A criação de uma secretaria exclusiva para a ponte Salvador-Itaparica recoloca o projeto de infraestrutura no centro do debate público na Bahia. A nova estrutura, vinculada ao governo estadual, nasce com a missão de acompanhar a construção da que deverá ser a maior ponte sobre lâmina d’água da América Latina, executada por um consórcio de empresas chinesas e apontada como novo eixo de circulação entre Salvador e a Ilha de Itaparica, com impacto direto no sistema viário, na mobilidade regional e no turismo.
Como será a secretaria extraordinária da Ponte Salvador-Itaparica?
Instituída pelo governador Jerônimo Rodrigues, do PT, a Secretaria Extraordinária do Sistema Viário Oeste Ponte Salvador-Itaparica foi desenhada para atuar como comando único sobre o projeto, centralizando decisões e articulando órgãos estaduais. A pasta busca destravar pendências que contribuíram para o atraso do cronograma e tem caráter temporário, devendo existir apenas durante a fase de implantação da ponte e do sistema viário associado.
O custo de manutenção da secretaria é outro ponto em destaque: para 2025, o orçamento previsto é de cerca de R$ 1,4 milhão, valor que deve subir para R$ 5,1 milhões em 2026, principalmente com despesas de pessoal ligadas aos 33 cargos criados. A expectativa é que a estrutura seja extinta quando a obra for concluída e a concessão entrar em plena operação, mantendo o foco em gestão de prazo, custo e impactos urbanos até lá.
Quanto custará a Ponte Salvador-Itaparica e como será financiada?
A ponte Salvador-Itaparica é um projeto de grande porte, com 12,4 quilômetros de extensão sobre a Baía de Todos-os-Santos. O contrato original, assinado em 2020 com o consórcio liderado pelas chinesas China Railway 20th Bureau Group Corporation (CR20) e China Communications Construction Company (CCCC), previa investimento de cerca de R$ 5,3 bilhões, valor que precisou ser revisto após a pandemia de Covid-19.
Em 2025, o Tribunal de Contas do Estado da Bahia homologou um acordo que praticamente dobrou o custo da obra, agora estimado em R$ 10,4 bilhões. Desse montante, o governo baiano assumirá cerca de R$ 5,047 bilhões, além de uma contraprestação anual à concessionária de R$ 371 milhões nos primeiros dez anos de operação plena e de R$ 170 milhões nos 19 anos seguintes, em um modelo de parceria que compartilha riscos e remunera a prestação do serviço. Veja detalhes da ponte:
Como será o sistema viário com a Ponte Salvador-Itaparica pronta?
Mais do que uma ponte, o projeto envolve um redesenho do sistema viário oeste da Região Metropolitana de Salvador, com forte impacto na mobilidade diária de passageiros e no escoamento de cargas. A estimativa é que, após a conclusão, o tempo de deslocamento entre Salvador e a Ilha de Itaparica caia para cerca de 15 minutos, ante aproximadamente uma hora de ferry-boat ou até quatro horas por rodovia, dependendo do trânsito.
O empreendimento está dividido em cinco trechos principais, que estruturam o novo corredor de circulação entre a capital, a Baía de Todos-os-Santos e a malha rodoviária da ilha, com reflexos em cidades vizinhas:
- Trecho 1 – Acessos viários em Salvador: adequações e novas ligações para conectar a ponte ao sistema urbano da capital.
- Trecho 2 – Ponte Salvador–Ilha de Itaparica: estrutura principal, com 12,4 km sobre lâmina d’água.
- Trecho 3 – Chegada da ponte à Ilha de Itaparica: área de transição entre a ponte e a malha viária local.
- Trecho 4 – Nova variante rodoviária na ilha (desvio de Mar Grande): corredor para aliviar o tráfego no centro urbano.
- Trecho 5 – Recuperação e ampliação da BA-001: melhorias a partir da nova variante, nas proximidades de Cacha Prego, até a cabeceira da Ponte do Funil.
Quais os benefícios do projeto para a população?
Enquanto a estrutura principal ainda não começa a ser erguida, o consórcio avançou nas etapas preparatórias, com sondagem geotécnica na Baía de Todos-os-Santos durante cerca de 12 meses para subsidiar o projeto de fundações. Atualmente, estão em andamento a finalização desse projeto e a mobilização dos canteiros de obras, incluindo o uso do estaleiro São Roque do Paraguaçu, em Maragogipe, pertencente à Petrobras e há anos sem uso efetivo.
O próximo marco será o início efetivo das obras civis, como cravação de estacas, construção de pilares e implantação dos acessos viários, com expectativa oficial de conclusão somente após 2030. A secretaria extraordinária deve atuar na gestão do cronograma, na articulação com órgãos ambientais, de controle e prefeituras, e na integração da ponte com outras rodovias e rotas de transporte, acompanhando relatórios técnicos e ajustes financeiros e logísticos ao longo de toda a execução. Veja os impactos da obra:
| Área | Benefícios para a população |
|---|---|
| Mobilidade | • Redução do tempo de viagem para cerca de 15 minutos• Menor dependência do sistema de ferry-boat• Mais previsibilidade nos deslocamentos |
| Economia | • Geração de empregos diretos e indiretos• Estímulo a novos investimentos• Fortalecimento do comércio local |
| Desenvolvimento regional | • Integração da Ilha de Itaparica à Região Metropolitana de Salvador• Valorização imobiliária• Expansão urbana planejada |
| Turismo | • Acesso facilitado a praias e destinos turísticos• Aumento do fluxo de visitantes• Ampliação da oferta de serviços turísticos |
| Logística e serviços | • Melhoria no transporte de cargas• Redução de custos logísticos• Maior eficiência no acesso a serviços públicos |
| Qualidade de vida | • Menos tempo perdido em deslocamentos• Maior integração social e econômica• Novas oportunidades de renda |
FAQ sobre a Ponte Salvador-Itaparica
- A ponte Salvador-Itaparica terá pedágio? A proposta de concessão prevê a cobrança de tarifa para o uso da ponte, mas os valores e descontos ainda dependem de regulamentações e ajustes contratuais ao longo da implantação.
- Quem será responsável pela manutenção da ponte após a inauguração? A manutenção ficará a cargo da concessionária formada pelo consórcio de empresas chinesas, que administrará a ponte durante o período previsto em contrato.
- O ferry-boat entre Salvador e Itaparica será desativado? Não há determinação oficial de encerramento da travessia marítima; a tendência é de readequação da oferta, com possível redução de viagens ou mudança de foco para outros tipos de transporte.
- Quais cidades serão mais impactadas pela nova ligação viária? Além de Salvador e da própria Ilha de Itaparica, municípios como Vera Cruz, Jaguaripe, Nazaré e regiões próximas à BA-001 devem registrar mudanças no fluxo econômico e na circulação de veículos.