Estatal formou grupo de trabalho para rever modelo. Periodicidade de pagamento deve ser mantida
Depois de mudar sua política de preços, a Petrobras está prestes a concluir a nova política para distribuição de dividendos. De acordo com o diretor da área financeira, Sergio Caetano Leite, o novo modelo já deve ser adotado para o pagamento de dividendos referentes ao segundo trimestre.
A assumir a companhia, Jean Paul Prates indicou que a Petrobras teria nova diretriz para a definição dos preços e um novo regime para a divisão do lucro com investidores. O objetivo desta medida é liberar espaço para que a empresa volte a investir.
A Petrobras já criou um grupo de trabalho com 11 pessoas, que inclui representantes das áreas financeira, jurídica, tributária e de governança para rever o modelo. Leite destacou que o novo formato será alinhado ao que é praticado por outras petroleiras.
Em maio, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou o pagamento de R$ 24,7 bilhões em dividendos referentes ao primeiro trimestre.
Segundo Leite, a periodicidade trimestral de pagamento deverá ser mantida, mas ainda será alvo de análise pelo conselho da companhia. O estudo sobre o novo modelo será concluído neste mês.
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– Foram dois grupos. Um com as maiores empresas privadas do setor e outro com as estatais do setor. Foi analisada a relação dívida/ebitda (lucro antes de juros, impostos e amortização), reserva provada e rentabilidade e os dados foram comparados entre todas as empresas.
Marcelo de Assis, diretor da Upstream Research na Wood Mackenzie, diz que as petroleiras distribuem, em geral, de 20% a 30% do lucro líquido via dividendos:
— Mas a Petrobras já chegou a 97% do lucro líquido no passado. Algumas empresas preferem dar retorno aos acionistas com recompra de ações.
A Petrobras também estuda a recompra de ações, mas ainda não tem uma decisão sobre o tema.
Segundo especialistas, a recompra de ações costuma ser feita para aumentar o valor das ações remanescentes e elevar os lucros por ação.
Em 2022, a Petrobras foi apontada como a segunda maior pagadora de dividendos do mundo, de acordo com o índice Global de Dividendos da gestora Janus Henderson. A empresa distribuiu US$ 21,7 bilhões. Essa política, que ajudou a atrair investidores no passado, é alvo de críticas da atual gestão, que avalia que é necessário ampliar investimentos não só no pré-sal como em outras áreas, incluindo energias renováveis.
Em entrevista recente ao GLOBO, Prates afirmou que a mudança nos dividendos não será uma loucura. Mas ressaltou que a Petrobras é uma empresa segura, um transatlântico. E disse na ocasião que o investidor que busca segurança é conservador e aceita uma rentabilidade menor.
Nova política de preços
Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, disse que a nova política de preços é uma grande vitória para o Brasil. Lembrou ainda que a companhia “não está perdendo dinheiro” ao evitar repassar a volatilidade dos preços internacionais para os combustíveis vendidos no Brasil. O executivo participou de um café da manhã com jornalistas no Centro de Pesquisas da estatal (Cenpes) no Rio de Janeiro.
-Vivíamos numa hipnose coletiva que era o PPI (que atrelava o preço do combustível ao valor da cotação internacional do petróleo). Mas a Petrobras tem suas vantagens competitivas, com logística e refinarias. A nossa estratégia comercial começa a se provar factível e prova que é boa para o Brasil, ao evitar essas turbulências do mercado internacional. E não perdemos dinheiro.
Os parâmetros brasileiros são a própria Petrobras. Não faz sentido se igualar a quem importa. Não quer dizer que não é competitiva. A gente é mais competitivo que qualquer refinaria no mundo – afirmou Prates.
Nesta quarta-feira, a Petrobras anunciou que vai reduzir a partir de agosto o preço do gás natural para as distribuidoras. De acordo com a estatal, haverá queda média de 7,1% em reais por metro cúbico na comparação com o trimestre entre maio e julho. Com isso, o preço do gás natural vendido pela estatal acumulará redução de aproximadamente 25% no ano.
No início deste mês, a Petrobras baixou o preço da gasolina para as refinarias, quando o preço do litro caiu de R$ 2,66 para R$ 2,52. No ano, a gasolina acumula queda de 18,2% nas refinarias. No caso do diesel, a redução chega a 32,7% desde janeiro.
Prates criticou novamente a gestão antiga da estatal e a política de venda de ativos da estatal. Disse que a tentativa era ter a “Petrosudeste”, com a saída da companhia em diversos estados do país:
-A gestão anterior não via o futuro e o ex-ministro confirmou que iam privatizar a Petrobras. Era uma empresa sendo preparada para a venda. Agora, se mantém como empresa controlada pelo governo brasileiro. Nossa visão é ter futuro. Abrimos um caminho que vai começar a ser traçado que é a diretoria de energias renováveis. Do total de investimentos previstos para os próximos anos, a estatal vai destinar de 6% a 15% dos recursos para projetos de baixo carbono.