O renomado bairro de Higienópolis, em São Paulo, está no centro de uma acalorada controvérsia com a possível construção de duas torres residenciais no terreno da histórica Casa Piauí. O embate envolve moradores, urbanistas e a Prefeitura, destacando o conflito entre desenvolvimento urbano, obra e preservação do patrimônio cultural.
Quais as discussões sobre a obra?
A proposta das incorporadoras Helbor e MPD de construir prédios altos de até 23 andares no casarão tombado trouxe discussões sobre sua legalidade. Um parecer da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) gerou debate ao indicar possíveis violações ao Plano Diretor de 2014, que regula construções em áreas históricas.
Dentro da Prefeitura surgiram divergências: a SMUL defende que o projeto está nas normas de zoneamento, enquanto procuradores veem restrições adicionais em áreas tombadas. Essa situação desafia o equilíbrio entre modernização e proteção cultural no governo Ricardo Nunes. Veja abaixo as principais características da Casa Piauí:
| Categoria | Detalhes principais |
|---|---|
| Construção | 1916–1918 |
| Encomendador | J. Mariano (sobrinho de Rodrigues Alves) |
| Estilo arquitetônico | Art nouveau (vidros, serralheria, madeira) |
| Tombamento | Conpresp (2012) |
| Uso histórico | Residência da elite cafeeira; sede do DOPS |
| Restauração | 3 anos, restauro de fachada, vitrais, escadas, portões |
| Visitação | Visitas guiadas quinzenais desde 2025 |
| Empreendimento moderno | Torres residenciais contemporâneas + casarão restaurado |
| Unidades residenciais | 245 a 255 m², 4 suítes, 3–4 vagas |
| Sustentabilidade | Certificação AQUA-HQE |
| Lazer | Piscina, spa, academia, salões, playground, etc. |
| Comércio integrado | Mall ComVem no térreo |
| Exclusividade | Apenas 40 unidades, elevadores privativos |
| Investimento na restauração | Aproximadamente R$ 10 milhões |
Como as incorporadoras respondem aos questionamentos?
Helbor e MPD afirmam não terem sido notificadas oficialmente sobre o parecer negativo e dizem ter seguido todas as exigências legais. As empresas ressaltam ter apoio do Conpresp, reforçando a legitimidade do projeto.
Além disso, as incorporadoras buscam reforçar a imagem preservacionista, destacando a restauração do Palacete Piauí. Para evidenciar interesse popular, elas apontam que mais de duas mil pessoas visitaram o imóvel restaurado.
Como a comunidade local poderá ser impactada?
A resistência de moradores se fortalece, liderada pelo movimento Pró-Higienópolis, promovendo reuniões comunitárias para debater o desenvolvimento proposto. Estes encontros servem como fórum para preocupações sobre o futuro histórico do bairro.
Para ilustrar as principais apreensões locais, veja abaixo alguns pontos levantados pelos moradores em suas mobilizações:
- Temor pela descaracterização do patrimônio e da paisagem histórica do bairro
- Receio de aumento do adensamento sem a devida infraestrutura urbana
- Preocupações sobre aumento do trânsito e impacto na qualidade de vida
Veja abaixo os detalhes do projeto em vídeo divulgado pelo Instagram da imobiliária iApartamentos:
FAQ sobre a obra na Casa Piauí
A seguir, resumimos perguntas frequentes para melhor compreensão do contexto da disputa envolvendo a Casa Piauí e seu entorno histórico.
- Qual é a relevância histórica da Casa Piauí? A Casa Piauí já foi residência do presidente Rodrigues Alves e sede do Dops na ditadura. O imóvel carrega importante memória política e arquitetônica de São Paulo.
- O que dizem as leis para proteger áreas históricas? O Plano Diretor e a Lei nº 16.402/2016 limitam construções de grande porte em imóveis tombados, visando preservar valor cultural e urbano.
- Por que a SMUL considera o projeto permitido? Segundo a SMUL, a Casa Piauí está numa Zona de Estruturação Urbana (ZEU), onde não há limite de altura, o que, na visão do órgão, permite o projeto sem infringir regras.