Na tarde desta quinta-feira (10/7), o ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, se reuniram para um almoço em uma churrascaria localizada em Vicente Pires, no Distrito Federal. O encontro, divulgado nas redes sociais de Bolsonaro, chama atenção por acontecer no momento em que o cenário político brasileiro está intensamente pautado por questões econômicas e judiciais envolvendo importantes figuras nacionais.
A conversa entre as lideranças ocorre logo após o anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que determinou uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras para o território norte-americano. A decisão tem impactos diretos sobre a balança comercial do Brasil e gera repercussões tanto no meio empresarial quanto junto aos agentes políticos, exigindo novas articulações e estratégias do governo brasileiro.
Como foi o encontro entre Bolsonaro e Tarcísio?
– Jair Bolsonaro.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) July 10, 2025
– Gov SP @tarcisiogdf .
– Brasília/DF, 10/Jul 14h Quinta-feira. pic.twitter.com/CuPgQZCAcA
O almoço reuniu dois nomes de peso na política nacional e serviu de marco político para ambos, especialmente para Bolsonaro, que esteve afastado de agendas públicas após decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). O governador Tarcísio de Freitas, por sua vez, reafirmou publicamente acreditar na absolvição do ex-presidente referente ao julgamento no STF sobre suposta tentativa de golpe de Estado. Esse posicionamento reforça alinhamento político entre ambos e mantém o debate sobre o futuro de suas carreiras dentro do cenário de 2025.
O contexto do encontro evidencia a busca por apoio mútuo diante das adversidades judiciais e das pressões vindas do exterior, especialmente após críticas feitas pelo presidente norte-americano Donald Trump ao tratamento concedido a Bolsonaro por parte das instituições brasileiras. Esse diálogo fortalece laços dentro do campo conservador e movimenta os bastidores da política em Brasília, alimentando discussões sobre alianças em níveis federal e estadual.
Como as tarifas anunciadas impactam o Brasil?
O anúncio da elevação das tarifas estampou manchetes em todo o país. Medidas como a taxa de 50% sobre produtos do Brasil exigem resposta rápida de gestores e empresários, dada a relevância do fluxo comercial com os Estados Unidos. Setores como agricultura, indústria e tecnologia podem ser significativamente atingidos pela decisão, enquanto o governo federal se vê diante de um novo desafio para manter a competitividade dos produtos nacionais em solo americano.
1. Dificuldade para Exportadores Brasileiros
- Inviabilidade de Produtos: A elevação da tarifa de 10% para 50% torna muitos produtos brasileiros inviáveis no mercado americano. Setores como carnes, suco de laranja, café, ferro e aço, que são grandes exportadores para os EUA, serão fortemente atingidos.
- Perda de Competitividade: Empresas brasileiras terão dificuldade em competir com produtos de outros países que não estão sujeitos a essas tarifas elevadas.
- Redução de Receita e Investimentos: Com a diminuição das exportações para os EUA, as empresas brasileiras podem enfrentar queda na receita, o que, por sua vez, pode levar à redução de investimentos e até mesmo ao fechamento de postos de trabalho.
2. Impacto na Economia Brasileira
- Revisão do PIB: Economistas e entidades do setor produtivo já indicam que a medida pode levar a revisões “baixistas” para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2025.
- Desvalorização do Real: No dia do anúncio, o real brasileiro já registrou uma queda de mais de 2% em relação ao dólar, e essa pressão cambial pode persistir.
- Imagem Negativa: A imposição de uma tarifa tão alta e aparentemente política pode transmitir uma imagem negativa do Brasil para outros parceiros comerciais, gerando incerteza e dificultando novos negócios.
3. Setores Mais Afetados
- Agropecuária: Produtos como café (cerca de um terço do café importado pelos EUA vem do Brasil) e suco de laranja (quase metade do suco de laranja dos EUA vem do Brasil) serão diretamente impactados, podendo afetar inclusive o café da manhã dos consumidores americanos. A carne bovina também é uma exportação significativa para os EUA e será afetada.
- Siderurgia e Mineração: Empresas como a Vale e a Gerdau, grandes exportadoras de ferro e aço para os EUA, terão seus custos de exportação aumentados em 50%.
- Manufaturados: O comércio de manufaturados com os EUA pode se tornar praticamente inviável, levando empresas a suspenderem vendas ou buscarem novos mercados.
Qual é o papel das relações políticas nesse cenário?

O momento traz à tona a importância dos laços entre lideranças políticas nacionais e internacionais. Não apenas decisões judiciais internas, mas também movimentações externas, como a carta de Donald Trump endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, influenciam diretamente o cotidiano econômico e social do Brasil. Trump classificou como “vergonhosa” a condução de processos judiciais envolvendo Bolsonaro, ampliando a pressão sobre o governo brasileiro e sobre o STF.
A dinâmica evidenciada neste contexto reforça que movimentações em redes sociais, declarações públicas e encontros, como o entre Bolsonaro e Tarcísio, são fatores estratégicos para articular respostas rápidas a medidas estrangeiras e buscar respaldo da base eleitoral. O uso de referências bíblicas, como o versículo compartilhado por Bolsonaro, também serve como elemento simbólico para fortalecer apoio entre segmentos específicos da sociedade.
Quais os próximos passos?
Diante do novo cenário internacional, com a aplicação de tarifas de 50% sobre exportações, o Brasil se vê diante de algumas alternativas para mitigar impactos negativos. Entre elas, destacam-se:
- Negociação com os Estados Unidos: Buscar diálogo direto para revisão ou adequação das taxas impostas.
- Ampliação de mercados: Intensificar acordos bilaterais com outros países para diversificar destinos das exportações.
- Incentivo à inovação: Valorizar tecnologia e qualidade para ganhar diferencial competitivo nos principais mercados mundiais.
- Promoção interna: Estimular o consumo doméstico de itens afetados pelas restrições externas.
Essas alternativas exigem esforço conjunto entre iniciativa privada e poderes Executivo e Legislativo. Ações diplomáticas passam a ser fundamentais para suavizar o impacto das medidas, ao mesmo tempo em que há necessidade de cautela em relação ao ambiente político e à evolução dos processos jurídicos de figuras de destaque.