O alerta sobre o escudo de Chernobyl reacendeu a atenção mundial para uma área que simboliza os riscos da energia nuclear. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à ONU, informou que a estrutura atualmente instalada sobre o reator acidentado já não garante a plena contenção da radiação, após ter sido atingida por um ataque de drone em fevereiro de 2025, conectando segurança ambiental, guerra e proteção de instalações nucleares sensíveis.
O que aconteceu com o escudo de Chernobyl em 2025?
Segundo a AIEA, o Novo Confinamento Seguro (NSC) foi “severamente danificado” por um ataque de drone em 14 de fevereiro de 2025. O impacto teria provocado um incêndio e afetado o revestimento protetor externo, reduzindo a capacidade do escudo de conter o material radioativo, embora os sistemas de monitoramento interno permaneçam operacionais.
A Ucrânia atribuiu o ataque à Rússia, acusação rejeitada pelo Kremlin, e equipes locais realizaram reparos temporários no teto. A AIEA aponta, porém, que funções-chave de segurança foram comprometidas, como a barreira física contra a liberação de partículas e a proteção contra intempéries que aceleram a corrosão de materiais internos, exigindo medidas estruturais duradouras.
Quais são os riscos atuais do escudo de Chernobyl?
Segundo o relatório mais recente da AIEA, não há indícios de vazamento descontrolado, mas houve perda de margens importantes de segurança. As estruturas de sustentação e os sistemas de monitoramento seguem funcionalmente íntegros, permitindo acompanhar eventuais alterações nos níveis de radiação em tempo quase real.
Diante desse cenário, a agência recomenda uma grande reforma do Novo Confinamento Seguro, aliada a um plano de gerenciamento de riscos de longo prazo. Especialistas indicam frentes prioritárias de atuação, que envolvem tanto engenharia quanto coordenação política e financeira internacional:
- Reforço estrutural do arco de aço, com substituição de painéis danificados e revisão completa do teto;
- Modernização do monitoramento de radiação e da ventilação interna, para evitar acúmulo e dispersão de poeira radioativa;
- Planejamento de longo prazo para novas etapas de descontaminação e remoção gradual de resíduos, quando tecnicamente possível e seguro.
Por que o escudo é essencial para a segurança nuclear global?
O escudo protetor de Chernobyl foi concebido como a maior estrutura móvel terrestre do mundo, um arco metálico capaz de cobrir totalmente o reator 4 destruído e o antigo “sarcófago” de concreto. Construído entre 2010 e 2019, foi planejado para durar cerca de 100 anos, permitindo trabalhos de limpeza interna e desmontagem progressiva com menor exposição à radiação.
A relevância da estrutura se explica pelo histórico do acidente de 26 de abril de 1986, quando a explosão do reator 4 lançou nuvens radioativas sobre a Ucrânia, Belarus, Rússia e outros países europeus. A contenção atual reduz a dispersão de poeira contaminada, limita a necessidade de intervenções frequentes em áreas de alta dose e é vista por organismos internacionais como um pilar da segurança nuclear europeia.
Como a guerra na Ucrânia afeta a segurança em Chernobyl?
Desde o início da invasão em grande escala em 2022, Chernobyl passou a figurar também no mapa militar, com tropas russas ocupando temporariamente a usina e áreas vizinhas. Esse episódio interrompeu rotinas normais de trabalho, colocou funcionários sob estresse prolongado e evidenciou a vulnerabilidade de instalações nucleares em zonas de guerra ativa.
A AIEA mantém presença permanente no local e afirma que continuará oferecendo suporte técnico para restaurar plenamente a segurança nuclear, incluindo recomendações sobre proteção física reforçada e rotas de acesso seguras. A combinação entre infraestrutura nuclear envelhecida e conflitos armados mostra que danos indiretos, como o recente ataque de drone, podem comprometer projetos concebidos para funcionar por décadas e exigir intervenções complexas.
FAQ sobre Chernobyl
- Chernobyl ainda é habitada? A área imediatamente ao redor da usina, conhecida como zona de exclusão, permanece praticamente desabitada, com acesso controlado e uso restrito a trabalho técnico, pesquisa e visitas autorizadas.
- O escudo de Chernobyl pode ser substituído por outro no futuro? Tecnicamente, é possível projetar novas estruturas ou módulos adicionais, mas isso depende de decisões políticas, disponibilidade de recursos e avaliação dos riscos a longo prazo, sobretudo em contexto de guerra.
- Turistas ainda podem visitar a região após o dano ao escudo? As visitas seguem regras rígidas das autoridades ucranianas e podem ser ajustadas conforme os níveis de segurança, a situação militar e as orientações da AIEA.
- O reator 4 ainda gera algum tipo de energia? Não. O reator destruído está permanentemente desligado, e toda a infraestrutura da unidade 4 é dedicada apenas à contenção, monitoramento e atividades de descontaminação de longo prazo.