foto: Sérgio Lima
Ludhmila Hajjar revela detalhes do atendimento a Jair Bolsonaro após facada em 2018
Ludhmila Hajjar, uma das profissionais de saúde que cuidou de Jair Bolsonaro (PL) após a facada em 2018, compartilhou detalhes sobre o atendimento ao então candidato nas primeiras horas após o atentado. Em entrevista ao “Alt Tabet” do Canal UOL, Hajjar destacou que atuou como médica e cumpriu “a missão” que lhe foi atribuída.
Hajjar explicou que participou da primeira cirurgia de Bolsonaro logo após a facada e cuidou dele “nas horas mais críticas”. “Cheguei quando o paciente já estava sendo operado. Participei do final da cirurgia, da chegada dele na UTI, cuidei dele nas horas mais críticas e, assim que ele estabilizou, houve necessidade de transferência para São Paulo. Eu cumpri a missão que me foi dada.”
A médica também rechaçou as fake news divulgadas na época, alegando que a facada seria uma invenção. “É uma tristeza fazer isso porque nessas horas não há julgamentos. É um paciente que sofreu um atentado grave, que quase morreu e que até hoje sofre as complicações disso. É indiscutível que isso é uma maldade. Isso impera na nossa sociedade, não é só uma questão médica. São pessoas ruins que usam o sofrimento dos outros para fazer política e ideologia, e isso realmente tem que ser combatido.”
Ludhmila já cuidou de políticos de diferentes ideologias e ressaltou que há alguns cuidados que devem ser tomados com esses pacientes. “Jamais vou diferenciar um paciente pelo cargo, importância ou condição financeira, porque isso seria inadequado para qualquer pessoa que cuida de vidas. Mas, claro, existem peculiaridades. Quando você cuida de um político, há a questão da informação, de lidar com assessoria, com múltiplas pessoas querendo opinar e intervir, e eu sou muito firme nisso. Quando o paciente está na minha frente, não lembro se é de esquerda ou direita, isso não me interessa.”
“Onda de picaretagem assola a medicina no Brasil”
Hajjar afirmou que “múltiplos fatores culminaram nessa onda de picaretagem que hoje assola a medicina e a ciência”. “Esse não é um fenômeno só brasileiro, é mundial. Mas o Brasil está vivendo o cúmulo disso.”
Para a médica, a facilidade em obter um diploma de medicina contribui para esse cenário, já que muitos profissionais estão preocupados apenas com o dinheiro, não com os pacientes. “Não tenho dúvidas disso, e eles estão por aí. Fico indignada. São pessoas que não têm talento nenhum, que não têm a vocação básica para exercer a medicina, que é gostar de gente. E o que nos selecionava? Você tinha que estudar muito para passar em um vestibular difícil, mas houve uma tragédia no Brasil chamada proliferação indevida de faculdades de medicina. Hoje, somos o segundo país no mundo em número de faculdades de medicina, a maioria privada e de baixa qualidade.”
Ludhmila destacou que muitas instituições não oferecem o básico para a formação do médico, sem professores adequados e hospitais universitários. “[Formam] pseudomédicos que não sabem nada e não fazem prova de residência. É esse cara que vai estar no posto, na UPA, que vai atender um infarto, achar que é uma dor e passar um anti-inflamatório. É isso que estamos vivendo, o pior momento da formação médica no Brasil.”
Planos para o maior hospital do país: “Será o melhor do mundo”
Hajjar contou que o hospital, ainda em fase de planejamento, “vai mudar a história da saúde deste país”. “É um hospital que vai revolucionar os cuidados dos pacientes públicos do país e do mundo. Afirmo que será um hospital inteligente, onde vamos alinhar tudo que há de inovação e tecnologia para atender pacientes do SUS.”
Ludhmila explicou que a iniciativa envolve os governos federal e do estado de São Paulo, além do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), o banco dos Brics. “É uma parceria de múltiplas mãos, de iniciativa do Hospital das Clínicas, com o apoio do governo federal, investimento da construção pelo NDB e o apoio do governo estadual.”