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São Paulo — A presença de um maço de dinheiro falso na tribuna usada pelos vereadores da Câmara Municipal nesta segunda-feira (26/6), durante as discussões da revisão do Plano Diretor Estratégico (PDE) da cidade, expôs o clima de divisão entre os partidos de esquerda na reta final para votação do projeto.
Apenas três dos oito vereadores do PT declararam voto contrário ao projeto da base do prefeito Ricardo Nunes (MDB), mantendo o racha ocorrido na primeira votação do projeto, no fim de maio. No caso da bancada do PSol, os seis vereadores da bancada votarão contra o PDE.
Nesta segunda-feira, nos debates finais do texto, o vereador Jair Tatto seria o quarto petista a discursar durante a votação — depois dos colegas Helio Rodrigues, João Ananias e Lula Zarattini — e o primeiro do partido a declarar voto a favor do projeto.
Ao chegar no púlpito, porém, Tatto parou e não chegou perto do microfone. “Presidente, tem coisas na tribuna aqui, não quero falar”, disse. Ele se referia ao que parecia ser um maço de cédulas de R$ 100.
O dinheiro foi retirado pelo secretário-geral da Câmara, Breno Gandelman, e levado ao presidente da Casa, Milton Leite (União), que disse que iria averiguar o que ocorreu. “Também quero que verifique”, disse Tatto.
As imagens de vídeo da Câmara, porém, mostraram que o caso não se tratava de um ataque a Tatto. Instantes antes, o vereador Professor Toninho Vespoli, do PSol (na vofo em destaque), havia levado cédulas falsas para a tribuna para dizer que a cidade estava sendo vendida e acabou deixando o material cenográfico por lá.
Helio, Ananias e Luna discursaram depois e não ligaram para os papeis. Luna chegou até a mudar as cédulas de uma ponta para a outra do púlpito. Mas Jair Tatto, porém, viu naquilo um ato contra ele, uma vez que sua posição é diferente das demais colegas.
Racha na esquerda
Os três vereadores do PT que votarão contra o projeto procuraram os jornalistas nesta tarde para uma entrevista coletiva em que expuseram seus motivos para estarem contra o projeto. Luna Zarattini tinha um livro do atual PDE, de Fernando Haddad, aprovado em 2014.
“Esse substitutivo que está sendo votado agora não é um substitutivo que garante melhorias ao plano diretor atual. Ao contrário, traz piora”, disse a vereadora.
Os três vereadores de voto contrário ao PDE são parlamentares que assumiram o mandato neste ano, após outros vereadores deixarem a Câmara para cargos na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) ou na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Jair Tatto e seu irmão, Arselino, fazem parte de um grupo de petistas que optou por negociar a aprovação do PDE com a gestão Ricardo Nunes. O deputado federal Jilmar Tatto, que foi candidato a prefeito pelo PT nas últimas eleições, faz também parte do grupo.
Entre petistas, circulam informações de que as negociações deste grupo com a Prefeitura incluiu promessas, por parte da gestão Nunes, de recursos para obras na região de Capela do Socorro, região de São Paulo conhecida como “Tattolândia”, além de liberar indicações políticas de petistas para a subprefeitura de Cidade Tiradentes, no extremo leste.
Jair Tatto negou ao Metrópoles a existência desses acordos.
PSol e as eleições
Já no caso do PSol, partido que pretende lançar o deputado federal Guilherme Boulos como candidato a prefeito no ano que vem, o projeto ganhou tamanha importância que o presidente nacional da sigla, Juliano Medeiros, veio acompanhar a votação do plenário do Legislativo paulistano.
Medeiros, porém, afirmou que o partido não está debatendo as eleições ainda. “A cidade tem muitos problemas para ser enfrentados. São Paulo tem 50 mil pessoas morando na rua e o prefeito quer alterar o Plano Diretor para permitir mais apartamentos de luxo”, disse.
Créditos: Metrópoles.