Nesta terça-feira (2/9), o jornalismo brasileiro sofreu uma grande perda com a morte de Mino Carta, aos 91 anos. Fundador de importantes revistas no Brasil, como Quatro Rodas, Veja, IstoÉ e a Carta Capital, Mino estava há um ano lidando com sérios problemas de saúde. Seus últimos dias foram vividos em São Paulo, no hospital Sírio-Libanês, onde permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva por duas semanas até seu falecimento.
A confirmação de seu falecimento veio através da própria Carta Capital, revista que Mino criou e liderou. Em sua homenagem, a revista destacou a fidelidade inabalável de Mino ao ideal de que o jornalismo deve servir à verdade e ser um constante vigia do poder. Sempre avesso às mudanças tecnológicas, Mino manteve sua emblemática máquina de escrever Olivetti, um símbolo de seu compromisso com a tradição e a autenticidade no jornalismo.
Quem foi Mino Carta?

Nascido em Gênova, na Itália, Mino Carta veio de uma família de jornalistas perseguidos pelo regime fascista, o que os levou a buscar refúgio no Brasil após a Segunda Guerra Mundial. Foi no novo lar que Mino descobriu sua vocação pela escrita, começando sua carreira ainda na adolescência. Com uma aguçada capacidade de interpretar o Brasil e suas complexas dinâmicas de poder, Mino fez de sua profissão uma ferramenta de análise crítica e social, sempre com um olhar atento às injustiças e desigualdades.
Ao longo de sua carreira, o jornalista se destacou na criação e fundação de algumas das mais influentes publicações do Brasil. Suas ideias e convicções ajudaram a moldar o jornalismo investigativo e crítico no país, sempre buscando desafiar o pensamento único e fiscalizar as elites brasileiras.
- Fundador de veículos de destaque: Ele fundou e dirigiu algumas das revistas de maior impacto no Brasil, como a Quatro Rodas, a Veja (junto com Victor Civita), a IstoÉ e a revista CartaCapital, que ele comandou por décadas.
- Estilo de jornalismo: Mino Carta é conhecido por seu jornalismo crítico e de profundidade. Ele sempre defendeu uma imprensa com posição editorial clara, que investigasse a fundo os fatos e não se limitasse a noticiar o superficial. Sua visão era a de que o jornalismo deve ser um instrumento de crítica social e política, e não apenas um negócio.
- Trajetória e influência: Começou sua carreira nos anos 50 e presenciou e cobriu momentos cruciais da história do Brasil, como a ditadura militar. Seu trabalho, marcado pela defesa da democracia e de uma visão progressista, influenciou gerações de jornalistas.
Quais as contribuições literárias de Mino Carta?

Além de suas contribuições no campo do jornalismo, o jornalista também se aventurou na literatura. Ele escreveu romances como “Castelo de Âmbar”, “A Sombra do Silêncio” e “A Vida de Mat”, obras que mostravam sua capacidade de transitar entre diferentes formas de narrativa, revelando suas complexas visões sobre a vida e a sociedade. Seu estilo literário foi aclamado pela crítica, consolidando sua reputação não apenas como jornalista, mas também como um talentoso escritor.
A Carta Capital, um dos maiores legados de Mino, foi fundada em 1994 com um olhar aguçado para os fatos, uma forte fiscalização do poder e um espírito crítico indomável. Após 31 anos de sua fundação, a revista se mantém como uma referência no jornalismo brasileiro, trazendo à tona questões sociais, políticas e econômicas com uma abordagem única e analítica. Mino Carta sempre destacou que a missão da Carta Capital era servir como uma plataforma para o jornalismo independente e crítico.
Qual é o legado do jornalista?
Mino Carta deixa um legado incalculável para o jornalismo brasileiro e internacional. Além de suas publicações pioneiras, ele inspirou uma geração inteira de jornalistas a questionar, investigar e desafiar as narrativas predominantes. Sua paixão pela verdade, sua capacidade de fiscalizar o poder e sua aversão à complacência com o status quo são pontos que continuarão a influenciar o cenário jornalístico pelas próximas décadas.
O falecimento de Mino Carta marca o fim de uma era, mas suas contribuições ao campo do jornalismo e da literatura garantem que ele será lembrado por muitos anos. Ao longo de sua vida, ele nunca se afastou de suas crenças e dedicou sua carreira a criar um mundo mais informado e consciente, aspectos esses que continuarão a ressoar através de suas obras e das instituições que ele ajudou a construir.
Morreu nesta terça (2), aos 91 anos, Mino Carta, fundador da "CartaCapital" e um dos jornalistas mais influentes do país. Criador de veículos como "Quatro Rodas", "Veja" e "IstoÉ", fez do jornalismo crítica às elites e defesa da verdade. A TV Brasil presta condolências. pic.twitter.com/HCfh6Creop
— TV Brasil (@TVBrasil) September 2, 2025
FAQ sobre Mino Carta
- Qual foi a motivação principal de Mino Carta na fundação da Carta Capital? A principal motivação de Mino Carta foi criar uma publicação que se mantivesse fiel aos fatos, com uma abordagem crítica e vigilante em relação ao poder, evitando o pensamento único.
- Como Mino Carta influenciou o jornalismo brasileiro? O jornalista influenciou o jornalismo brasileiro ao fundar revistas impactantes e ao insistir em um formato de jornalismo investigativo e independente, que busca sempre trazer a verdade à tona e questionar o estabelecido.
- Mino Carta era apenas jornalista ou também atuou em outras áreas? Além de ser um renomado jornalista, ele também se dedicou à literatura, escrevendo romances que refletiam sua visão aguçada sobre a sociedade e suas complexas dinâmicas.