O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retornou há pouco de sua viagem à África e já tem uma nova crise para lidar em Brasília: a insatisfação da cúpula de seu partido com o posicionamento aparentemente conservador do ministro indicado por ele ao Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin.
Segundo informações do colunista do jornal O Globo, Lauro Jardim, lideranças petistas passaram o fim de semana trocando mensagens e telefonemas sobre o imbróglio envolvendo o ministro. O temor é que ele vote a favor do marco temporal no julgamento que será retomado nesta quarta-feira (30), revoltando, assim, a militância.
Entre a cúpula petista, há o consenso de que Lula precisará conversar com Zanin antes do julgamento que pode dificultar a demarcação de terras indígenas. Para o PT, o presidente tem que interferir “antes que um novo desastre aconteça”, segundo as palavras de um deputado da sigla, que considera que Lula “não tem saída”.
Zanin surpreendeu negativamente a esquerda em seus últimos votos, ao se posicionar contra a descriminalização da posse de maconha para uso pessoal e contra equiparar homofobia à injúria racial. A avaliação da militância é a de que Lula, ao elevar seu próprio advogado ao cargo de ministro do Supremo, indicou um conservador para a Corte.
– Essa é a primeira crise do nosso campo. O Lula está apanhando nas redes dele, apanhando de gente de esquerda por causa dos votos do Zanin – completou um petista de muitas décadas na legenda.
Segundo o colunista, ainda não há como saber se Lula de fato fará intromissões indevidas nas decisões do ministro do Supremo, mas já é de se esperar que a esquerda tenda a ficar de “cabelo em pé” por muito tempo, já que Zanin tem direito a permanecer no cargo por mais 27 anos.
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