A agência de classificação de risco Moody’s aconselhou seus funcionários na China a trabalharem de casa. A media foi adotada por questão de segurança e ficou ativa antes da divulgação da decisão de reduzir o nível de classificação de crédito do país asiático.
Na última terça-feira, 5, a Moody’s rebaixou a perspectiva para a classificação de emissor de moeda local e estrangeira de longo prazo da China. Segundo a agência, o nível foi de “estável” para “negativa”.
Alguns chefes de departamento da Moody’s no país asiático disseram aos associados na última sexta-feira, 30, que seus funcionários não administrativos em Pequim e Xangai não deveriam ir ao escritório no decorrer da semana passada.
Conforme o jornal britânico Financial Times, dois funcionários da agência acreditam que a “sugestão” de home officefoi motivada pela preocupação com a possível retaliação por parte de Pequim. O temor era sofrer represálias diante de eventuais números negativos para o regime comunista.
Um funcionário da empresa, que preferiu não divulgar seu nome, disse que trabalhar de casa poderia impedir que as autoridades chinesas questionassem muitos funcionários em um só lugar, caso decidissem invadir a agência.
Esse profissional também disse que a Moody’s aconselhou analistas em Hong Kong a evitar temporariamente viagens à China Continental antes da divulgação da redução da perspectiva de crédito do país.
“Eles não nos deram o motivo… mas todo mundo sabe o porquê”, disse um funcionário da Moody’s na China, referindo-se ao pedido de trabalhar de casa nos últimos dias. “Temos medo de inspeções governamentais.”
Apesar disso, ele acrescentou que tal invasão ainda era considerada improvável.
Escritórios na China foram invadidos
O temor por parte da Moody’s não se deu por acaso. Há pouco tempo, outras empresas do país sofreram invasões policiais, proibições de saída para funcionários e até prisões em meio a tensões entre a China e os Estados Unidos (EUA).
Recentemente, segundo o Financial Times, as autoridades do Partido Comunista Chinês invadiram os escritórios de consultorias norte-americanas.
Além disso, as forças chinesas detiveram funcionários locais do Grupo Mintz. Para as prisões, Pequim alegou “preocupações de segurança nacional.”
“Vimos repressões a empresas de diligência devida e outras empresas, mas essas foram motivadas por questões além de apenas comentários negativos”, disse Michael Hirson, analista da China na 22V Research em Nova York, nos EUA.