Em um cenário financeiro que combina altas expectativas e crescente incerteza, o Banco Central do Brasil emitiu um alerta relevante a respeito de uma possível “movimentação atípica” no mercado envolvendo a criptomoeda Tether (USDT). Este aviso, relacionado a um possível ataque a participantes do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), foi comunicado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) neste domingo (17/8), provocando ações imediatas dos bancos e reforçando a discussão sobre segurança financeira e criptomoedas.
Conforme apurado, a Febraban disseminou a informação entre bancos filiados que integram seus Comitês de Prevenção a Fraudes e Cyber Segurança, buscando iniciativas preventivas para mitigar potenciais riscos. Até o momento, o Banco Central não emitiu nenhuma declaração oficial adicional, mas a situação sublinha as vulnerabilidades potenciais inerentes ao uso crescente de criptomoedas e a necessidade de vigilância contínua.
Como o Tether atua no mercado financeiro moderno?

O Tether, ou USDT, caracteriza-se como uma stablecoin, que tem um papel fundamental no equilíbrio do ecossistema das criptomoedas. O ponto central dessas moedas é a sua tentativa de manter paridade com moedas fiduciárias tradicionais, como o dólar americano, ou com commodities, como o ouro. Na prática, isso proporciona uma maior estabilidade de valor em um mercado notoriamente volátil, sendo o Tether amplamente utilizado tanto para transações regulares quanto para negociação em bolsa de moedas digitais.
Apesar da aparente estabilidade, a confiança nas stablecoins pode ser abalada por notícias de movimentações irregulares, especialmente quando existem preocupações sobre ataques hackers, como o especulado no comunicado recente do BC. Situações assim destacam a necessidade de estruturas robustas de segurança e regulação dentro do setor financeiro, especialmente no que tange às tecnologias emergentes.
Como funciona o Sistema Brasileiro de Pagamentos?
O Sistema Brasileiro de Pagamentos (SPB) representa um alicerce crucial na infraestrutura financeira do Brasil, constituindo um conjunto de regras e sistemas integrados que facilitam a movimentação monetária entre os diversos agentes econômicos, desde indivíduos a grandes instituições financeiras. Este sistema garante transações seguras e eficientes, englobando desde transferências bancárias convencionais até complexas transações cambiais e pagamentos internacionais.
Os recentes alertas sobre segurança revelam a face cada vez mais digital do SPB, destacadamente com a introdução do Pix em 2020, um sistema de pagamentos instantâneos que revolucionou as transações diárias. A interconectividade proporcionada por essa infraestrutura robusta requer uma vigilância constante, especialmente frente a potenciais ameaças cibernéticas.
Os principais componentes do SPB são:
- Sistema de Transferência de Reservas (STR): É o coração do SPB. Operado pelo Banco Central, ele permite a transferência de grandes quantias de dinheiro entre as instituições financeiras. A liquidação é imediata e irreversível, o que significa que, assim que uma operação é feita, ela é processada e finalizada, sem a possibilidade de reverter a transação. Isso é crucial para a estabilidade do sistema financeiro.
- Câmaras de compensação e liquidação: São entidades que processam e liquidam um grande volume de transações de menor valor, como cheques, boletos e transações com cartão. Elas funcionam agrupando as operações, calculando os saldos líquidos (quanto cada instituição deve ou tem a receber) e, por fim, liquidando os valores pelo STR. A Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP) é um exemplo de câmara de compensação.
- Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI): É a infraestrutura que permite o funcionamento do Pix. Também operado pelo Banco Central, o SPI garante que as transferências sejam liquidadas em poucos segundos, 24 horas por dia, 7 dias por semana, facilitando a vida de milhões de pessoas e empresas.
- Instituições participantes: São todas as entidades autorizadas pelo Banco Central a atuar no SPB, como bancos comerciais, de investimento, cooperativas de crédito e as instituições de pagamento (fintechs), que oferecem serviços como contas de pagamento e carteiras digitais.
Como as criptomoedas influenciam o cenário econômico atual?
As criptomoedas têm recebido crescente atenção tanto de investidores tradicionais quanto de novos entrantes no mercado. Consideradas mais arriscadas que ativos de renda fixa, elas oferecem um potencial de retorno que atrai investidores em busca de diversificação. Quando a economia global aponta para uma inflação controlada e juros baixos, criptomoedas como o Tether ganham apelo, já que alternativas seguras apresentam retornos diminuídos.
No entanto, com o aumento do risco percebido, muitos investidores permanecem cautelosos, balanceando suas carteiras com um mix de ativos para proteger seu capital. A incerteza regulatória e os riscos associados a ataques cibernéticos são fatores que ainda adicionam desafios significativos para investidores e instituições financeiras envolvidas com essas tecnologias emergentes.
Como a segurança do sistema financeiro atua?

Os sistemas financeiros avançam imensamente com a digitalização, mas também enfrentam desafios de segurança exacerbados por essa modernização. Em julho de 2025, a C&M Software, provedora de tecnologia para instituições financeiras, sofreu um dos maiores ataques hackers registrados no Brasil. O ataque comprometeu significativamente a segurança da mensageria que conecta instituições financeiras no SPB, especificamente envolvendo transações de e para o sistema Pix.
O ataque hacker não só expôs vulnerabilidades, mas também motivou uma reflexão crítica sobre a segurança dos sistemas digitais no Brasil. Investigação pela Polícia Civil de São Paulo revelou movimentações financeiras fraudulentas significativas, com um suspeito chave confessando ter facilitado o acesso não autorizado aos sistemas. Esse episódio destaca a importância de uma segurança reforçada e colaboração entre entidades governamentais e privadas para prevenir futuros incidentes de semelhante magnitude.
FAQ
- O que é uma stablecoin?
Stablecoins são criptomoedas projetadas para ter menor volatilidade, com seus valores atrelados a ativos estáveis, como moedas fiduciárias ou commodities. - Como funciona o Sistema Brasileiro de Pagamentos (SPB)?
O SPB é um sistema que integra regras e procedimentos para garantir transações eficientes e seguras entre diferentes agentes econômicos no Brasil. - O que aconteceu com a C&M Software em 2025?
A C&M Software sofreu um ataque cibernético massivo, que expôs vulnerabilidades nos sistemas de comunicação financeira dentro do SPB. - Qual o impacto deste alerta de movimentação atípica?
O alerta ajuda a prevenir possíveis ataques e fraudes, reforçando a vigilância e as medidas de segurança nas transações financeiras.