A rejeição da PEC da Imunidade (PEC 3/2021) pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal na última quarta-feira (24/9) marcou um momento significativo no cenário legislativo brasileiro. A proposta pretendia proteger parlamentares de processos criminais, mas enfrentou forte oposição e foi considerada inconstitucional por unanimidade na CCJ, resultando em seu arquivamento automático conforme o regimento interno do Senado. Contudo, o presidente da comissão, Otto Alencar (PSD-BA), decidiu enviar o texto ao Plenário, garantindo que todos os senadores possam expressar suas opiniões sobre o tema.
Originada na Câmara dos Deputados, onde foi aprovada anteriormente, a PEC precisava de consentimento do Senado para se transformar em lei. O relator da proposta na CCJ, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), manifestou-se veementemente contra o texto, argumentando que a PEC não visava proteger o mandato, mas criar um “abrigo seguro para criminosos”. Ele destacou que a proposta comprometia a legitimidade do Congresso Nacional, transformando-o em uma potencial base de operações para o crime organizado.
Por que a PEC da Imunidade foi rejeitada?

O relator Alessandro Vieira criticou severamente a PEC ao afirmar que ela abriria as portas do Legislativo para o crime organizado. Ele citou que a proposta exigia voto secreto e a autorização prévia da Câmara ou do Senado para processar criminalmente deputados e senadores. Vieira argumentou que isso representaria um golpe na legitimidade do Congresso, pois dificultaria a investigação de crimes graves, como corrupção, tráfico de drogas e homicídio.
Além das críticas internas, a PEC também foi alvo de protestos públicos, refletindo a desaprovação da sociedade civil em relação à proposta. No Senado, nenhum parlamentar manifestou apoio durante as discussões. A resistência à PEC estava atrelada, em parte, a preocupações com o aumento do foro privilegiado e as pressões exercidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o Parlamento, segundo alguns senadores.
- Inconstitucionalidade: O relator, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), argumentou que a PEC violava princípios constitucionais ao criar privilégios incompatíveis com a Constituição.
- Risco à legitimidade do Congresso: Vieira afirmou que a proposta transformaria o Legislativo em um “abrigo seguro para criminosos”, dificultando investigações de crimes graves como corrupção e homicídios.
- Falta de apoio no Senado: Nenhum senador se manifestou a favor da PEC na CCJ, e mais de 20 se inscreveram para falar contra.
- Pressão popular: A proposta foi alvo de protestos em diversas cidades, incluindo manifestações em São Paulo e Rio de Janeiro, com a presença de artistas e estimativas de dezenas de milhares de participantes.
- Falta de respaldo político: O senador Jorge Seif (PL-SC) retirou um voto em separado que buscava manter a PEC com alterações, após a leitura do parecer do relator.
Quais foram as reações dos parlamentares?
Alguns senadores inicialmente sugeriram emendas à PEC para torná-la mais aceitável. O senador Jorge Seif (PL-SC), por exemplo, havia apresentado um voto em separado propondo alterações no texto. No entanto, após a defesa contrária contundente de Alessandro Vieira, ele retirou seu voto em separado. Seif justificou que, apesar de a PEC ter surgido de uma demanda do Parlamento por alegadas “pressões” do STF, manter o voto secreto e a ampliação do foro privilegiado eram medidas inaceitáveis.
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) também criticou a PEC, especialmente quanto ao voto secreto, classificando-o como um retrocesso. Ele ressaltou que ouvir as vozes das ruas, que se manifestaram contra a PEC, era fundamental para a manutenção da integridade moral e ética do Congresso Nacional.
O que a PEC da Imunidade propunha?
A PEC da Imunidade propunha mudanças significativas na maneira como parlamentares poderiam ser processados criminalmente. Um dos principais pontos da proposta era a exigência de voto secreto e de autorização prévia do Congresso para que deputados e senadores fossem criminalmente responsabilizados. Tal mudança poderia proteger, indiretamente, parlamentares de investigações e processos judiciais, especialmente em casos de crimes graves.
Essa blindagem foi amplamente criticada por muitos que viam nela uma ameaça à transparência e à justiça. Senadores como Alessandro Vieira e Eduardo Girão levantaram preocupações sobre o potencial da PEC para proteger comportamentos criminosos sob o pretexto de defender a liberdade parlamentar. Esses pontos tornaram a PEC altamente controversa tanto entre legisladores quanto entre a população, levando à sua rejeição na CCJ.
Como a população reagiu à decisão?

A reação da população à PEC da Imunidade destacou-se pelo descontentamento geral. Protestos ocorreram em várias cidades, com críticas voltadas não só ao conteúdo da proposta, mas também ao processo que levou à sua criação e aprovação na Câmara dos Deputados. Para a sociedade civil, centralizar em poucos legisladores o poder de decidir sobre a investigação dos próprios pares é uma afronta à democracia e à justiça.
As manifestações populares pressionaram senadores a reconsiderarem seu apoio ou neutralidade em relação à PEC. Alguns senadores, como Jorge Seif e Eduardo Girão, reconheceram a necessidade de serem sensíveis às demandas da população, pressionando por uma atuação legislativa que priorizasse a transparência e o compromisso com o combate à corrupção.
FAQ sobre a PEC da Imunidade
- Por que foi necessário o envio da PEC ao Plenário? O envio ao Plenário era necessário para que todos os senadores pudessem analisar, debater e votar a proposta, garantindo que ela passasse pelo trâmite legislativo completo.
- Qual foi o papel do STF no debate sobre a PEC da Imunidade? O STF opinou sobre a constitucionalidade de trechos da PEC e avaliou se a proposta poderia gerar conflito com a Constituição, influenciando o debate político e jurídico.
- Quais são os próximos passos após a rejeição pela CCJ? Com a rejeição na CCJ, a PEC não avança automaticamente, mas ainda pode ser reapresentada ou debatida em outros formatos legislativos, dependendo da iniciativa dos parlamentares.