A Ferrovia Transnordestina atingiu um marco inédito em sua trajetória: pela primeira vez, todos os 19 lotes da obra estão contratados. Na última quinta-feira (11/12), a autorização para o início dos serviços de infraestrutura nos lotes MVP 9 e 10, que abrangem os trechos de Baturité e Aracoiaba, no Ceará, completou o conjunto de contratos necessários para que a ferrovia chegue até o Porto do Pecém, consolidando o traçado entre o interior do Piauí e o litoral cearense.
Quais os avanços recentes da Ferrovia Transnordestina?
O anúncio de que a Transnordestina tem 100% dos lotes contratados indica que todos os segmentos da Fase I, entre Paes Landim (PI) e o Porto do Pecém (CE), já possuem empresas definidas para execução. Ao todo, são 19 lotes funcionais, somando 1.061 quilômetros, com cerca de 79% de avanço físico e 676 quilômetros concluídos.
Os lotes MVP 9 e 10, na região norte do Ceará, completam a ligação ferroviária até o terminal portuário cearense e permitem a operação de dez frentes de obras em paralelo. A expectativa é de concluir a Fase I até 2027, com capacidade para transportar grãos, algodão, minérios, gesso e contêineres, reforçando o Nordeste como corredor logístico integrado. Veja os detalhes das obras no vídeo divulgado pelo Governo do Ceará no Instagram:
Como está estruturado o financiamento da Ferrovia Transnordestina?
O avanço recente da Transnordestina está ligado à estrutura de financiamento montada a partir de 2023, coordenada pela Secretaria Nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros (SNFI), do MIDR. O investimento previsto para os 19 lotes da Fase I é de cerca de R$ 8 bilhões, dos quais R$ 4,4 bilhões correspondem à contribuição da pasta.
Essa participação se apoia principalmente no Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), com termo aditivo de R$ 3,6 bilhões firmado em 2025, e nos recursos do leilão dos ativos do Finor, que gerou cerca de R$ 816,6 milhões em ações preferenciais da TLSA. Somam-se a isso cerca de R$ 4,5 bilhões em contratos já mobilizados pela concessionária e a previsão de Fase II no Piauí, com 151 quilômetros a serem concluídos até 2028.
Quais impactos regionais a ferrovia pode gerar até 2028?
A ferrovia Transnordestina é considerada a maior obra linear em andamento no Brasil e tende a redesenhar o mapa logístico do Nordeste ao conectar áreas agrícolas e minerais de Piauí, Ceará e Pernambuco ao Porto do Pecém. A prioridade é o transporte de commodities como soja, milho, algodão, minério de ferro, gesso e derivados, além de contêineres com produtos diversos.
Espera-se redução de custos logísticos, aumento da competitividade regional e atração de novas indústrias ao longo do traçado, além de início da operação entre Bela Vista do Piauí e Iguatu, com 580 quilômetros, após licença ambiental do Ibama. No campo social, obras em municípios cearenses podem gerar até 2 mil empregos diretos adicionais, somando-se aos cerca de 4 mil já envolvidos, com impactos positivos em serviços, comércio e moradia temporária. Veja os impactos do projeto:
- Geração de empregos durante obras e operação
- milhares de empregos diretos e indiretos derivados da construção e serviços associados. Estimativas apontam que obras envolvem milhares de postos; no pico pode chegar a cerca de 8 000 trabalhadores envolvidos no canteiro de obras.
- Redução de custos logísticos para produtores
- transporte ferroviário tende a ser mais barato e eficiente que rodoviário para cargas pesadas como grãos, minérios e fertilizantes, diminuindo o custo do frete e aumentando a competitividade dos produtos.
- Aumento da arrecadação tributária local
- com mais atividade econômica e circulação de mercadorias, há expectativas de crescimento na arrecadação de ICMS e outros tributos nas cidades por onde a ferrovia passa.
- Contribuição ao PIB regional
- projeto pode impactar positivamente o PIB do semiárido nordestino em vários bilhões de reais (estimativas de até cerca de R$ 7 bi/ano em atividade econômica ligada ao corredor logístico).
Por que a Transnordestina é estratégica para o Nordeste?
A Transnordestina Logística é tratada como projeto prioritário no Novo PAC, em razão do seu potencial de escoamento de produção e integração multimodal com rodovias, hidrovias e portos. A ferrovia oferece alternativa de transporte de alta capacidade e menor custo por tonelada em longas distâncias, favorecendo o aumento de exportações pelo Porto do Pecém e a inserção do Nordeste nas cadeias globais de suprimentos.
Com 100% dos lotes contratados, cronograma revisado e fontes de financiamento definidas, a principal expectativa recai sobre a execução em campo até 2027 e 2028. O desempenho dessa etapa indicará o ritmo de transformação logística e econômica que a ferrovia poderá proporcionar às regiões produtoras hoje menos conectadas. Veja os benefícios da ferrovia:
| Aspecto | Antes da Transnordestina | Depois da Transnordestina |
|---|---|---|
| Logística | • Dependência do transporte rodoviário• Fretes mais caros e lentos | • Integração ferroviária aos portos• Frete mais barato e previsível |
| Competitividade | • Produtos menos competitivos no mercado externo | • Redução de custos de exportação |
| Produção regional | • Escoamento limitado de grãos e minérios | • Maior escala e regularidade no escoamento |
| Portos | • Subutilização logística | • Integração com Suape e Pecém |
| Desenvolvimento | • Menos investimentos no interior | • Atração de indústrias e empregos |
| Sustentabilidade | • Mais emissões e desgaste das rodovias | • Transporte mais eficiente e limpo |
| Integração regional | • Baixa conexão entre estados | • Integração econômica do Nordeste |
FAQ sobre a Ferrovia Transnordestina
- A Ferrovia Transnordestina terá transporte de passageiros? Atualmente, o projeto é voltado ao transporte de cargas de alto volume e não prevê operação regular de passageiros.
- Quais estados serão diretamente atendidos pela Transnordestina? A malha concedida atende diretamente Ceará, Piauí e Pernambuco, com possibilidade de integração futura a outros estados por meio de conexões rodoviárias e ferroviárias.
- Quem é responsável pela construção e operação da ferrovia? A construção e a futura operação são de responsabilidade da concessionária Transnordestina Logística S.A. (TLSA), sob regulação do governo federal.
- Qual é o prazo atual para conclusão total do projeto? A Fase I, entre Paes Landim e o Porto do Pecém, tem previsão de conclusão até 2027, enquanto a Fase II, de expansão no Piauí, está estimada para ser entregue em 2028.
