O acidente com o pernambucano Ronald José Salvador Montenegro, de 55 anos, reacendeu a discussão sobre segurança em exercícios de musculação, em especial no supino reto com barra livre. Ele treinava na segunda-feira (1/12) em uma academia de Olinda quando a barra escorregou das mãos e atingiu diretamente o peito, e as imagens de câmera de segurança indicam o uso da chamada “pegada suicida”, também conhecida como false grip, forma de segurar a barra que aumenta o risco de deslizamento durante o movimento.
Como funciona a pegada suicida no supino e por que ela é perigosa?
A pegada suicida no supino é uma forma de segurar a barra sem envolver os polegares em torno do equipamento. Em vez de fechar completamente a mão, o praticante apoia a barra apenas na palma e nos dedos, deixando o polegar do mesmo lado dos demais dedos, o que reduz o “travamento” da barra.
Sem o “gancho” criado pelo polegar, qualquer desequilíbrio, perda momentânea de força ou erro na trajetória pode fazer com que a barra escape das mãos em fração de segundos. Embora a false grip seja usada em contextos específicos, é amplamente considerada inadequada e desnecessária no supino reto tradicional em academias. Veja o momento do acidente (reprodução/X/@Racionalizado):
Um homem de 55 anos morreu após ser atingido por uma barra de supino durante um exercício em uma academia no bairro de Jardim Atlântico, em Olinda.
— Racionalizado (@Racionalizado) December 3, 2025
Ronald José Salvador Montenegro sofreu um impacto no tórax enquanto treinava na RW Academia, na segunda-feira (1) pic.twitter.com/U5anfkho0S
Como reduzir o risco de acidentes no supino reto com barra?
A segurança no supino depende da combinação entre técnica correta, carga adequada e ambiente estruturado. A pegada correta é um ponto central, mas não o único, e deve ser integrada a uma rotina de treino consciente e progressiva.
Profissionais de educação física destacam alguns cuidados básicos que ajudam a minimizar o risco de incidentes, principalmente em treinos com cargas mais elevadas ou em praticantes menos experientes:
- Fechamento completo das mãos: envolver o polegar em torno da barra, evitando a pegada suicida;
- Ajuste de carga: usar peso compatível com força e técnica, evitando “testes” acima da capacidade;
- Presença de apoio: contar com professor, personal trainer ou “spotter” no supino com barra livre;
- Equipamentos auxiliares: utilizar travas nas anilhas, bancos estáveis e barras em bom estado;
- Execução controlada: manter o movimento estável, sem trancos ou trajetórias irregulares.
Quais cuidados adicionais ajudam a manter o supino mais seguro?
Além da técnica de pegada, a prevenção envolve planejamento de treino, respeito à fadiga e comunicação clara com o profissional. A pressa por resultados e a cultura de “levantar o máximo possível” tendem a aumentar o risco de erros.
Entre as recomendações, especialistas reforçam a importância de aprender a técnica com cargas leves, evitar a false grip em treinos convencionais, relatar dores ou desconfortos de imediato e revisar periodicamente a execução, mesmo após anos de prática regular.
Quem era Ronald Montenegro?
Ronald Montenegro era uma figura conhecida no Carnaval de Pernambuco, presidindo o Centro Cultural Palácio dos Bonecos Gigantes de Olinda. Sua atuação contribuía para preservar e divulgar os tradicionais bonecos gigantes, símbolo marcante da cultura olindense em desfiles e festas de rua.
No dia do acidente, ele estaria acompanhado por um personal trainer na RW Academia, em Olinda. Após o impacto da barra sobre o peito, recebeu os primeiros socorros no local, foi encaminhado para uma UPA e teve a morte confirmada posteriormente, o que gerou grande comoção e ampliou o debate sobre segurança em academias.
Quais lições o caso de Ronald deixa?
O episódio envolvendo a pegada suicida no supino vem sendo usado como exemplo para reforçar orientações de segurança em ambientes de treino. A principal mensagem é que detalhes aparentemente simples, como a forma de segurar a barra, podem separar um treino comum de um acidente grave.
Em um cenário de crescimento da musculação e da busca por hipertrofia em 2025, profissionais destacam a importância de revisar hábitos, abandonar técnicas de alto risco sem real benefício e valorizar a supervisão especializada, sobretudo em exercícios com impacto direto sobre tórax e pescoço.
FAQ sobre uso da ‘pegada suicida’ no supino
- A pegada suicida é proibida em academias? Não há proibição legal específica, mas muitos profissionais desaconselham o uso no supino reto tradicional devido ao maior risco de escorregamento.
- Por que algumas pessoas ainda usam a false grip? Alguns relatam sensação diferente de ativação muscular ou maior conforto nos punhos, mas esses supostos benefícios não compensam o aumento de risco.
- Supino em máquina é mais seguro que barra livre? Em geral, máquinas oferecem trilhos e travas que reduzem a chance de queda descontrolada da carga, mas ainda exigem técnica correta e ajuste adequado de peso.
- É obrigatório ter alguém por perto ao fazer supino pesado? Não é exigência legal, porém a presença de um “spotter” ou profissional acompanhando o exercício é uma prática fortemente recomendada de segurança.