O início das obras de mais de 1.400 km de linhas de transmissão no Ceará abre uma nova fase para a infraestrutura energética do estado e do Nordeste. O projeto, avaliado em cerca de R$ 3,6 bilhões e executado pela AXIA Energia, integra os Lotes 03 e 05 do Leilão 01/2024 da Aneel, buscando eliminar um gargalo antigo na rede de transmissão e criar condições para que a energia renovável gerada na região chegue com mais segurança a indústrias, data centers e novos empreendimentos.
Qual é a importância do reforço na infraestrutura de transmissão do Ceará?
O governo estadual destaca o reforço na malha de transmissão como peça-chave para a estratégia de desenvolvimento econômico. Ao ampliar a capacidade de envio de energia, o Ceará pretende assegurar fornecimento estável para projetos de hidrogênio verde, operações de tecnologia e novas indústrias em implantação ou negociação.
A antecipação do cronograma pela AXIA, com início das obras ainda em 2025, reduz o intervalo entre planejamento e impactos práticos na economia. Esse movimento fortalece a confiança de investidores e melhora a competitividade do estado em atrair empreendimentos intensivos em energia. Veja os benefícios para a região:
| Aspecto / Critério | Antes das Obras | Depois das Obras (com R$3,6 bi e ~1.400 km) |
|---|---|---|
| Capacidade de Transmissão | Limitada – gargalos no envio de energia, especialmente renovável, para as cargas demandadas no estado e região. | Aumento significativo da capacidade de transmissão de energia elétrica no Ceará e no Nordeste. |
| Suporte à Geração Renovável | Restrito pela infraestrutura atual, que pode não absorver totalmente novos projetos eólicos/solares. | Melhor integração de energias renováveis ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e escoamento da energia produzida. |
| Atração de Investimentos e Indústrias | Infraestrutura insuficiente pode limitar a instalação de grandes empreendimentos (ex.: hidrogênio verde, data centers). | A infraestrutura reforçada facilita a atração de empresas e grandes projetos (como data centers e indústria de hidrogênio verde). |
| Qualidade e Segurança do Fornecimento | Riscos maiores de instabilidade e limitações no atendimento às demandas crescentes. | Fornecimento mais confiável e seguro para consumidores residenciais e industriais. |
| Geração de Empregos | Menor número de oportunidades diretas ligadas ao setor elétrico e cadeias correlatas. | Criação estimada de milhares de empregos diretos enquanto as obras avançam. |
| Desenvolvimento Regional | Desenvolvimento econômico mais lento, devido a limitações na infraestrutura energética. | Impulso ao desenvolvimento regional com novas conexões estruturantes e maior competitividade. |
| Contribuição para o SIN | Conexões existentes sem grandes expansões estruturantes. | Novos corredores fortalecem a malha elétrica em nível regional e nacional. |
Como será o investimento bilionário nas linhas de transmissão?
O investimento bilionário em linhas de transmissão envolve mais de 1.400 km de novas estruturas, criando rotas adicionais de transporte de energia no Ceará e em outros estados do Nordeste. As obras são consideradas essenciais para escoar a produção de usinas eólicas e solares, hoje limitada por gargalos na rede.
O Lote 03, totalmente cearense, contempla cerca de 304 km em tensões de 500 kV e 230 kV, interligando subestações como Morada Nova, Pacatuba, Russas II e pontos em Tabuleiro do Norte e Banabuiú. Já o Lote 05, com aproximadamente 1.116 km, formará um corredor elétrico entre Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e trechos do Piauí.
Como o investimento em transmissão transforma o ambiente de negócios?
O impacto desse investimento vai além do setor elétrico, servindo de base para consolidar o Ceará como polo de hidrogênio verde. Atividades eletrointensivas dependem de fornecimento constante e previsível, o que permite planejar expansões ao longo da próxima década com menor risco regulatório e operacional.
Segmentos como data centers também são diretamente beneficiados, a exemplo do futuro centro de dados do TikTok no Ceará, em parceria com Casa dos Ventos e Omnia. Na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, no Complexo do Pecém, dez projetos autorizados em áreas como siderurgia e combustíveis limpos exigem infraestrutura energética robusta para crescer com segurança. Veja os impactos para a região:
- Redução de riscos para investidores
Amplia a segurança energética e diminui gargalos de escoamento, tornando o estado mais previsível para novos projetos industriais e de geração renovável. - Atração de novos empreendimentos
Ao fortalecer a infraestrutura elétrica, o Ceará torna-se mais competitivo para receber parques solares e eólicos, além de indústrias de alto consumo energético. - Valorização dos ativos existentes
Usinas renováveis já instaladas ganham maior capacidade de entrega ao SIN, reduzindo corte de energia e melhorando retorno financeiro. - Estímulo à cadeia produtiva local
Obras movimentam setores como construção, logística, serviços e engenharia, gerando empregos e ampliando o mercado regional. - Integração estratégica com hubs de exportação
Melhora a base energética para projetos ligados ao Porto do Pecém, atraindo empresas de hidrogênio verde e indústrias globais com foco em descarbonização. - Reforço da imagem do Ceará como polo energético
Consolida o estado como referência em infraestrutura elétrica e em ambiente regulatório favorável, aumentando a confiança de investidores nacionais e internacionais.
Quais empregos e prazos são previstos para as obras?
Os efeitos econômicos aparecem também na geração de trabalho direto e indireto em diversas regiões cearenses. A AXIA Energia estima cerca de 2.400 empregos diretos ao longo do ciclo de obras, distribuídos entre atividades de construção, montagem de estruturas, serviços de apoio e comissionamento das instalações.
O cronograma regulatório da Aneel prevê conclusão do Lote 03 até junho de 2029 e do Lote 05 até dezembro do mesmo ano. Entre 2025 e 2028, haverá maior concentração de frentes de trabalho, enquanto o Ministério de Minas e Energia prepara novos leilões de transmissão para 2026, sinalizando continuidade da expansão da rede nacional. Veja o anúncio do projeto divulgado pela Secretaria da Infraestrutura do Ceará no Instagram:
FAQ sobre novas obras no Ceará
- Por que o Ceará era considerado um estado com gargalo em transmissão? Porque a expansão da geração renovável avançou mais rápido do que a construção de novas linhas, o que limitava a quantidade de energia que podia ser enviada para outras regiões ou absorvida por novos grandes consumidores.
- Essas linhas vão reduzir o risco de apagão? Elas ajudam a diminuir o risco de sobrecarga e falhas em determinados trechos da rede, tornando o fluxo de energia mais distribuído e flexível, o que contribui para maior segurança do sistema elétrico.
- Como os municípios impactados participam das obras? Em geral, os municípios recebem canteiros de obras, circulação de equipes e contratação de serviços locais, além de arrecadação de tributos ligados à instalação da infraestrutura.
- O que acontece depois que as linhas entram em operação? Após os testes e a energização, as linhas passam a integrar o Sistema Interligado Nacional, sendo operadas de forma coordenada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para atender à demanda das regiões conectadas.