O caso envolvendo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o Banco Master e o Banco Central passou a integrar a lista de episódios mais observados do sistema financeiro brasileiro em 2025, ao expor a relação entre autoridades dos três Poderes, instituições financeiras e órgãos de controle, especialmente após a revelação de que Moraes teria procurado diretamente o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para tratar dos interesses do Banco Master.
Como Alexandre de Moraes teria atuado no caso Banco Master?
Segundo informações divulgadas pela coluna de Malu Gaspar, em O Globo, Alexandre de Moraes teria feito ao menos quatro contatos com Galípolo para tratar da situação do banco de Daniel Vorcaro. O foco das conversas era a venda do Banco Master para o Banco Regional de Brasília (BRB), já acompanhada pelos técnicos do Banco Central devido a indícios de irregularidades.
De acordo com as reportagens, Moraes buscou Galípolo em três conversas telefônicas e em um encontro presencial para tratar especificamente do Banco Master. Nessas ocasiões, o ministro teria pedido informações sobre o andamento da operação e, em determinado momento, solicitado que a venda fosse aprovada, enquanto sua esposa, Viviane Barci de Moraes, mantinha um contrato com o banco avaliado em cerca de 130 milhões de reais.
O que estava em jogo na venda do Banco Master para o BRB?
O Banco Master tornou-se o centro de uma operação de venda para o BRB que acabou sob investigação interna no Banco Central. Técnicos da autarquia identificaram irregularidades em um repasse de aproximadamente 12,2 bilhões de reais em créditos do Master para o BRB, classificados como suspeitos.
Conforme relatado por O Globo, Gabriel Galípolo informou a Moraes que as equipes técnicas haviam encontrado indícios de fraudes nessas transferências de créditos. Diante dessa resposta, o ministro teria reconhecido que, se confirmadas as irregularidades, não haveria condições de o Banco Central autorizar a venda, elevando o caso ao patamar de supervisão bancária e possível responsabilidade criminal.
Por que a Operação Compliance Zero colocou o Banco Master sob suspeita?
A situação do Banco Master ganhou novo capítulo em 18 de novembro, com a deflagração da Operação Compliance Zero pela Polícia Federal. A ação buscou desarticular um esquema de emissão de títulos de crédito supostamente falsos envolvendo instituições do Sistema Financeiro Nacional, incluindo o controlador do Banco Master, Daniel Vorcaro, preso no aeroporto de Guarulhos.
Segundo a Polícia Federal, Vorcaro pretendia deixar o Brasil com destino à Europa, versão contestada pela defesa, que alegou viagem ao Catar para negociar a venda do próprio banco. A operação policial envolveu um amplo conjunto de medidas, distribuídas por diferentes estados brasileiros:
- Cinco mandados de prisão preventiva;
- Dois mandados de prisão temporária;
- Vinte e cinco mandados de busca e apreensão;
- Outras medidas cautelares autorizadas pela Justiça.
As diligências foram cumpridas em Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal, com foco em entender o funcionamento do esquema de emissão de títulos de crédito e seu impacto no balanço do Banco Master, em outras instituições e no mercado de capitais.
Quais são os impactos institucionais e financeiros?
O episódio levanta questões sobre a relação entre autoridades de alta cúpula do Judiciário e o sistema financeiro, sobretudo quando há interesses cruzados envolvendo contratos privados e decisões regulatórias sensíveis. A atuação técnica do Banco Central aparece como elemento central no controle de riscos e na proteção do sistema financeiro diante de suspeitas de fraudes relevantes.
O caso Banco Master e a prisão de Daniel Vorcaro também reforçam a atenção sobre o papel da Polícia Federal e de operações especiais, como a Compliance Zero, na fiscalização da emissão de títulos de crédito. Para o mercado, situações assim geram preocupação com credibilidade, governança e transparência nas relações entre instituições públicas e privadas, podendo afetar a confiança de investidores.
FAQ sobre o caso Banco Master e Alexandre de Moraes
- O que é o Banco Master? Instituição financeira privada que atuava em operações de crédito e mercado de capitais e que se tornou foco de investigações por suspeitas de fraudes em repasses de créditos e emissão de títulos.
- Quem é Daniel Vorcaro no contexto do caso? Ele é apontado como dono e controlador do Banco Master e foi preso na Operação Compliance Zero, acusado de participação em um esquema de emissão de títulos de crédito falsos.
- Qual a relação da esposa de Alexandre de Moraes com o Banco Master? Segundo reportagens, Viviane Barci de Moraes tinha um contrato com o Banco Master estimado em cerca de 130 milhões de reais, o que adicionou relevância às conversas de Moraes com o Banco Central.
- A venda do Banco Master para o BRB chegou a ser aprovada? Segundo as informações divulgadas, a operação enfrentou resistência após a identificação de possíveis fraudes nos créditos repassados ao BRB, o que impediu o avanço regular do negócio.