O anúncio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a proposta de isenção do Imposto de Renda (IR) para os brasileiros que recebem até R$ 5.000 mensais trouxe à tona um debate significativo sobre justiça tributária e equidade social. De acordo com Haddad nesta terça-feira (14/10), este movimento poderá trazer um ganho médio de R$ 3.500 por ano para os trabalhadores beneficiados, representando uma mudança impactante para muitas famílias brasileiras.
Embora Haddad não tenha detalhado os cálculos que levam a essa projeção de ganho médio, ele ilustrou que, para uma professora, essa isenção poderia significar quase a adição de um 14º salário anual, a partir de janeiro de 2026. A medida, já aprovada na Câmara dos Deputados com um expressivo apoio de 457 votos a favor, está atualmente sob apreciação do Senado, aguardando uma decisão que poderá beneficiar cerca de 25 milhões de brasileiros.
Como a isenção do IR pode impactar a economia brasileira?
“Ele vai ter um 14° salário”. Ministro Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) conta que o fundamento do projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda é buscar justiça social.#SemCensura40anos pic.twitter.com/VcV2iuyqR3
— TV Brasil (@TVBrasil) April 16, 2025
A proposta de isenção do IR para salários até R$ 5.000 mensais é vista não apenas como uma política de alívio financeiro direto para trabalhadores, mas também como um impulso à economia nacional. Ao aliviar a carga tributária sobre a classe trabalhadora, espera-se um aumento na capacidade de consumo, contribuindo para dinamizar mercados internos. Esse tipo de medida tem o potencial de aquecer a economia ao injetar mais dinheiro nas mãos das pessoas que tendem a gastá-lo em bens e serviços.
Além disso, é importante notar que a proposta não afeta programas sociais, como esclareceu Robinson Barreirinhas, secretário da Receita Federal. A abordagem busca equilibrar a equidade fiscal sem sacrificar o apoio vital para os mais vulneráveis, dirigindo a carga tributária para aqueles que são considerados financeiramente privilegiados. Este método pretende criar um sistema tributário mais justo e, ao mesmo tempo, inclusivo.
“Nós fizemos as contas. Um trabalhador que ganha na faixa de R$ 4 mil a R$ 5 mil, isso vai significar quase um 14º salário. Essa é a economia que a pessoa vai ter ao longo de 12 meses, uma economia de quase um salário mensal. Isso é muito importante para uma família”, afirmou o ministro Fernando Haddad em evento na cidade de Sorocaba (SP). Dessa forma, segundo o próprio ministro, quem tem uma faixa salarial de R$ 5 mil conseguiria ter um ganho anual em torno de R$ 3.500.
Quais os desafios dessa proposta?

Apesar do apoio popular e político, a iniciativa enfrenta desafios significativos, especialmente em sua operacionalização. A implementação eficaz de uma nova faixa de isenção requer ajustes na máquina fiscal do país. Isso inclui garantir que as autarquias estejam preparadas para lidar com possíveis alterações nas receitas e prever medidas de compensação para evitar desvios significativos no orçamento nacional.
Ademais, há preocupações sobre como isso impactaria os que ganham ligeiramente acima do teto de isenção, especialmente considerando que a proposta também sugere descontos para aqueles que recebem entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350. É crucial que a transição seja feita de forma a não penalizar inadvertidamente as classes médias emergentes, ao mesmo tempo que haja uma clara comunicação sobre os benefícios fiscais oferecidos.
- Redução da arrecadação federal: A isenção pode gerar uma queda significativa na arrecadação do governo, impactando o orçamento destinado a saúde, educação e programas sociais.
- Possível aumento da desigualdade fiscal: Sem ajustes em outras faixas de tributação, a isenção pode favorecer mais aqueles que já têm rendimentos mais altos dentro do limite, beneficiando menos os realmente de baixa renda.
- Complexidade na definição do limite: Determinar com precisão quem se enquadra na faixa de até R$ 5.000 mensais pode gerar burocracia e potenciais questionamentos sobre inclusão ou exclusão de determinados rendimentos.
- Impacto sobre a progressividade do IR: A medida pode reduzir a efetividade do imposto progressivo, que busca tributar mais quem ganha mais, comprometendo a justiça fiscal do sistema.
- Necessidade de compensações orçamentárias: Para manter o equilíbrio fiscal, o governo pode precisar cortar gastos ou aumentar tributos em outras áreas, o que pode gerar resistência política e social.
- Risco de distorções econômicas: A isenção pode influenciar decisões de renda, salário e investimentos, alterando o comportamento de empresas e trabalhadores de forma inesperada.
Quais os benefícios para os trabalhadores?
O maior impacto positivo da proposta sem dúvida recairá sobre os trabalhadores que estão na faixa salarial isenta. Segundo estimativas do governo, aproximadamente 25 milhões de pessoas serão direta e indiretamente beneficiadas pela redução ou eliminação de sua obrigação tributária, proporcionando-lhes uma maior liberdade financeira.
Esta redistribuição fiscal também pretende impactar positivamente a percepção pública sobre o governo, evidenciando um compromisso com promessas eleitorais já antigas e restaurando a confiança na gestão pública. Com efeito, a medida busca reassegurar as camadas sociais mais baixas de que o Estado pode ser um aliado em suas lutas e aspirações econômicas.

FAQ sobre isenção para trabalhadores
- Quais são os critérios para a isenção do IR? Todos os brasileiros que possuem uma renda mensal de até R$ 5.000 serão elegíveis para a isenção do IR. Para aqueles que ganham entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350, a proposta oferece descontos específicos.
- Como a nova regra do IR afetará aqueles que já são isentos? Pessoas que já estão isentas do pagamento do Imposto de Renda não serão impactadas diretamente pela nova regra, mas poderão observar mudanças positivas nos setores econômicos à medida que mais indivíduos passam a ter poder aquisitivo.
- Esta mudança no IR pode afetar os cortes em programas sociais? Conforme afirmado pelo secretário da Receita Federal, a nova isenção não será financiada por cortes em programas sociais, garantindo, assim, a manutenção do suporte aos mais necessitados.