O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou um aporte de R$ 1,05 bilhão em uma nova ferrovia de 86,7 quilômetros destinada ao escoamento da produção de celulose da Eldorado Brasil, controlada pelo grupo J&F, dos empresários Wesley e Joesley Batista, também responsáveis pela JBS, em uma estratégia que busca ampliar a infraestrutura ferroviária do país, reduzir custos logísticos e aumentar a competitividade do setor de papel e celulose.
Como será o investimento do BNDES na nova ferrovia da Eldorado?
Segundo o banco de fomento, o apoio financeiro será estruturado em duas frentes principais, combinando mercado de capitais e crédito direto. Esse modelo busca reduzir riscos, atrair investidores privados e garantir previsibilidade ao cronograma do projeto ferroviário.
A maior parte, de R$ 1 bilhão, virá por meio da subscrição de debêntures de infraestrutura, títulos emitidos para projetos de longo prazo em logística, energia e outros segmentos. Além disso, haverá um financiamento adicional de R$ 50 milhões via linha Finem, tradicional do BNDES para grandes empreendimentos.
Como a ferrovia deve reduzir caminhões e emissões?
Um dos objetivos centrais da ferrovia é substituir cerca de 50 mil viagens de caminhões por ano no transporte de celulose, hoje concentrado no modal rodoviário. A nova linha ligará a fábrica em Três Lagoas (MS) ao terminal em Aparecida do Taboado (MS), conectando-se ao corredor de Rondonópolis (MT) ao Porto de Santos (SP).
Ao migrar parte relevante da carga para o transporte ferroviário, a empresa tende a reduzir custos por tonelada, diminuir riscos de atrasos e contribuir para a descarbonização da cadeia logística, já que trens em geral emitem menos CO2 por tonelada-quilômetro do que caminhões. Veja os impactos:
| Aspecto | Impacto estimado |
|---|---|
| Extensão | 86,7 km de trilhos no MS conectando fábrica a corredor logístico ferroviário. |
| Redução de caminhões | Cerca de 50 mil viagens de caminhões por ano serão substituídas por transporte ferroviário. |
| Emissões de CO₂ | Queda significativa, estimativa de redução de 87% nas emissões ligadas ao transporte da carga ao longo da rota. |
| Competitividade logística | Menor custo por tonelada transportada que o modal rodoviário. |
| Empregos | Mais de 3 mil empregos diretos e indiretos durante obras e operação inicial. |
Quais serão os principais impactos logísticos e econômicos da nova ferrovia?
A conexão direta à malha ferroviária até o Porto de Santos fortalece um dos corredores logísticos mais importantes do país, dando mais previsibilidade de fretes e prazos. Isso contribui para aumentar a competitividade internacional da celulose brasileira, hoje entre as maiores produções globais, atrás apenas de Estados Unidos e China.
O projeto também deve gerar mais de 3 mil postos de trabalho diretos e indiretos na fase de obras, envolvendo construção pesada, montagem de trilhos e serviços de apoio nas cidades do entorno. Além disso, a menor dependência de rodovias tende a reduzir desgaste de pistas e congestionamentos em trechos críticos de escoamento:
- Substituição de 50 mil viagens de caminhão ao ano na logística de celulose;
- Redução de emissões de gases de efeito estufa na rota de exportação;
- Menor desgaste de rodovias e redução de congestionamentos em áreas-chave.
O que muda com o regime de autorização ferroviária para o projeto?
O investimento na ferrovia da Eldorado é o primeiro projeto do BNDES em regime de autorização ferroviária, modelo em que a iniciativa privada propõe, constrói, opera e mantém a ferrovia mediante autorização do governo federal. Nesse formato, a empresa assume os riscos de demanda e de investimento, sem necessidade de licitação tradicional.
Esse arranjo regulatório tende a acelerar a expansão da malha ferroviária, permitindo traçados sob medida para cadeias produtivas específicas, como a celulose em Mato Grosso do Sul. Para o BNDES, o modelo abre espaço para mais capital privado, menor dependência de orçamento público e maior flexibilidade na estruturação financeira:
- Empresa privada apresenta o projeto ferroviário ao governo;
- Governo avalia a viabilidade e concede a autorização;
- Investimentos são estruturados com capital próprio, debêntures e financiamentos;
- A ferrovia é construída, operada e mantida pelo autorizatário.
FAQ sobre a ferrovia da Eldorado e o financiamento do BNDES
- A ferrovia poderá ser usada por outras cargas além da celulose? A autorização é voltada prioritariamente à celulose da Eldorado, mas, conforme o arranjo regulatório e contratos futuros, o traçado pode vir a atender outras cargas compatíveis, caso haja capacidade ociosa e acordos comerciais.
- Quando a ferrovia deve entrar em operação? O prazo exato depende do cronograma de obras, licenças ambientais e testes, mas projetos desse porte costumam levar alguns anos entre a contratação do financiamento e o início da operação plena.
- Como os investidores se beneficiam das debêntures de infraestrutura? As debêntures de infraestrutura oferecem, em geral, benefícios tributários a pessoas físicas e jurídicas, além de remuneração atrelada ao risco do projeto, o que pode atrair investidores interessados em renda fixa de longo prazo.
- O projeto altera algo na produção industrial da Eldorado? A iniciativa é focada na logística de escoamento, não na fábrica em si. A tendência é que a melhora no transporte permita otimizar o fluxo de exportação e a previsibilidade de embarques, sem mudar diretamente o processo produtivo.