Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados
Nas redes sociais, a deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), associou no último domingo (16) um surto de casos de sarna humana em Santa Catarina ao uso indiscriminado de ivermectina durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A petista ainda responsabilizou o ex-presidente Jair Bolsonaro pelo cenário, chamando-o de “o inelegível”: “Um surto de sarna em Santa Catarina pode estar relacionado ao uso indiscriminado de ivermectina, assim como ordenou o inelegível durante a pandemia, sem nenhuma evidência científica. Ele, o maior propagador de fake news”.
Os casos mencionados por Gleisi foram reportados em Balneário Camboriú. De acordo com informações da prefeitura local, desde 6 de junho, quando o primeiro caso foi identificado em uma creche da região, foram registradas 43 notificações da doença na área. Como medida preventiva, duas unidades de ensino infantil foram temporariamente fechadas devido à propagação da infecção entre os alunos. A previsão é de que as atividades sejam retomadas na próxima segunda-feira (24).
Um artigo publicado em 2021 pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) revisa uma série de estudos que trata da aplicação excessiva da ivermectina, comumente usada para o tratamento de doenças parasitárias, e suas consequências. Com o título “Aumento do consumo de ivermectina no Brasil e o risco de surtos de escabiose”, a pesquisa da Ufal conclui que o uso indiscriminado da medicação “pode levar” a surtos de escabiose entre a população brasileira, sem estabelecer uma correlação necessária.
Porém, de acordo com o infectologista Artur Brito, não é possível concluir que existe uma relação direta entre os casos de sarna em Santa Catarina e o uso de ivermectina. O especialista afirmou ao site Poder360 que a aplicação contínua de medicamentos pode produzir bactérias, vírus e parasitas mais resistentes, no entanto, disse que afirmar essa possibilidade em Balneário Camboriú como um fato é “extrapolar” a literatura científica sobre o assunto.