Um chinês foi executado por assassinar a ex-mulher dele depois de encharcá-la com gasolina e incendiá-la enquanto transmitia o crime ao vivo.
A vítima, conhecida como Lamu, era uma personalidade da rede social Douyin, a versão chinesa do TikTok.
Centenas de milhares de fãs a seguiam para assistir aos seus vídeos nos quais ela compartilhava detalhes da vida nas montanhas, na província de Sichuan, no sudoeste da China.
O caso trágico destacou a violência contra as mulheres na China. Uma pesquisa aponta que uma em cada quatro mulheres no gigante asiático já sofreram abuso doméstico.
Lamu, que deixou seus dois filhos órfãos, teria procurado a polícia para denunciar a violência que recebeu do marido assim que se casaram, mas foi informada que aquele era um assunto de família.
A personalidade da rede social tinha quase 800 mil seguidores, que acompanhavam as publicações otimistas sobre o estilo simples da vida rural, que ela compartilhava na plataforma Douyin.
Os vídeos dela a mostravam buscando comida nas montanhas, cozinhando e fazendo esquetes de músicas de humor, vestida com roupas tradicionais tibetanas.
As publicações acumulavam mais de 6,3 milhões de curtidas.© Douyin/LamuLamu sofreu queimaduras em 90% do corpo e morreu duas semanas depois
“Extremamente Cruel”
Quando o ex-marido dela, Tang Lu, foi condenado à morte, o tribunal da província de Aba, uma área rural remota no sudoeste da província de Sichuan, onde vive um grande número de tibetanos étnicos, concluiu que o crime foi “extremamente cruel” e que o impacto social foi “extremamente ruim”.
Em junho de 2020, Lamu se divorciou de Tang, quem o tribunal considerou ter um histórico de violência contra ela.
Cerca de três meses depois, ele a encharcou com gasolina na casa do pai dele e ateou fogo.
Lamu sofreu queimaduras em 90% do corpo e morreu duas semanas depois.
O caso causou revolta em todo o país e provocou um debate sobre a violência contra as mulheres.
Milhares de seguidores de Lamu publicaram mensagens no perfil dela no Douyin, enquanto milhões de usuários na plataforma de microblog Weibo pediram justiça usando hashtags que foram posteriormente censuradas.
A China criminalizou a violência doméstica em 2016, mas o crime continua comum, principalmente nas áreas rurais.
Alguns ativistas temem que um período obrigatório de “esfriamento” de 30 dias, recentemente introduzido para casais que buscam o divórcio, torne mais difícil para as mulheres escaparem de relacionamentos abusivos.© Douyin/LamuA China criminalizou a violência doméstica em 2016, mas o crime continua comum, principalmente nas áreas rurais