O Consignado CLT tem se tornado uma das formas mais comuns de crédito entre trabalhadores com carteira assinada. Segundo o advogado Victor Marinho, especialista em Direito do Consumidor e criador de conteúdo com foco em educação financeira, esse tipo de empréstimo pode parecer vantajoso à primeira vista, mas esconde riscos importantes para a autonomia financeira do trabalhador.
Victor Marinho é advogado, formado pela Universidade Tiradentes (UNIT), e atua há anos na defesa de consumidores em contratos bancários. Com mais de 100 mil seguidores nas redes sociais, Instagram @victormarinho e TikTok @advogadovictor, ele se dedica a orientar aposentados, pensionistas e servidores sobre os perigos do endividamento. Em suas falas, ele enfatiza que o consignado CLT, apesar dos juros reduzidos, compromete decisões financeiras urgentes.
O que é o consignado CLT e por que ele preocupa?
O consignado CLT é um tipo de empréstimo cujo valor das parcelas é descontado diretamente do salário do trabalhador com carteira assinada. Essa modalidade costuma apresentar juros mais baixos porque o banco tem mais garantias de que vai receber o pagamento, já que o desconto é automático. Porém, essa segurança para o banco se traduz em menor liberdade para o consumidor.
Victor Marinho alerta que, em situações emergenciais, como um problema de saúde na família, o trabalhador não consegue priorizar gastos. Isso porque o dinheiro já foi debitado na fonte. Diferente do empréstimo pessoal, no qual é possível renegociar ou atrasar pagamentos, o consignado trava qualquer margem de manobra. “Não é questão de irresponsabilidade, é uma questão de sobrevivência”, destaca o advogado.

Por que o banco cobra menos juros no consignado?
Os juros do consignado CLT são menores porque o banco tem mais certeza de que vai receber o valor emprestado. Isso ocorre porque o desconto é automático e pode incluir garantias adicionais, como o uso do FGTS. Ou seja, o risco de inadimplência é muito reduzido, o que torna a operação mais segura para a instituição financeira.
Por outro lado, essa garantia reduz drasticamente a possibilidade de negociação em caso de dificuldade. Segundo Victor, o banco não está disposto a renegociar o contrato, pois sabe que vai receber o valor diretamente. E, se o trabalhador estiver inadimplente, o FGTS pode ser acionado para cobrir a dívida. Isso significa abrir mão de uma reserva importante para o futuro em troca de um empréstimo com pouca flexibilidade.
Quais os impactos do consignado na vida financeira do trabalhador?
Victor Marinho relata que muitos trabalhadores CLT comprometem até 30% do seu salário com o consignado. Ele exemplifica com uma pessoa que ganha R$ 5 mil e tem R$ 1.500 descontados todo mês diretamente na folha. Em casos de emergência, esse valor não pode ser redirecionado para outras prioridades, como um tratamento de saúde urgente ou sustento da família.
Essa falta de autonomia pode agravar a situação financeira, especialmente quando não há outras reservas. Já no empréstimo pessoal, mesmo com juros maiores, há possibilidade de renegociação, parcelamento e até mesmo suspensão temporária do pagamento. O que está em jogo, segundo o especialista, é o poder de decisão sobre o próprio dinheiro.

Consignado é sempre uma má escolha? Quais os cuidados?
Victor deixa claro que não se trata de demonizar o consignado CLT, mas de entender seu funcionamento. Em alguns casos, pode ser uma alternativa interessante se a pessoa tem estabilidade financeira e capacidade de planejamento. Mas para quem vive com margem apertada ou está sujeito a imprevistos, o risco é elevado.
O ideal é sempre analisar o custo total do crédito, verificar a existência de garantias envolvidas (como o FGTS) e refletir se o desconto automático é compatível com suas necessidades futuras. Ter uma reserva de emergência é essencial antes de assumir qualquer tipo de dívida com desconto em folha.
O que dizem os órgãos oficiais sobre o consignado?
O Banco Central do Brasil destaca que o empréstimo consignado é uma modalidade de crédito mais barata, mas que deve ser usada com cautela. O comprometimento da renda é limitado por lei a 35%, justamente para evitar o superendividamento. Ainda assim, é fundamental avaliar se a parcela cabe no orçamento mensal.
Já o Ministério da Cidadania, em parceria com a Caixa, alerta para os riscos de usar o FGTS como garantia de crédito. Esse recurso deve ser preservado para situações futuras de desemprego ou aquisição da casa própria.
O que você precisa saber antes de contratar o consignado CLT?
Antes de assinar um contrato de crédito consignado CLT, avalie:
- O valor da parcela compromete seu orçamento?
- Você tem reserva de emergência?
- Há outras alternativas com mais flexibilidade?
- Está disposto a abrir mão do FGTS como garantia?
Victor Marinho reforça: “Todo mundo é adulto e responsável pelas próprias escolhas. Mas é meu dever mostrar os riscos, pois vejo todos os dias pessoas endividadas e travadas financeiramente por conta do consignado.”
Quais foram as fontes oficiais utilizadas neste artigo?
- Banco Central do Brasil: https://www.bcb.gov.br
- Ministério da Cidadania: https://www.gov.br/cidadania/
- JusBrasil: https://victormmb.jusbrasil.com.br
Essas fontes foram utilizadas para assegurar que o conteúdo esteja alinhado à legislação brasileira e às diretrizes de educação financeira de órgãos públicos.