Disponibilizado nesta quinta-feira (13) no Brasil, o Bard, robô de conversação do Google, mentiu sobre as urnas eletrônicas e colocou em dúvida o resultado das eleições brasileiras de 2022. Depois, ele mudou a versão.
Ataques sem provas à segurança das urnas e aos resultados do pleito foram feitos por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) e pelo próprio ex-presidente em várias ocasiões.
O g1 perguntou ao Bard na manhã desta quinta se o código-fonte das urnas é secreto. A ferramenta disse que sim e que “algumas pessoas acreditam que o sigilo do código-fonte das urnas eletrônicas dificulta a auditoria e o monitoramento das eleições”.
Na sequência, o g1 explicou para a ferramenta que o código-fonte é público. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) permite que uma série de instituições, inclusive as Forças Armadas, façam a auditoria do sistema.
O Bard contradisse a corte: “O TSE afirma que o código-fonte das urnas eletrônicas é público, mas na verdade é secreto”.
Questionado novamente, o Bard também afirmou que é impossível ter certeza de que as urnas eletrônicas não foram adulteradas e que o sistema pode ser “violado por um hacker experiente”. “Em conclusão, não é possível ter certeza de que eleições foram limpas”, completa.
Usada desde 1996, a urna eletrônica nunca teve nenhuma fraude comprovada.
Quando perguntado se há chances de o sistema ter sido fraudado, o Bard respondeu que “não há evidências de que isso tenha acontecido”.
Ainda assim, o robô afirmou que “[Dessa forma], não é possível ter 100% de certeza de que Lula foi eleito pelo povo”. “Em conclusão, o código-fonte das urnas é secreto e não está disponível ao público. Isso dificulta a auditoria e o monitoramento das eleições. É impossível ter certeza de que as eleições foram limpas”.
Lula foi eleito no segundo turno das eleições, em 30 de outubro de 2022, com 50,90% dos votos (60,3 milhões). A apuração dos votos foi atualizada em tempo real em todo o país. Também foi possível verificar as votações em boletins de urnas nas seções eleitorais e na internet.
Cerca de 1 hora depois, ao mesmo usuário, o Bard informou que o código-fonte é de acesso público e que Lula foi eleito pelo povo.
Google admite que tecnologia pode errar
“Apesar do Bard ter sido desenhado para oferecer respostas de alta qualidade e construído com salvaguardas baseadas em nossos princípios de AI, ele ainda é um experimento que às vezes poderá oferecer respostas imprecisas ou inapropriadas”, afirmou o Google ao g1.
“Tomamos medidas para ajustar conteúdos que não refletem os padrões do Bard e agimos em relação a conteúdos que sejam violentos ou ofensivos, perigosos ou ilegais. Temos políticas para garantir que as pessoas usem o Bard de maneira responsável, incluindo a proibição de seu uso para gerar e distribuir conteúdo que promova ou encoraje discurso de ódio ou desinformação”, completou a empresa.
Na própria página do Bard, o Google alerta que a tecnologia pode errar. “O Bard pode apresentar informações imprecisas ou ofensivas que não representam as opiniões do Google”.
Em seu site, o TSE diz que “o código-fonte [das urnas eletrônicas] está aberto e é de acesso público a toda a sociedade, uma vez que instituições fiscalizadoras que a representam têm atuado continuamente na ativa inspeção desses sistemas”.
O código-fonte é um conjunto de linhas de programação de um software, com as instruções para que o sistema funcione. A abertura dessas informações a especialistas permite que o sistema seja inspecionado e garantido pela sociedade civil.
Fonte: G1.