O repórter Arnaldo Duran, de 67 anos, foi demitido entre o Natal e o Réveillon de 2023 e agora está movendo uma ação judicial contra a Record. Ele alega ter sido vítima de capacitismo por parte da emissora de Edir Macedo e busca ser reintegrado como funcionário.
Caso não seja possível seu retorno à televisão, Duran pede que a emissora, que foi sua antiga empregadora, seja condenada por danos morais. O jornalista está solicitando um total de R$ 3 milhões.
Segundo informações de F5/Folha, o processo foi ajuizado na 89ª Vara do Trabalho de São Paulo e os advogados de Duran argumentam que a emissora explorou sua doença rara em reportagens e programas de entretenimento. Em 2016, Arnaldo Duran foi diagnosticado com ataxia espinocerebelar do tipo 3, uma doença degenerativa do sistema nervoso também conhecida como síndrome de Machado-Joseph ou “doença do tropeção”. Os sintomas incluem falta de coordenação de movimentos musculares voluntários e perda de equilíbrio.
Em entrevistas, Duran relatou que quase perdeu a fala devido à doença, mas conseguiu recuperá-la com tratamento e orações. Ele compartilhou seu depoimento em participações em atrações produzidas pela Igreja Universal do Reino de Deus.
O jornalista está buscando R$ 400 mil em danos morais e o restante do valor está relacionado a questões trabalhistas, incluindo o desligamento considerado irregular por seus advogados, já que ele estava em meio ao tratamento.
A ação também requer que a Record ofereça um treinamento de readaptação para que Duran possa retornar ao mercado de trabalho, considerando os problemas de locomoção causados por sua condição e sua idade avançada. A defesa do jornalista argumenta que a emissora cometeu capacitismo ao dispensá-lo.
Advogados usam um elemento para sustentar esse ponto: Duran nunca aparecia no ar de muletas desde que foi diagnosticado com a doença. A defesa argumenta que, ao esconder o uso dos equipamentos ortopédicos do repórter, a ré (Record) pratica o preconceito do capacitismo. Esse preconceito presume que portadores de deficiência têm mais dificuldade (ou são incapazes) de realizar os mesmos trabalhos que pessoas sem deficiência.”
O caso ainda não tem data para julgamento. A Justiça agendou uma audiência de conciliação para 19 de junho, na qual um possível acordo será discutido.
Os advogados de Arnaldo Duran confirmaram a ação quando procurados pelo F5, mas não forneceram mais detalhes. O jornalista não respondeu às tentativas de contato feitas pelo F5. A Record também foi contatada, mas não respondeu até a última atualização deste texto.
Arnaldo Duran, veterano da televisão, possui uma vasta carreira. Ele teve passagens pela Globo e pela extinta Rede Manchete (1983-1999). Além disso, Duran trabalhou no SBT, onde fez parte da equipe do programa “Aqui Agora” nos anos 1990.