A decisão recente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de determinar o recolhimento de três marcas de pó para preparo de bebida sabor café acendeu um alerta entre consumidores e órgãos de fiscalização, sobretudo pela segurança alimentar, pela presença de contaminantes e pela necessidade de clareza nas informações dos rótulos desses produtos que imitam o café tradicional, mas não são café puro.
O que aconteceu com o recolhimento do pó para preparo de bebida sabor café?
A Anvisa determinou o recolhimento imediato de três produtos classificados como pó para preparo de bebida sabor café, todos produzidos por empresas diferentes. A medida envolve o produto da Master Blends Indústria de Alimentos Ltda, o pó sabor café tradicional da marca Melissa (D M Alimentos Ltda) e o pó sabor café preto da marca Pingo Preto (Jurerê Caffe Comércio de Alimentos Ltda), proibidos de fabricação, comércio, distribuição, divulgação e consumo em todo o país.
De acordo com laudos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), as amostras apresentaram níveis elevados de ocratoxina A, toxina produzida por fungos em grãos mal armazenados. Também foram identificadas matérias estranhas, como cascas, resíduos de café e componentes não declarados de forma adequada na rotulagem, revelando falhas no controle de qualidade e risco ao consumidor.
Por que o pó para preparo de bebida sabor café é motivo de preocupação?
O pó para preparo de bebida sabor café pertence a uma categoria diferente do café torrado e moído tradicional, podendo conter misturas, aromatizantes e outros ingredientes. Nos casos investigados, além de contaminantes, foram constatadas falhas em boas práticas de fabricação e indícios de fraude na composição, o que amplia o potencial de danos à saúde e à confiança do consumidor.
O Mapa e a fiscalização oficial apontaram uso de matérias-primas de qualidade inadequada, presença de contaminantes físicos e biológicos e inclusão de ingredientes não informados. A adição de cevada, milho ou outros substitutos, quando não declarada com transparência, é caracterizada como fraude e afronta o direito básico à informação clara.
Como a embalagem e o preço podem confundir o consumidor?
Muitas embalagens desses produtos são visualmente semelhantes às de café tradicional, com cores, imagens e formatos que remetem ao café puro. A expressão “pó para preparo de bebida sabor café”, que revela a verdadeira natureza do item, costuma aparecer em letras pequenas na parte inferior do rótulo, o que facilita equívocos em compras rápidas no mercado.
O preço mais baixo reforça essa confusão, já que pacotes de 500 gramas são encontrados por valores em torno de R$ 13,99, abaixo de muitas marcas de café torrado e moído. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), a combinação de visual semelhante e preço reduzido cria um ambiente propício a enganos, dificultando uma comparação justa e informada entre os produtos.
Como identificar café verdadeiro e evitar fraudes na compra?
Para reduzir riscos e evitar fraudes, o consumidor precisa adotar uma leitura atenta dos rótulos e observar alguns pontos específicos na embalagem. Esses cuidados ajudam a diferenciar o café tradicional do pó para preparo de bebida sabor café e a reconhecer produtos potencialmente irregulares ou de qualidade duvidosa.
- Verificar a denominação de venda: buscar a expressão “café torrado e moído” de forma clara e destacada.
- Observar termos genéricos: atenção a frases como “pó para preparo de bebida sabor café” ou “mistura para bebida”, que indicam outra categoria de produto.
- Ler a lista de ingredientes: café puro, em regra, deve trazer apenas café como ingrediente, sem outros grãos ou substitutos.
- Desconfiar de preços muito abaixo da média: valores excessivamente reduzidos podem indicar mistura, baixa qualidade ou fraude.
- Checar a procedência: conferir nome da empresa, CNPJ, registros oficiais e selos de programas de qualidade reconhecidos.
Qual é o papel do consumidor na segurança dos produtos à base de café?
O episódio envolvendo o pó para preparo de bebida sabor café reforça a importância da participação ativa de quem compra e consome. A fiscalização é contínua, mas a identificação de irregularidades no dia a dia depende da atenção do público ao rótulo, ao aspecto do produto e ao comportamento dos estabelecimentos comerciais, especialmente quando há promoções muito agressivas.
Caso o consumidor encontre algum dos produtos alvo de recolhimento ainda à venda, o Ministério da Agricultura orienta registrar denúncia na plataforma Fala.BR, com nome e endereço do estabelecimento. Quem adquiriu esses itens pode solicitar substituição ou ressarcimento com base no Código de Defesa do Consumidor, contribuindo para um mercado mais transparente e para a inibição de práticas fraudulentas.
