O prefeito do Rio Eduardo Paes postou em suas redes sociais uma mensagem reclamando com a Marinha sobre o posicionamento de veículos blindados dos militares na Praça Mauá, no Centro do Rio. A imagem foi publicada no GLOBO nesta terça-feira e mostra as equipes da Marinha paradas próximo aos museus da região e do Comando do 1º Distrito Naval. Paes afirmou que os “tanques destroem o calçamento” e que vai implantar balizadores na região para impedir o estacionamento no Boulevard. Procurada, a Marinha não respondeu.
A Marinha empregou nesta segunda-feira, 120 equipamentos de transporte e suporte bélico para a operação de Garantia da Lei e Ordem (GLO) no Rio e em São Paulo. Entre os recursos estão nove navios, um blindado utilizado pelo Brasil durante as ações no Haiti em 2005, motos aquáticas, navios-patrulha com armamentos de padrão dos exércitos de países da Otan (organização político-militar regida por países europeus e americanos) utilizados em ações na África, além de ‘anfíbio’ de 20 toneladas para guincho de embarcações.
Blindados ‘Piranha’ usados em ações no Haiti em 2005
Viatura blindada, conhecida como piranha, utizada pela Marinha em ações especiais de guerra — Foto: Marinha do Brasil
A Marinha trouxe ao Rio de Janeiro os ‘blindados piranha’. O veículo de transporte pessoal integrou a Missão das Nações Unidas de Estabilização no Haiti, em 2005. Pesando 18 toneladas e construído na Suíça, o blindado possui metralhadoras ponto 50 capazes de derrubar helicópteros e aviões sem blindagem, além de atingir alvos a uma distância de até 2 km.
Carro ‘Lagarta Anfíbio’ é o guincho das embarcações
Carro Lagarta Anfíbio é utilizado como o guincho das embarcações — Foto: Marinha do Brasil
O carro largata anfíbio, de 20 toneladas, é utilizado para transporte de embarcações do mar para terra. Sua função é fundamental durante operações marítimas. Para isso a viatura blindada é equipada com um guincho de 17 toneladas, um guindaste de quase 3 metros, um compressor de ar, um gerador de corrente alternada, um equipamento de solda e diversas ferramentas especiais.
Navio-patrulha oceânico com armamentos padrão de países da Otan
O navio-patrulha oceânico, que está a caminho do Porto de Santos, em São Paulo, pesa 2 mil toneladas e pode levar tripulação de até 125 homens. Medindo 103,4 metros de comprimento e 11,4 m de largura, possui radar de navegação de longo alcance e alça Optrônica, capaz de detectar a direção de tiros, integrado com câmera termográfica. Além disso, transporta até seis contêineres pesando 15 toneladas cada. Tem ainda duas embarcações de casco semirrígido, um tipo Interceptor, além de enfermaria com dez leitos e sala de cirurgia. A embarcação foi utilizada este ano nas operações no Golfo da Guiné, na África.
Outro destaque do navio é seu poder bélico. De armamentos, o navio possui um canhão MSI, duas metralhadoras M242 Bushmaster (espécie de canhão automático de 25mm que dispara balas de calibre .223), padrão utilizado pelos exércitos dos países que compõem a Otan), além de duas metralhadoras Browing (.50), capazes de derrubar um helicóptero. A estrutura de fiscalização dos portos conta ainda com o apoio de tropas de fuzileiros navais (FN) em ações como revista de pessoal e repressão a delito. Para isso, a Marinha utilizará quatro lanchas blindadas.
A atuação da Marinha na GLO não abrange a costa do Complexo da Maré, que beira a Baía de Guanabara. O vice-almirante Renato Ferreira explicou que a região onde militares atuarão forma uma área que impossibilita cruzar a Baía sem passar pelo monitoramento.
— Nossa operação será calcada na inteligência, que nos indicará onde temos que atuar. Podemos atuar ainda nas barcas se elas estiverem na área delimitada e recebermos alguma informação para operar — disse Ferreira.
Além dos militares, participam da ação a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Receita Federal e o Porto do Rio. Representantes das instituições se reunirão periodicamente para traçar estratégias. O vice-almirante ainda destacou que os militares estão aptos e prontos para confronto com criminosos caso seja necessário.
—O importante é saber a hora de usar a força total, a hora de usar ela controlada ou quando não precisa usar. É a repetição do patrulhamento que inibe qualquer tipo de ação. Isso vai funcionar nos portos e nas áreas marítimas da poligonal do porto organizado. A Marinha está empregando 1 .900 militares e 120 meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais. No Rio de Janeiro existe a maior concentração, nós colocamos aqui um batalhão e alguns navios de patrulha e avisos de patrulha na Baía de Guanabara.
Extra/Globo