A demissão do diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alessandro Moretti, parece iminente, segundo auxiliares do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A permanência de Moretti no cargo tornou-se “insustentável” após a operação da Polícia Federal (PF) na última quinta-feira (25). Fontes do primeiro escalão do governo Lula, sob reserva, afirmam que a situação do diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, também está delicada.
A crise no Palácio do Planalto foi desencadeada pelo relatório usado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para embasar a autorização da operação de busca e apreensão nos endereços do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).
O documento da PF apontou que a atual direção da Abin, sob o governo de Lula, teria tentado interferir nas investigações sobre o uso do software espião FirstMile durante o governo Bolsonaro. Na época, Ramagem era diretor da agência.
O relatório afirmou que a direção atual da Abin realizou ações que interferiram na investigação, caracterizando um “conluio de parte dos investigados com a atual alta gestão da Abin”, causando prejuízos à investigação e à própria Abin. Alessandro Moretti, ex-número dois de Anderson Torres, teria se reunido com os investigados para sugerir que a apuração da PF tinha “fundo político e iria passar”.
Em nota, a Abin informou ser a “maior interessada na apuração rigorosa dos fatos” relacionados à operação deflagrada pela PF, conhecida como Operação Vigilância Aproximada. A investigação busca apurar denúncias de monitoramento ilegal de autoridades e outras pessoas, utilizando ferramentas de geolocalização sem autorização judicial.
A gestão de Ramagem, entre julho de 2019 e abril de 2022, foi marcada pela identificação do uso de um sistema de geolocalização sem autorização judicial por servidores. A operação Vigilância Aproximada foi deflagrada para investigar essa “organização criminosa” instalada na Abin. A primeira operação sobre o caso ocorreu em outubro de 2023, mas não teve Ramagem como alvo direto.
Com informações do jornal O Tempo e g1.