Presidente do PL e principal padrinho de Jair Bolsonaro nesses tempos de falta de cargos e verbas, Valdemar Costa Neto foi o entrevistado da semana no Amarelas On Air de VEJA. Na conversa com Marcela Rahal, o cacique bolsonarista mostrou que o roteirista de Brasil aposta sempre no imponderável.
Em poucos minutos, Costa Neto criticou o TSE, o STF, cravou, sem ficar vermelho, o retorno de Bolsonaro ao Planalto e ainda mandou recado Alexandre de Moraes, dizendo, sem citar nomes, que “um dia custará caro para eles” ter mandado a Polícia Federal entrar na casa do ex-presidente na operação que prendeu Mauro Cid, em maio.
Costa Neto atacou o STF quando disse que Bolsonaro, com mais três anos até a próxima eleição, conseguirá derrubar sua dupla inelegibilidade imposta pelo TSE recorrendo ao Supremo, que sempre pode mudar de opinião — como fez com Lula.
Depois de tirá-lo da eleição vencida por Bolsonaro em 2018, o próprio tribunal mudou de entendimento para devolver o petista à política. “O Bolsonaro é um homem honesto. E eles (o TSE) deixaram o Bolsonaro inelegível sem ter um processo, só porque ele falou com os embaixadores que era contra o sistema de votação atual. Aí deixaram ele inelegível. Isso ainda pode mudar, porque nós temos mais três anos até a eleição. Vamos recorrer para o Supremo e o Supremo pode mudar”, diz Costa Neto.
O roteirista de Brasil tem material inestimável para trabalhar quando percebe que Bolsonaro tem em Lula sua maior motivação e esperança para continuar sonhando com o Planalto. É uma espécie de exemplo a ser seguido. Se o petista conseguiu fazer o que fez com a Lava-Jato e ainda mudar o rumo das coisas no Supremo, tudo é possível. Com a palavra, Costa Neto:
“Nenhum cidadão no Brasil achou que o Lula iria ser candidato a presidente. Todos nós sabemos que ele iria sair da prisão, mas não que seria candidato. Nem ele nem a Gleisi nem o advogado dele imaginavam. E o Lula ficou 500 dias preso, saiu, foi candidato a presidente e ganhou a eleição”.
Ciente do aparente absurdo de sua fala, Costa Neto tentou conferir lógica sobrenatural a seu pensamento político sobre a volta por cima de Bolsonaro: “No Brasil, as coisas não funcionam como no mundo”.
Depois de cravar o retorno do capitão ao Planalto, Costa Neto mandou o recado, sem citar nomes, a Alexandre de Moraes. Foi quando falou da delação de Cid e do caso da fraude no cartão de vacinas investigado pelo ministro do Supremo.
“(Forjar o cartão) Tá errado. Agora, mandar entrar na casa do Bolsonaro, ex-presidente da República… Eles têm cometido várias irregularidades no Poder Judiciário. Isso vai custar caro para eles um dia”, disse Costa Neto.
Créditos: VEJA.