Em um dos primeiros atos como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin agendou para esta terça-feira (30/9) uma sessão extraordinária virtual para julgar uma ação significativa relacionada à composição da Câmara dos Deputados. Tal decisão ocorre após o ministro Luiz Fux estabelecer que a readequação das bancadas, com base no Censo de 2022 e que poderia aumentar o número de parlamentares, só deveria ser aplicada a partir das eleições de 2030. A discussão sobre a composição da Câmara tem gerado um impasse entre os diferentes Poderes da República, exigindo uma análise detalhada sobre suas implicações.
A decisão de Fux surgiu após um pedido do presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre, que argumentou sobre a pendência na apreciação do veto presidencial ao projeto que visava aumentar o número de deputados. O veto, realizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem sido um ponto de discordância, gerando debates em torno da proporcionalidade e representatividade dentro da Câmara dos Deputados. Com as eleições gerais se aproximando, o STF busca garantir clareza e segurança jurídica, assegurando que o número de assentos permaneça estável até que o Congresso finalize o processo legislativo.
Qual o impasse da composição na Câmara dos Deputados?

Em agosto de 2023, o STF considerou defasada a atual distribuição de cadeiras na Câmara em relação à população de cada unidade federativa, definindo o Censo de 2022 como base para o cálculo nas futuras eleições. Contudo, aplicar essas mudanças para 2026 poderia resultar em alteração no número de cadeiras de diversos Estados, de acordo com projeções do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar). Sete Estados poderiam perder cadeiras, enquanto outros sete ganhariam, caso o número total de deputados permanecesse em 513.
A proposta do presidente da Câmara, Hugo Motta, de aumentar o número total de cadeiras para 531, foi aprovada tanto pela Câmara quanto pelo Senado. No entanto, a medida não foi bem recebida pelo público, levando à decisão de veto presidencial de Lula. Sob pressão quanto à popularidade do tema, o veto gerou mobilização das bancadas partidárias na tentativa de revertê-lo. Assim, o debate sobre a representação política enfrenta desafios tanto legais quanto sociais.
Quais as polêmicas sobre a discussão?
A discussão sobre a composição da Câmara toca em questões fundamentais de representatividade democrática. Os ajustes no número de cadeiras, segundo dados do Censo, têm o objetivo de refletir mudanças demográficas, garantindo que cada Estado possua uma representação proporcional à sua população. No entanto, esse tipo de ajuste não é isento de polêmicas, uma vez que implica em redistribuição de poder político entre os Estados. A variação nas cadeiras pode impactar diretamente as forças políticas regionais e nacionais, afetando a movimentação e estratégia dos partidos.
Além disso, a proposta de aumentar o número total de deputados enfrenta críticas sobre a eficiência e custos associados. O aumento do número de parlamentares traz consigo questões sobre o impacto financeiro e administrativo para a Câmara e o governo como um todo. Assim, o impasse reflete não apenas debates sobre proporções demográficas, mas também sobre a gestão de recursos e a busca por um equilíbrio entre representatividade e funcionalidade do legislativo.
Qual o papel do STF e as perspectivas futuras?

Com a intervenção do STF, o foco agora é garantir um claro entendimento do número de assentos na Câmara para as eleições de 2026, evitando inseguranças jurídicas. A iniciativa de Edson Fachin em marcar uma sessão extraordinária reforça a importância do Judiciário na resolução de conflitos entre os Poderes. Ao referendar a liminar de Fux, a corte busca preservar a estabilidade política até que o Congresso finalize a apreciação do tema.
“Fica mantido, para as eleições de 2026, o mesmo número de vagas da Câmara dos Deputados para os Estados e o Distrito Federal das eleições de 2022, sem redefinição do número de vagas por unidades da federação, mantendo-se a atual proporcionalidade da representação”.
No horizonte, o Congresso precisa enfrentar a discussão e encontrar um consenso sobre a distribuição de cadeiras que respeite tanto os dados demográficos quanto a viabilidade política e econômica. Com as eleições de 2030 como marco para possíveis mudanças, o tempo pode oferecer uma janela para um debate mais aprofundado e amadurecido. As movimentações políticas em torno do tema prometem ser intensas, refletindo a complexidade de se ajustar a representação política em um país de dimensões continentais como o Brasil.
FAQ sobre a composição da Câmara dos Deputados
- Qual a diferença de representatividade entre os Estados? O cálculo atual reflete dados populacionais desatualizados, levando a diferenças significativas entre unidades federativas em termos de representatividade proporcional.
- Por que o aumento de deputados é impopular? A principal crítica refere-se ao custo associado ao aumento do número de parlamentares, além da percepção de ineficiência e complexidade no processo legislativo.
- Quais são os desafios para implementar as mudanças para 2030? O principal desafio reside na necessidade de consenso político e na viabilidade de infraestrutura para suportar um parlamento expandido.
- Como o Censo influencia essa decisão? O Censo de 2022 fornece dados atualizados sobre a distribuição populacional, servindo como base para reavaliar a proporcionalidade da representação na Câmara dos Deputados.