Entre as impressionantes manifestações arquitetônicas da história, as igrejas de pedra subterrâneas de Lalibela, na Etiópia, destacam-se por sua singularidade e valor cultural. A Etiópia foi um dos primeiros países a adotar o cristianismo no século IV e, ao longo dos séculos, construiu templos que são considerados marcos históricos e religiosos notáveis. As igrejas esculpidas em Lalibela surgiram durante o século XII, sob o domínio do Imperador Lalibela, com o intuito de reproduzir uma “nova Jerusalém” em solo etíope.
Como foram construídas as impressionantes igrejas de Lalibela?

As igrejas de Lalibela são verdadeiras obras de arte esculpidas diretamente da rocha vulcânica. Elas são monolíticas, o que significa que foram esculpidas em uma única peça de rocha, sem a adição de tijolos ou outras estruturas. Este método faz delas únicas no mundo por se tratarem de edifícios esculpidos de cima para baixo, ao invés de construídos a partir do solo. A profundidade das escavações chega a até 40 metros, criando um efeito dramático e uma experiência espiritual única para os devotos e visitantes.
A construção de Lalibela teria sido motivada por uma viagem do próprio imperador à Jerusalém, inspirando-o a criar uma terra santa em sua pátria. A expertise e determinação empregadas na criação das igrejas acionaram a imaginação do mundo, causando especulações sobre o processo de construção que algumas teorias sugerem ter contado com a ajuda celestial.
- Escolha da rocha: Os construtores escolheram blocos de tufo vulcânico avermelhado, uma rocha mais macia e fácil de esculpir.
- Escavação da vala: Primeiro, eles escavavam uma vala profunda em torno de um bloco de rocha retangular, isolando a futura igreja do solo ao redor.
- Esculpindo o exterior: Depois, os artesãos começavam a esculpir o exterior da igreja, trabalhando de cima para baixo. Eles davam forma ao telhado, paredes, portas e janelas.
- Escavando o interior: Uma vez que o exterior estava pronto, eles escavavam para dentro do bloco, removendo a rocha para criar o interior da igreja, incluindo a nave, o teto, as colunas, arcos e altares.
- Detalhes e acabamento: Por fim, os construtores esculpiam os detalhes intrincados, como decorações, e faziam o acabamento das superfícies.
Quais igrejas são consideradas as mais icônicas de Lalibela?
Entre as onze estruturas, a Igreja de Bet Medhane Alem destaca-se por ser a maior igreja monolítica do mundo, renomeada por sua arquitetura robusta e grandiosa. Já a famosa Igreja de São Jorge, com seu formato de desenho cruciforme singelo e tocante, é amplamente reconhecida como uma das mais icônicas por representar simbolicamente o legado cristão na região. Localizadas ao longo do trecho do rio Jordão, estas igrejas são parte fundamental do patrimônio cultural etíope e da identidade religiosa dos habitantes da área.
A tradição do Cristianismo Ortodoxo Etíope predomina desde o século IV, influenciando diretamente a cultura e sociedade etíope. As igrejas de Lalibela, além de comporem um espaço sagrado e de peregrinação, simbolizam uma conexão duradoura entre o povo etíope e sua fé religiosa. Embora tenham ocorrido mudanças religiosas e sociais ao longo dos séculos, estas igrejas continuam representando a expressão do Cristianismo Ortodoxo Etíope na região.
Reconhecidas como patrimônios mundiais pela UNESCO desde 1978, as igrejas de Lalibela não são apenas locais de devoção, mas também elementos fundamentais para o turismo e estudos históricos. Com aproximadamente 100 mil visitantes ao ano, causaram sérias preocupações devido à erosão causada pelo turismo excessivo, necessitando de medidas conservacionistas para preservar estes monumentos para as gerações futuras.
Que desafios essas obras enfrentam atualmente?

A principal preocupação atual em relação às igrejas de Lalibela é a preservação. Com o aumento do turismo, elas estão sob constante ameaça de erosão e degradação. A necessidade de um plano de conservação eficaz é fundamental para garantir a integridade das estruturas. Existem esforços colaborativos entre governos locais, organizações internacionais e instituições de pesquisa para preservar esse patrimônio cultural. A UNESCO e outros atores têm investido em estratégias para diminuir o impacto ambiental e garantir que as igrejas permaneçam um local de admiração histórica e espiritual.
- Degradação Ambiental: A exposição ao vento, chuva e mudanças de temperatura causa erosão nas rochas e deterioração das estruturas.
- Problemas Estruturais: Rachaduras e desmoronamentos são uma preocupação constante, ameaçando a integridade das igrejas.
- Gestão de Turistas: O aumento do turismo, embora positivo para a economia local, exige uma gestão cuidadosa para evitar danos causados pelo grande fluxo de visitantes.
- Falta de Financiamento: A manutenção e a conservação adequadas exigem um investimento significativo que nem sempre está disponível, dificultando os esforços de preservação.
- Instabilidade Política: A região de Tigray e a própria Etiópia têm enfrentado conflitos e instabilidade, o que impacta diretamente a segurança e a capacidade de manutenção do local.
FAQ sobre as igrejas de Lalibela
- Qual é a ligação entre as igrejas de Lalibela e Jerusalém? As igrejas foram construídas pelo imperador Lalibela, inspirado por sua viagem à Jerusalém. O objetivo era criar uma “nova Jerusalém” na Etiópia, representando um local sagrado semelhante ao da Terra Santa, especialmente após a interrupção das peregrinações devido à conquista muçulmana.
- Como as igrejas de Lalibela são preservadas? Elas são protegidas pela UNESCO, e esforços de conservação incluem a instalação de coberturas protetoras, monitoramento de umidade e educação da comunidade local e visitantes sobre a importância da preservação.
- Os etíopes ainda usam as igrejas de Lalibela para cultos religiosos? Sim, embora com o passar do tempo novas práticas religiosas tenham surgido, as igrejas de Lalibela ainda servem como locais ativos de culto, especialmente durante festas cristãs ortodoxas.