Um ex-mecânico da Voepass revelou ao Fantástico, neste domingo (16/3), que a companhia aérea, que teve suas operações suspensas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) por questões de segurança na última terça-feira (11/3), realizava diversas irregularidades na manutenção de suas aeronaves.
Entre os casos apontados, está o do avião do voo 2283, que ganhou notoriedade após a tragédia aérea ocorrida em 9 de agosto de 2024, quando a aeronave caiu em Vinhedo (SP), resultando na morte das 62 pessoas a bordo.
Como o ex-mecânico relatou a situação?
Um mecânico da Voepass revelou à TV Globo que problemas de manutenção eram frequentes nos aviões da companhia, incluindo a aeronave que caiu em agosto do ano passado no interior paulista, resultando na morte de 62 pessoas. Ele explicou que aviões parados no aeroporto de Ribeirão… pic.twitter.com/xvbGq3c4TI
— GloboNews (@GloboNews) March 17, 2025
O ex-funcionário relatou que a Voepass não fornecia o suporte necessário para a manutenção adequada das aeronaves. Ele mencionou que, em alguns casos, peças de aviões fora de operação eram usadas em outras aeronaves, prática que, embora comum, era realizada de forma irregular. Além disso, ele acusou a empresa de esconder aviões da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) durante inspeções, cobrindo-os para evitar detecção.
Essas práticas levantaram preocupações sobre a segurança dos voos operados pela Voepass. A alegação de que a empresa estava ciente dos problemas, mas optou por ignorá-los, sugere uma falha grave nos protocolos de segurança e uma possível negligência em relação à vida dos passageiros e tripulantes.
Como as famílias das vítimas reagiram ao acidente?
Após o acidente de agosto de 2024, as famílias das vítimas se uniram para formar uma associação com o objetivo de acompanhar as investigações e buscar justiça. Maria de Fátima, mãe de uma das vítimas, expressou sua indignação, classificando o acidente como uma “tragédia anunciada” e um “crime premeditado”. A associação busca respostas e responsabilização, destacando que as aeronaves não estavam em condições de voar.
O sentimento de revolta entre os familiares é alimentado pela percepção de que o acidente poderia ter sido evitado. Eles exigem que as autoridades investiguem a fundo as práticas da Voepass e tomem medidas para evitar que tragédias semelhantes ocorram no futuro.
Qual é a posição da Voepass sobre as acusações?

Em resposta às denúncias, a Voepass afirmou que a segurança sempre foi sua prioridade máxima ao longo de seus 30 anos de operação. A empresa destacou que o relatório preliminar do Cenipa confirmou que a aeronave envolvida no acidente estava com certificação válida e todos os sistemas em funcionamento. Além disso, a Voepass defendeu a prática de reutilização de componentes entre aviões, desde que haja certificação e rastreabilidade adequadas.
A companhia contestou as acusações de irregularidades, afirmando que segue todos os protocolos regulatórios e nunca burlou fiscalizações. A Voepass expressou seu desejo de retomar as operações o mais rápido possível, buscando restaurar a confiança do público em suas operações.
O que o futuro reserva para a Voepass?
O futuro da Voepass depende de como a empresa abordará as questões de segurança e manutenção levantadas pelas denúncias. A confiança do público e das autoridades reguladoras é crucial para a retomada das operações. A companhia precisa demonstrar um compromisso renovado com a segurança e a transparência para reconquistar a confiança dos passageiros e garantir que tragédias como a de 2024 não se repitam.
As investigações em andamento e a pressão das famílias das vítimas são fatores que podem influenciar as mudanças na gestão e nas práticas operacionais da Voepass. A empresa enfrenta o desafio de provar que pode operar de forma segura e responsável, cumprindo todas as normas de segurança da aviação.