FIlho de agricultores e morador de Ipueira, cidade com pouco mais de 2 mil habitantes no interior do Rio Grande do Norte, João Pedro Marinho de Oliveira, de 20 anos de idade, foi um dos 60 estudantes do Brasil a tirar nota mil na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
As notas das provas foram divulgadas nesta terça-feira (16) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
João Pedro contou que o maior desafio para se dedicar aos estudos foi vencer o cansaço diário. Isso porque ele tinha que viajar cerca de cerca de 2 horas todos os dias, entre a ida e a volta, para cursar o ensino médio no Instituto Federal do RN (IFRN) na cidade de Caicó.
“Eu tinha que andar no ônibus e viajava 100 quilômetros por dia para estudar. Ter que fazer esse deslocamento e estudar em casa quando chegar, conviver com o cansaço diário, que era algo inevitável, era uma tarefa muito difícil de lidar”, disse.
O estudante fez toda a trajetória escolar na rede pública de educação e concluiu o ensino médio em 2022. Essa foi a segunda vez que João Pedro fez o Enem. No ano anterior, o estudante acabou desclassificado após o celular dele tocar durante a prova. “Faltava apenas 8 minutos para acabar”.
João Pedro Marinho, de 19 anos, tirou nota mil no Enem — Foto: Daniel Medeiros
João Pedro contou que se inspirou na própria mãe, uma agricultora de 49 anos, para escrever a redação do Enem, que tinha como tema “O enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil.
Ele disse que neste ano tentou manter um ritmo de estudos, estudando cerca de seis horas por dia, mesmo lidando com problemas pessoais.
“Foi muito árduo, por conta que a minha rotina sempre foi diriamente acompanhada de uma ansiedade. Eu tive que conviver com inseguranças, mas sempre fazendo de tudo pra dar certo. Eu falhava alguns dias, mas sempre tentava repor”, disse.
O estudante de 20 anos contou que sonha em ser desembargador.
Acesso ao ensino superior
O Enem é a principal porta de entrada para o ensino superior no Brasil, pois permite a seus participantes concorrer a vagas em universidades públicas e privadas, e até a financiamento e bolsas privadas, com as notas obtidas nas provas.
As provas foram aplicadas em 5 e 12 de novembro na versão regular do exame, e em 12 e 13 de dezembro na versão PPL (para pessoas privadas de liberdade) e reaplicação.
G1