O Tribunal de Justiça de São Paulo aceitou uma queixa-crime contra o comentarista João Paulo Cappellanes, da Band, movida por Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O caso foi divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo nesta terça-feira (8/4) e envolve acusações de calúnia, injúria e difamação. A decisão foi tomada pela juíza Aparecida Angélica Correia, da 1ª Vara Criminal.
O incidente teve início após declarações de Cappellanes no programa Jogo Aberto, da Band, em 22 de fevereiro de 2025. Durante o programa, o comentarista criticou a liderança de Rodrigues em relação a um episódio envolvendo o ônibus do Fortaleza, que foi apedrejado por torcedores do Sport, resultando em feridos. Cappellanes utilizou o termo “frouxo” para descrever Rodrigues, o que foi considerado ofensivo pelo presidente da CBF.
Como o jornalista reagiu?
João Paulo Cappellanes tem um prazo de dez dias para apresentar sua defesa formal. Em suas redes sociais, ele reafirmou suas declarações, lamentando se Ednaldo Rodrigues ficou chateado, mas sem retirar o que disse. Cappellanes alega que suas críticas são parte de seu trabalho como jornalista em um país democrático e que não se arrepende de suas palavras.
“Presidente Ednaldo, se o senhor ficou chateado, eu lamento”, afirmou Cappellanes. “Eu não retiro nada do que eu disse. E o senhor sabe o motivo. Ou o senhor esqueceu que nos deu a sua palavra, do que prometeu para nós, e não cumpriu?”
Segundo Cappellanes, ele não aceitou a tentativa de conciliação proposta em setembro e acredita que o processo é uma tentativa de intimidação. Ele se posiciona como um dos jornalistas mais críticos à CBF no Brasil e vê a ação judicial como uma forma de silenciá-lo.
Como a CBF respondeu às críticas?
A Confederação Brasileira de Futebol, sob a liderança de Ednaldo Rodrigues, não se pronunciou publicamente sobre as críticas específicas de Cappellanes, mas a ação judicial indica que consideram as declarações do comentarista como prejudiciais à imagem da entidade e de seu presidente.
O caso levanta questões sobre a liberdade de expressão e os limites das críticas públicas a figuras de liderança em instituições esportivas. A tentativa de conciliação sem sucesso demonstra a tensão entre a CBF e jornalistas críticos.
Qual é o impacto deste caso no jornalismo esportivo?

Este caso pode ter implicações significativas para o jornalismo esportivo no Brasil, especialmente no que diz respeito à liberdade de expressão e ao direito de criticar figuras públicas. A ação judicial contra Cappellanes pode ser vista como um precedente para outros casos semelhantes, onde jornalistas enfrentam processos legais por suas opiniões.
“Sinto que, por ser um dos jornalistas que mais criticam a CBF no Brasil, viram a oportunidade de me processar em cima dessa crítica que fiz, como uma forma de assustar”, disse Cappellanes. “Um ‘cala boca’. Não vão conseguir. E jamais vou me calar para aquilo que entendo ser errado. E, sinceramente, tem muita coisa errada na CBF. A começar pelo próprio Ednaldo e da forma péssima que conduz o seu trabalho como dirigente.”, completou.
O desenrolar deste caso será acompanhado de perto por profissionais da mídia e pelo público, já que pode influenciar a forma como as críticas são feitas e recebidas no cenário esportivo brasileiro. A decisão final pode definir novos parâmetros para o que é considerado aceitável no discurso crítico dentro do jornalismo esportivo.