O maior alargamento de praia do Brasil, em execução na orla de Itapoá, no Norte de Santa Catarina, já passou da metade do percurso planejado. A intervenção, que se concentra em uma faixa total de cerca de 8 quilômetros, chama atenção pelo porte, pela tecnologia envolvida, pelo reaproveitamento de sedimentos da dragagem da Baía Babitonga e pelo modelo de parceria entre setor público e privado.
Como está sendo o maior alargamento de praia do Brasil em Itapoá?
Na orla de Itapoá, o alargamento atinge cerca de 8 quilômetros de extensão contínua, dos quais mais de 5 quilômetros já receberam nova faixa de areia. Aproximadamente 2,75 milhões de metros cúbicos de sedimentos foram lançados na praia, o que representa cerca de 57% do total previsto de 5,8 milhões de metros cúbicos.
O projeto utiliza areia reaproveitada da dragagem do canal de acesso à Baía Babitonga, reduzindo desperdícios e integrando recuperação da orla e modernização portuária. Estudos de compatibilidade de sedimentos, granulometria e dinâmica costeira orientam a execução, com monitoramento ambiental permanente para garantir estabilidade e durabilidade da nova faixa de areia. Veja os detalhes sobre o andamento das obras no vídeo divulgado pelo youtuber LEANDRO LS, via Instagram (@leandrols01):
Como a dragagem da Baía Babitonga abastece o alargamento?
A dragagem da Baía Babitonga é o eixo logístico que viabiliza o alargamento da praia, em contrato de cerca de R$ 333 milhões, em modelo de parceria público-privada entre o Porto de São Francisco do Sul e o município de Itapoá. O canal é aprofundado de 14 para 16 metros, com retirada estimada de 12,5 milhões de metros cúbicos de sedimentos para permitir a operação de navios de até 366 metros com carga máxima.
Uma parcela desse volume é direcionada à orla de Itapoá para recompor a faixa de areia, enquanto o excedente, estimado em cerca de 6 milhões de metros cúbicos, é descartado em área de “bota-fora” em alto-mar licenciada pelo Ibama. Essa integração entre dragagem e alargamento de praia é considerada inédita em escala nacional, por conectar diretamente obras portuárias e recuperação costeira.
Como funciona a draga Galileo Galilei no alargamento de Itapoá?
A draga Galileo Galilei, construída em 2020 e classificada como draga de sucção com autotransporte, é o principal equipamento do projeto. Com bandeira de Luxemburgo e capacidade de cerca de 18 mil metros cúbicos de sedimentos por viagem, a embarcação já realizou mais de 260 ciclos de carregamento e descarga somente nesta obra.
O processo de dragagem e deposição de areia segue etapas padronizadas, que envolvem sucção no fundo do mar, transporte no hopper interno e lançamento na orla por meio de tubulações pressurizadas. Abaixo, estão as principais fases operacionais da Galileo Galilei:
- um tubo de sucção é posicionado no fundo do mar;
- bombas de alta potência sugam a mistura de solo e água;
- esse material é armazenado no hopper, espécie de porão interno da draga;
- depois, a embarcação navega até a área próxima à praia e descarrega a areia na tubulação;
- a tubulação leva os sedimentos até a faixa de areia, onde ocorre a distribuição final.
Quais os benefícios do projeto em Itapoá para a região?
O alargamento em Itapoá está diretamente ligado à reconfiguração urbana e portuária da região Norte de Santa Catarina, ao ampliar a faixa de areia e reduzir a exposição da orla às ressacas. Ao mesmo tempo, o aprofundamento do canal da Baía Babitonga reposiciona o complexo portuário em termos de competitividade, permitindo a chegada de embarcações maiores com mais segurança.
Entre os impactos apontados por técnicos e planejadores estão a proteção da infraestrutura urbana, a criação de novas possibilidades de uso turístico da orla e a integração entre investimentos costeiros e logísticos. O projeto ainda prevê monitoramento ambiental contínuo para acompanhar a evolução da praia e os efeitos sobre a dinâmica marinha regional.
| Aspecto / Impacto | Antes do Alargamento | Depois do Alargamento |
|---|---|---|
| Espaço físico na praia | Faixa de areia mais estreita, limita atividades e conforto de banhistas | Praia ampliada em dezenas de metros, mais espaço para recreação e público na alta temporada |
| Atração turística | Turismo condicionado ao espaço limitado e erosão costeira | Maior atratividade da orla, potencial para aumento de visitantes e melhor experiência turística |
| Proteção costeira | Alta suscetibilidade à erosão e ressacas, risco para infraestrutura | Faixa mais larga absorve energia das ondas, reduzindo impactos da erosão e protegendo a costa |
| Economia local | Negócios turísticos e imobiliários com potencial limitado pela erosão | Dinamização da economia local, geração de emprego e estímulo ao comércio e serviços |
| Valorização imobiliária | Propriedades próximas à praia vulneráveis à erosão | Valorização de imóveis pela maior atratividade da orla |
| Infraestrutura portuária | Canal mais raso e estreito, restrições logísticas | Dragagem integrada amplia acesso portuário e permite navios maiores, beneficiando logística regional |
| Capacidade de eventos e uso comunitário | Limitações para grandes eventos e uso intenso | Mais espaço para eventos, esportes e atividades comunitárias ao longo da orla |
FAQ sobre o alargamento de praia em Itapoá
- Itapoá terá faixa de areia definitiva após o alargamento? A tendência é de estabilização ao longo do tempo, mas intervenções futuras podem ser necessárias, dependendo da evolução da erosão costeira e das ressacas mais intensas.
- Qual é a profundidade final do canal da Baía Babitonga após a dragagem? O canal passa de cerca de 14 para 16 metros de profundidade, permitindo a entrada de navios de maior porte com mais segurança operacional e melhor aproveitamento de carga.
- A área de “bota-fora” da areia é fiscalizada? A região em alto-mar usada como área de descarte é indicada e licenciada pelo Ibama, com exigência de monitoramento periódico para avaliar possíveis impactos no ambiente marinho.
- Por que o projeto é considerado inédito no Brasil? Porque, pela primeira vez, sedimentos retirados de uma dragagem de canal de acesso portuário são reaproveitados em grande escala para recuperação da orla, integrando diretamente obra portuária e alargamento de praia.