À primeira vista, São Paulo mostra apenas congestionamentos, ônibus lotados e obras isoladas em algumas avenidas. Mas, sob o asfalto, está em formação uma teia de túneis, galerias, reservatórios e linhas de metrô que muitos técnicos descrevem como o maior projeto subterrâneo do mundo em execução hoje, voltado a escoar esgoto, conter enchentes e reorganizar o transporte de milhões de pessoas.
Como será o maior projeto subterrâneo do mundo em São Paulo?
O rótulo de maior projeto subterrâneo do mundo resulta da soma de redes de esgoto, sistemas de drenagem, túneis viários e expansão metroviária escavados ao mesmo tempo. A metrópole combina intervenções de saneamento, mobilidade e drenagem em larga escala, com cronogramas concentrados entre 2023 e 2028.
Enquanto em outras megacidades os projetos se concentram em um único setor, em São Paulo há camadas diferentes usando o mesmo subsolo, exigindo planejamento conjunto entre prefeitura, governo estadual e concessionárias. Cada avanço de escavação precisa considerar o peso dos edifícios, fundações antigas e o remanejamento de redes sem provocar apagões ou desabastecimento.
Como saneamento e drenagem moldam a cidade subterrânea sob o Tietê?
No saneamento, o principal motor é o programa IntegraTietê, que amplia a coleta e o tratamento de esgoto para reduzir o despejo direto em córregos e no rio Tietê. Entre 2023 e 2025, foram cerca de R$ 6 bilhões em investimentos, 714 quilômetros de tubulações enterradas e a conexão de aproximadamente 679 mil domicílios ao sistema formal de esgotamento.
O aumento da coleta exige reforço nas estações de tratamento, com cinco novas unidades previstas e modernização de estruturas como a ETE Barueri e a ETE Parque Novo Mundo. Na drenagem urbana, destacam-se galerias ao longo do córrego Piraporinha e novos reservatórios enterrados, os piscinões, distribuídos em zonas críticas de enchentes.
Quais são os principais piscinões e galerias de drenagem em construção?
Os reservatórios enterrados e galerias de macrodrenagem são fundamentais para reduzir alagamentos recorrentes em bacias densamente ocupadas. Além das obras no Piraporinha, a prefeitura e o governo estadual priorizam regiões da zona sul, leste e sudeste, tradicionalmente afetadas por chuvas intensas.
- Piscinão Morro do S (Capão Redondo): capacidade estimada de 192 mil m³ para atender bacia com cerca de 870 mil moradores.
- Piscinão Paraguai/Éguas (Vila Mariana): projetado para 110 mil m³, voltado à contenção de cheias em área adensada.
- Cerca de oito unidades em construção entre 2025 e 2027, segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura.
- Galerias no córrego Piraporinha: aproximadamente 4,5 km, parte em tunnel liner, parte em valas abertas com aduelas de concreto.
Como túneis viários e metrô redesenham a mobilidade até 2028?
No trânsito de superfície, túneis viários como o da Avenida Cecília Lottenberg, ligado ao prolongamento da Avenida Dr. Chucri Zaidan, são a face mais visível dessa transformação. Com investimento estimado em R$ 376 milhões, a entrega é prevista para 2027, reorganizando fluxos em uma área de intenso adensamento empresarial.
Outro projeto é o túnel Sena Madureira, na Vila Mariana, com nova licitação em torno de R$ 748 milhões para retomar as escavações. No transporte sobre trilhos, destacam-se a Linha 6-Laranja, com previsão de operação parcial em 2026, e a expansão da Linha 2-Verde rumo à Penha, aberta pela tuneladora Cora Coralina com 11,66 metros de diâmetro. Veja detalhes das obras no vídeo divulgado pelo São Paulo Obras – SPObras, via Instagram:
Quais os impactos dos projetos para os moradores?
A combinação de redes de esgoto ampliadas, piscinões enterrados, galerias de drenagem, túneis viários e novas linhas de metrô deve reduzir enchentes, ampliar a coleta e o tratamento de esgoto e encurtar trajetos entre bairros distantes. Ao empilhar funções em camadas, a cidade busca usar melhor o espaço e diminuir conflitos na superfície.
Até que esse cenário se consolide, a rotina seguirá marcada por interdições, desvios de trânsito e canteiros de obra, com 2026, 2027 e 2028 como anos-chave para entrada em operação de trechos importantes. Veja os benefícios para os moradores:
| Área de impacto | Principais efeitos para os moradores |
|---|---|
| Mobilidade urbana | • Expansão do metrô e trens• Redução do tempo de deslocamento• Menos congestionamentos nas vias |
| Qualidade de vida | • Diminuição da poluição sonora e visual• Menos tráfego de veículos na superfície |
| Prevenção de enchentes | • Ampliação de piscinões e túneis de drenagem• Redução de alagamentos em áreas críticas |
| Valorização imobiliária | • Aumento do valor de imóveis próximos às obras• Maior atratividade para novos investimentos |
| Desenvolvimento urbano | • Requalificação de áreas degradadas• Melhor uso do espaço urbano |
| Impactos temporários | • Obras longas e transtornos locais• Interdições e ruídos durante a construção |
| Empregos e economia | • Geração de empregos diretos e indiretos• Estímulo à economia local |
FAQ sobre projeto subterrâneo em São Paulo
- Por que tantas obras acontecem ao mesmo tempo? A concentração de cronogramas entre 2023 e 2028 busca aproveitar financiamentos, contratos já firmados e a necessidade de enfrentar de forma conjunta problemas de enchentes, esgoto e trânsito que se acumulam há décadas.
- Essas intervenções podem reduzir o mau cheiro do rio Tietê? A ampliação da coleta e do tratamento de esgoto diminui o lançamento de dejetos in natura nos afluentes e no Tietê, o que tende a melhorar gradualmente as condições da água, embora outros fatores também influenciem a qualidade do rio.
- As obras subterrâneas aumentam o risco de desabamentos? Projetos desse porte incluem estudos de solo, simulações e monitoramento em tempo real. Quando executados conforme as normas técnicas, buscam minimizar riscos para edificações e para a população.
- Até quando a cidade deve conviver com tantos canteiros abertos? Segundo os prazos divulgados, boa parte das intervenções mais visíveis se estende até 2027 e 2028, quando se espera que a maior parte da “cidade paralela” subterrânea esteja em operação.
