O resgate do corpo de Juliana Marins, brasileira de 24 anos, chamou atenção nas redes sociais esse final de semana, após a divulgação de imagens que mostraram os bastidores da operação no Monte Rinjani, na Indonésia. A jovem, que viajava pela Ásia desde fevereiro, sofreu um acidente durante uma trilha e caiu em um penhasco, o que desencadeou uma complexa mobilização de voluntários e equipes de salvamento.
O acidente ocorreu na sexta-feira (20/6), quando a brasileira escorregou e despencou cerca de 300 metros abaixo da trilha. O local do incidente, caracterizado por terreno íngreme e condições climáticas instáveis, dificultou o acesso dos socorristas. Turistas que presenciaram a queda utilizaram redes sociais para alertar familiares e compartilhar a localização exata, além de imagens e vídeos capturados por drones.
Como foi realizada a operação de resgate da brasileira?
Após a constatação do óbito de Juliana Marins, as equipes de resgate enfrentaram desafios consideráveis para remover o corpo da brasileira. Agam Rinjani, um dos voluntários envolvidos, compartilhou detalhes do processo, evidenciando a necessidade de improvisação e coragem diante das adversidades. O grupo precisou montar um acampamento vertical em uma área de difícil acesso, permanecendo a poucos metros do corpo durante a noite, até que fosse possível iniciar a remoção.
O procedimento envolveu a utilização de cordas e equipamentos de escalada para içar a brasileira Juliana até o topo da montanha. A operação foi marcada por riscos constantes, como a baixa visibilidade e o solo instável, fatores que exigiram preparo físico e psicológico dos voluntários. O resgate só foi concluído quatro dias após o acidente, evidenciando a complexidade do terreno e das condições climáticas.
Quais os principais riscos para trilheiros no Monte Rinjani?
O Monte Rinjani, conhecido por sua beleza natural e trilhas desafiadoras, também apresenta um histórico de acidentes. Desde 2020, foram registradas oito mortes e cerca de 180 ocorrências envolvendo turistas. Entre as causas mais frequentes estão o descumprimento de normas básicas de segurança, a falta de sinalização adequada e a precariedade dos equipamentos disponíveis para os visitantes.
1. Terreno íngreme e escorregadio
As trilhas são conhecidas por serem muito íngremes e desafiadoras, com muitas seções de areia solta e pedras escorregadias. Isso aumenta drasticamente o risco de quedas e torções, que são a maioria dos acidentes registrados. Alguns caminhos são muito estreitos, com penhascos em ambos os lados, o que torna a descida ainda mais perigosa, especialmente no escuro.
2. Condições climáticas imprevisíveis
O clima no Rinjani pode mudar rapidamente. Dias quentes podem se transformar em noites geladas, e tempestades severas com ventos fortes e raios podem surgir de repente. A neblina densa também é comum, reduzindo drasticamente a visibilidade e dificultando a navegação, especialmente em áreas de penhasco. A exposição ao frio e à umidade (hipotermia) é um risco real.
3. Despreparo físico e falta de aclimatação
A trilha é fisicamente exigente, com longas horas de caminhada em terreno irregular e subidas íngremes. É fundamental ter um bom nível de preparo físico, incluindo resistência cardiovascular e força nas pernas. Além disso, a altitude, embora não tão extrema quanto em picos muito mais altos, pode causar sintomas leves de mal da altitude em algumas pessoas, como dor de cabeça e náuseas.
4. Vulcão ativo e desastres naturais
O Rinjani é um vulcão ativo e está localizado em uma área propensa a desastres naturais, incluindo:
- Atividade vulcânica: Embora as erupções menores do Barujari (o “filho” do Rinjani) geralmente fiquem contidas na cratera, as autoridades monitoram constantemente a atividade vulcânica.
- Terremotos: A região é sismicamente ativa, e terremotos podem causar deslizamentos de terra e fechar trilhas.
- Deslizamentos de terra: As chuvas intensas ou terremotos podem provocar deslizamentos, tornando as trilhas intransitáveis e perigosas.
5. Falta de infraestrutura de resgate
A localização remota e o terreno difícil do Monte Rinjani dificultam as operações de resgate. A cobertura de celular é irregular na montanha, o que pode dificultar a comunicação em caso de emergência. É essencial ter um bom seguro de viagem que cubra emergências relacionadas a trilhas, incluindo evacuação por helicóptero, se necessário.
6. Desrespeito às normas de segurança e trilhas demarcadas
Muitos acidentes ocorrem porque os trilheiros desrespeitam as normas de segurança, saem das trilhas demarcadas ou subestimam os riscos. É obrigatório ter um guia local no Monte Rinjani, e seguir suas instruções é crucial para a segurança.
O que dizem os relatos de outros turistas sobre a segurança no local?

Relatos de viajantes que visitaram o Monte Rinjani apontam para a necessidade de melhorias na infraestrutura de segurança. Um brasileiro que desistiu de escalar o vulcão destacou a lentidão no atendimento a emergências e a falta de equipamentos apropriados. A ausência de sinalização eficiente e de equipes de resgate bem treinadas são fatores frequentemente mencionados por quem percorre as trilhas da região.
Além disso, a dependência de voluntários para operações de resgate, como ocorreu no caso de Juliana Marins, evidencia a importância de um sistema de resposta mais estruturado. O uso de tecnologia, como drones para localização de vítimas, tem sido fundamental, mas ainda não supre as deficiências de suporte no local.
Como evitar acidentes em trilhas de alta montanha?
Para reduzir os riscos em trilhas como as do Monte Rinjani, especialistas recomendam algumas medidas essenciais:
- Planejar o percurso com antecedência, conhecendo as características do terreno e as condições climáticas.
- Utilizar equipamentos de segurança, como capacetes, cordas e calçados apropriados.
- Respeitar os limites físicos e não subestimar a dificuldade das trilhas.
- Evitar trilhar sozinho e sempre informar alguém sobre o trajeto e o horário previsto de retorno.
- Atentar-se à sinalização e buscar informações atualizadas sobre a situação das trilhas.
O caso de Juliana Marins reforça a importância da preparação e da atenção às condições de segurança em ambientes naturais de risco. A experiência das equipes de resgate e os relatos de turistas mostram que, além da beleza, o Monte Rinjani exige respeito e cautela de todos que o visitam.