A crescente demanda por energia no mundo, impulsionada pelos avanços tecnológicos e o crescimento das aplicações de inteligência artificial, inclina os olhares para fontes alternativas sustentáveis. O Brasil está prestes a inaugurar, em Barueri, região metropolitana de São Paulo, a primeira usina da América Latina capaz de converter lixo em energia, uma iniciativa importante para a gestão eficiente de resíduos urbanos e geração de eletricidade, com potencial para beneficiar cerca de 75 mil casas.
Como funciona a tecnologia de transformação do lixo em energia?
O processo de geração de energia a partir de resíduos sólidos urbanos utiliza a queima controlada do lixo. Esse procedimento libera calor, aproveitado para produção de eletricidade na Unidade de Recuperação Energética (URE) de Barueri, que ocupa 37 mil metros quadrados.
O sistema consegue reduzir em até 90% a massa do lixo descartado, tratando gases e resíduos gerados durante o processo. A usina terá papel regional, recebendo resíduos de Barueri e também de municípios próximos, como Santana de Parnaíba e Carapicuíba. Entenda como funciona a tecnologia:
- Coleta e triagem:
O lixo é separado para retirar materiais recicláveis e perigosos, deixando apenas os resíduos adequados à conversão energética. - Tratamento prévio:
O material restante passa por secagem, trituração ou compactação para facilitar o processamento e aumentar a eficiência energética. - Incineração controlada (waste-to-energy):
Os resíduos são queimados em altas temperaturas (entre 850°C e 1.200°C), gerando calor que é usado para produzir vapor e movimentar turbinas geradoras de eletricidade. - Gaseificação:
A matéria orgânica é aquecida em ambiente com pouco oxigênio, formando um gás combustível (syngas) que pode ser usado para gerar energia elétrica ou térmica. - Pirólise:
Processo semelhante à gaseificação, mas em ausência total de oxigênio, resultando em gás, óleo e carvão vegetal, todos com potencial energético. - Digestão anaeróbica:
Resíduos orgânicos (como restos de comida e lodo) são decompostos por micro-organismos em ambientes sem oxigênio, produzindo biogás (rico em metano) que pode ser convertido em energia. - Controle de emissões:
Sistemas modernos filtram gases e cinzas para minimizar impactos ambientais e garantir que o processo atenda a normas de sustentabilidade. - Aproveitamento das cinzas e subprodutos:
As cinzas resultantes podem ser utilizadas em materiais de construção ou descartadas de forma segura após tratamento.
Quais são os principais benefícios ambientais e energéticos?
A instalação da usina de Barueri impulsiona avanços ambientais expressivos, como a drástica diminuição da quantidade de resíduos destinados a aterros sanitários. Isso contribui para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e a pegada de carbono do transporte de resíduos urbanos.
Além de integrar a geração de 20 megawatts para cerca de 8 mil residências à rede elétrica existente, o projeto traz vantagens práticas para a população, promovendo um modelo sustentável de produção energética.
Quais os investimentos e planos de expansão?
O grupo Orizon financia o projeto em Barueri, apostando no potencial dessa tecnologia para o Brasil. Novas unidades estão planejadas até 2028, cada uma com capacidade para processar mil toneladas diárias de lixo e gerar 30 megawatts de energia.
Para oferecer uma visão rápida sobre os principais planos de expansão, veja alguns pontos previstos para os próximos anos:
- Construção de mais duas usinas semelhantes até 2028;
- Processamento de até mil toneladas de lixo por dia em cada unidade futura;
- Meta de desviar até 70% dos resíduos dos aterros sanitários até 2040;
- Ampliação do acesso à energia sustentável em grandes cidades.
Como a introdução da usina impacta o setor de resíduos e energia?
A novidade marca um avanço para o setor brasileiro de gestão de resíduos e energia, promovendo redução de custos e uso mais eficiente dos resíduos produzidos pela população urbana. Esse modelo pode estimular inovação e servir de referência para a América Latina, diante de desafios semelhantes.
A capacidade de transformar resíduos urbanos em energia indica uma mudança de paradigma e pode ajudar a consolidar práticas mais modernas e sustentáveis na administração urbana de grandes centros.
FAQ sobre a usina de lixo para energia de Barueri
- Como a usina contribui para a redução de lixo em aterros sanitários? A usina trata o lixo através da queima controlada, diminuindo em até 90% sua massa, o que reduz significativamente a quantidade de resíduos destinados a aterros.
- Qual a capacidade de geração de energia da usina? A usina tem capacidade de geração de 20 megawatts, suficiente para atender cerca de 8 mil residências na região de São Paulo.
- Quais são os outros municípios beneficiados pela usina além de Barueri? Os municípios de Santana de Parnaíba e Carapicuíba também enviam seus resíduos para tratamento na usina de Barueri.
- Existem planos para expandir este tipo de usina para outras regiões do Brasil? Sim, estão previstos dois novos projetos semelhantes até 2028 e mais duas usinas até 2035 para aumentar a capacidade de processamento e geração de energia.
- O que acontece com os gases tóxicos gerados pela queima do lixo? A usina trata esses gases, de modo a minimizar a emissão de poluentes e reduzir o impacto ambiental do processo de queima do lixo.