O fenômeno do turismo de massa tem se intensificado em várias partes do mundo, alterando dinâmicas locais e desafiando a sustentabilidade dos destinos. Um estudo conduzido pelo site Go2Africa destacou uma lista dos 15 destinos turísticos mais superlotados do planeta, onde o fluxo de visitantes supera significativamente o número de residentes locais. Essa análise, além de evidenciar a popularidade crescente de certos destinos, também levanta questões sobre a capacidade desses locais de acomodar um volume tão elevado de turistas ao longo do ano.
A classificação feita pela Go2Africa não se baseia simplesmente no total de visitantes, mas sim na proporção de turistas em relação à população local. Dentre os destinos mais lotados, o Vaticano encabeça a lista. O menor Estado do mundo, com apenas 882 residentes, recebe cerca de 6,8 milhões de turistas por ano, resultando em uma impressionante média de 7,7 mil visitantes para cada habitante.
Quais são os destinos mais superlotados do mundo?
Andorra, famoso por suas estações de esqui e o atrativo do turismo de compras isento de impostos, ocupa o segundo lugar. Este pequeno país europeu conta com uma população de 82 mil pessoas e acolhe quase 10 milhões de turistas por ano. No rastro de Andorra vem San Marino, Bahamas e São Cristóvão e Nevis, que também aparecem no topo do ranking, refletindo o crescente interesse em destinos menores e menos conhecidos.

Veja a lista completa:
- Vaticano
- Andorra
- San Marino
- Bahamas
- São Cristóvão e Nevis
- Antígua e Barbuda
- Bahrein
- Mônaco
- Malta
- Hong Kong
- Islândia
- Croácia
- Barbados
- Suíça
- Granada
Por que destinos menores estão entre os mais superlotados?
A busca por experiências únicas e o desejo de visitar locais menos explorados têm levado muitos turistas a destinos mais compactos. No entanto, a capacidade limitada de infraestrutura em algumas destas regiões pode agravar os desafios associados à superlotação, especialmente durante períodos de pico, como o verão. Malta, Hong Kong e Islândia são exemplos de locais que enfrentam essa realidade, conciliando o desejo de manter um fluxo turístico robusto com a conservação dos seus recursos naturais e culturais.
- Infraestrutura limitada:
- Destinos menores geralmente possuem menos acomodações, restaurantes, transporte e outras facilidades para atender a um grande volume de turistas.
- A capacidade de suas vias, sistemas de água e saneamento, e serviços de emergência pode ser facilmente sobrecarregada.
- Atrações concentradas:
- Muitas vezes, a fama de um destino menor se deve a poucas atrações icônicas e concentradas (ex: uma praia específica, um monumento histórico, uma trilha).
- Isso faz com que a maioria dos visitantes se dirija para os mesmos pontos ao mesmo tempo, gerando aglomeração.
- Fácil acesso e popularidade repentina:
- Com a ascensão das redes sociais e a facilidade de compartilhamento de informações, um destino que antes era pouco conhecido pode se tornar um “boom” turístico da noite para o dia.
- Aplicativos de aluguel de temporada e voos de baixo custo também contribuem para tornar esses locais mais acessíveis.
- Marketing turístico intensivo:
- Alguns destinos menores, na busca por desenvolvimento econômico, investem pesado em marketing para atrair visitantes, sem antes avaliar ou planejar a capacidade de seus recursos.
- Impacto da sazonalidade:
- A superlotação é ainda mais evidente em destinos menores que possuem uma alta sazonalidade, ou seja, recebem um fluxo enorme de turistas em períodos muito específicos do ano (ex: feriados, verão, eventos).
- Fora desses períodos, podem parecer vazios, mas nos picos, a situação se inverte drasticamente.
- Consciência ambiental e cultural:
- Em destinos menores, o impacto da superlotação no meio ambiente (lixo, desgaste de trilhas, poluição) e na cultura local (gentrificação, aumento do custo de vida para moradores) pode ser mais visível e sentido de forma mais intensa pelos residentes.
Quais são as implicações da superlotação turística?

A superlotação nos destinos turísticos pode causar várias implicações para as comunidades locais, como pressão sobre os serviços públicos, aumento no custo de vida e degradação ambiental. Adicionalmente, o patrimônio cultural pode sofrer danos irreparáveis devido ao excesso de turistas. Assim, torna-se fundamental para os governos locais e órgãos de turismo desenvolverem estratégias eficazes de gestão, tais como limitações no número de visitantes e incentivos ao turismo responsável.
Em termos globais, a França permanece como o país mais visitado, com mais de 100 milhões de turistas em 2024. Porém, as nuances do turismo moderno exigem um cuidado especial com a capacidade dos destinos de manterem sua sustentabilidade e charme único, mesmo diante de uma demanda incessante e crescente.