíveis revisões ou apelações. Contudo, a decisão atual da Primeira Turma é um passo crítico no processo.