Preta Gil faleceu aos 50 anos neste domingo (20/7), enquanto realizava tratamento para câncer colorretal nos Estados Unidos, mais precisamente em Nova York. A confirmação da morte foi feita pela assessoria da artista, que também informou que a família da cantora deve se pronunciar em breve sobre o ocorrido. Preta enfrentava a doença desde janeiro de 2023, quando recebeu o diagnóstico, e desde então compartilhou abertamente a rotina de enfrentamento ao câncer com seus fãs e seguidores.
Ao longo dos últimos dois anos, Preta Gil se submeteu a diversas intervenções médicas, incluindo cirurgias complexas e sessões de tratamentos intensivos. Em dezembro de 2024, ela passou por uma extensa cirurgia de 20 horas para retirada de tumores, depois que o câncer voltou a se manifestar em quatro regiões do corpo: dois linfonodos, peritônio e ureter. A cantora buscou opiniões médicas internacionais e não poupou esforços em busca da cura, mostrando transparência nos desafios e nas pequenas conquistas durante o processo.
Quem foi Preta Gil e qual sua importância na cultura brasileira?

Nascida em um ambiente musical influente, Preta Gil era filha de Gilberto Gil e tornou-se referência artística e social no país. Sua trajetória incluiu atuação como cantora, compositora, empresária e atriz, participando de projetos que marcaram a música popular brasileira. Ao longo da carreira, Preta sempre usou a própria visibilidade para defender causas sociais, destacando-se por levantar bandeiras em prol do combate ao racismo, dos direitos das mulheres, da comunidade LGBT e da valorização da autoestima.
A artista deixa um filho, Francisco, atualmente com 30 anos, e uma neta, Sol de Maria, de nove anos. Estas relações familiares também sempre foram destaque em sua vida pública, evidenciando a importância dos laços e do apoio nas fases difíceis do tratamento da doença.
- Música:
- Sua carreira musical começou em 2003, com o álbum “Pret-à-Porter”, que já demonstrava sua ousadia ao trazer uma capa polêmica onde posava nua.
- Ao longo dos anos, lançou diversos álbuns e hits que se tornaram populares, como “Sinais de Fogo”, “Só o Amor”, “Decote” e “Stereo”.
- Incorporou em suas músicas elementos da cultura baiana e do pop, sempre com letras que abordavam temas como autoestima, aceitação e empoderamento.
- Fundou o Bloco da Preta em 2009, um dos maiores e mais populares blocos de Carnaval do Rio de Janeiro, que arrastava multidões e se tornou um símbolo de liberdade e diversidade na folia.
- Atuação e Apresentação:
- Além da música, Preta Gil se destacou como atriz em novelas (“Agora é que São Elas”, “Caminho das Índias”, “Cheias de Charme”), séries (“Ó Paí Ó”, “As Cariocas”, “Vai que Cola”) e filmes (“Billi Pig”).
- Foi apresentadora de programas de televisão como “Caixa Preta” e “Vai e Vem”, e mentora no “The Voice Brasil”, sempre com seu estilo carismático e descontraído.
- Ativismo e Representatividade:
- Preta Gil foi uma voz ativa na luta por diversidade, inclusão e combate ao preconceito.
- Abraçou abertamente sua identidade como mulher preta, gorda e bissexual, usando sua plataforma para levantar discussões sobre racismo, gordofobia, machismo e direitos LGBTQIA+.
- Sua autenticidade e coragem em abordar esses temas a tornaram uma referência para movimentos sociais e uma inspiração para muitas pessoas que não se viam representadas nos padrões convencionais.
- Transformou seu corpo em manifesto e sua própria vida em um espelho para outras mulheres, especialmente as que desafiam os padrões impostos pela sociedade.
- Empreendedorismo e Marketing de Influência:
- Em 2017, co-fundou a Mynd, uma agência de marketing de influência e entretenimento que se tornou referência no mercado.
- A Mynd se destacou por promover a diversidade e a inclusão em suas campanhas, conectando artistas diversos a grandes marcas e impulsionando projetos com forte impacto social.
- Resiliência e Superação:
- Durante seu tratamento contra o câncer, Preta Gil compartilhou abertamente sua jornada com o público, demonstrando uma força e otimismo inspiradores.
- Sua transparência sobre a doença e sua luta serviram de exemplo de resiliência e de como enfrentar adversidades com coragem e fé.
Como Preta Gil lidou com o câncer colorretal?
O câncer colorretal, que impactou profundamente a vida de Preta Gil, exigiu dela força e transparência na maneira de enfrentar a enfermidade. Em 2023, após o diagnóstico, passou por uma cirurgia de 14 horas para extirpar o tumor e realizar histerectomia total abdominal. Em seguida, enfrentou a necessidade de amputação do reto, uma decisão médica revelada apenas em 2024. Apesar das complicações, que incluíram um grave choque séptico, Preta se demonstrou resiliente, mantendo comunicação aberta com o público sobre exames, internações e cada etapa da recuperação.
- Compartilhamento da rotina de exames e tratamentos em redes sociais
- Superação de desafios como infecções e cirurgias de grande porte
- Permanente busca por tratamentos inovadores nos Estados Unidos
Qual o legado da cantora?
preta gil é um exemplo de generosidade, coragem e amor pela vida. impossível não ser contagiada pela energia que essa potência de mulher emana. obrigada minha amiga por todos os seus ensinamentos. isso é pra sempre. você é pra sempre! te amo. ❤️ pic.twitter.com/YMkqMtBVDI
— DUDA BEAT (@dudabeat) July 20, 2025
O impacto de Preta Gil vai além da música e da arte. Seu legado está igualmente atrelado à luta por direitos humanos, igualdade racial, respeito à diversidade e autoaceitação. Ao longo de sua vida, a cantora inspirou fãs e seguidores, não só por seu posicionamento público em pautas importantes, mas também pela forma franca com que tratou questões de saúde e familiares. Em meio à luta contra a doença, expôs vivências pessoais delicadas, como o término do casamento após uma traição, sempre mantendo o compromisso com a verdade e a transparência.
A trajetória de Preta Gil demonstra o poder da representatividade e do acolhimento. Sua atuação marcou movimentos sociais, pautas de liberdade corporal e discussões sobre a saúde da mulher, tornando-se referência para muitas pessoas no Brasil. O acompanhamento público de seus tratamentos reforçou o diálogo sobre doenças graves e a importância da prevenção.
A confirmação do falecimento da artista gerou grande repercussão entre familiares, colegas do meio artístico e fãs. Apesar do sofrimento, a família de Preta Gil preferiu aguardar o momento adequado para prestar uma homenagem oficial, enquanto manifestações de carinho e respeito se multiplicaram nas redes sociais e na mídia. A notícia causou comoção sobretudo pelo papel fundamental de Preta na promoção de debates necessários para a sociedade brasileira e por sua trajetória marcada por coragem diante das adversidades.