O relatório anual sobre qualidade do ar, divulgado pela empresa suíça IQAir em 2024, revelou uma preocupação crescente acerca da poluição atmosférica em todo o mundo. Este estudo, que abrangeu mais de 40.000 estações de monitoramento em cerca de 138 países, forneceu uma visão abrangente sobre a qualidade do ar global. Em meio a essas estatísticas, destacou-se o Brasil, com quatro cidades de São Paulo figurando entre as dez mais poluídas do país.
Os dados são alarmantes, especialmente quando se considera que apenas 17% das cidades avaliadas conseguiram alcançar os níveis de poluição considerados aceitáveis pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A realidade brasileira reflete uma combinação de fatores ambientais e humanos que contribuem para a deterioração da qualidade do ar. Entre as cidades paulistas mencionadas no relatório estão Osasco, Rio Claro, Ribeirão Preto e Carapicuíba, todas apresentando índices preocupantes de poluição.
Como a alta poluição em São Paulo é motivada?

A poluição em São Paulo está associada a vários fatores, incluindo a densa urbanização, a concentração de indústrias e o elevado número de veículos em circulação. Além disso, eventos climáticos, como a queima de biomassa proveniente de incêndios florestais, que têm se intensificado nas regiões amazônicas, também contribuem para o agravamento da qualidade do ar. Estas queimadas, predominantemente no Acre e Rondônia, impactam não apenas essas regiões, mas também estados distantes, como São Paulo, transportando poluentes através das correntes atmosféricas.
Fontes de Poluição
- Emissões veiculares: O grande volume de carros, ônibus e caminhões em circulação é o maior gerador de poluentes na cidade. A preferência por automóveis particulares e o tráfego intenso contribuem para a liberação de gases tóxicos e material particulado na atmosfera.
- Atividade industrial: Embora as indústrias da capital tenham se modernizado, a emissão de gases nocivos e resíduos poluentes ainda é um fator relevante.
- Queimadas: A fumaça de queimadas, tanto dentro quanto fora do estado de São Paulo (como na Amazônia e no Pantanal), pode ser transportada pelo vento e agravar a poluição local, especialmente durante períodos de seca.
Fatores Climáticos e Geográficos
- Inversão térmica: Durante o inverno, um fenômeno chamado inversão térmica impede que o ar frio e poluído suba, criando uma “tampa” que aprisiona os poluentes próximos à superfície.
- Clima seco: A falta de chuvas e a baixa umidade relativa do ar, comuns em épocas de estiagem, dificultam a dispersão dos poluentes, fazendo com que eles se concentrem e permaneçam por mais tempo na atmosfera.
- Topografia: A geografia da cidade, com sua vasta área planáltica e vales, pode dificultar a circulação de ar, contribuindo para a retenção dos poluentes.
Outros Fatores
- Falta de áreas verdes: A pouca quantidade de árvores e parques, especialmente em regiões mais urbanizadas, reduz a capacidade da natureza de absorver poluentes, como o CO2.
- Resíduos urbanos: A queima de lixo e outros materiais em áreas urbanas também contribui para a liberação de partículas poluentes.
- Fiscalização e regulamentação: Apesar de existirem leis para controlar as emissões veiculares e industriais, a fiscalização nem sempre é suficiente para garantir o seu cumprimento integral.
Qual o impacto global e as iniciativas contra a poluição?
A situação de São Paulo é um microcosmo do que ocorre em escala global. Países como República do Chade, Bangladesh, Paquistão e Índia enfrentam desafios ainda maiores, com índices de poluição significativamente elevados. Byrnihat, na Índia, foi identificada como a cidade mais poluída do mundo em 2024. O contraste é evidente quando comparado aos sete países, incluindo Austrália e Nova Zelândia, que conseguiram manter seus níveis de poluição dentro dos limites impostos pela OMS.
Conforme destacado por Frank Hammes, CEO da IQAir, o monitoramento contínuo da qualidade do ar é crucial para aumentar a conscientização pública e informar políticas que possam mitigar os efeitos adversos dessa poluição. Ações efetivas não apenas reduzem o impacto ambiental, mas também promovem a saúde das populações, salvaguardando as gerações futuras.
Quais as cidades mais poluídas do Brasil?

Com base no relatório anual de qualidade do ar da empresa suíça IQAir, divulgado em 2024, as cidades brasileiras com o ar mais poluído são, em sua maioria, da região Norte e do estado de São Paulo. A poluição nessas áreas é atribuída, principalmente, aos incêndios florestais na Amazônia.
A seguir, a lista das 10 cidades mais poluídas do Brasil, com base na concentração média anual de partículas finas (PM2,5), que são as mais prejudiciais à saúde:
- Porto Velho (RO): 29,5 microgramas por metro cúbico (µg/m³). A cidade de Porto Velho foi a mais poluída do Brasil.
- Sena Madureira (AC): 27,3 µg/m³.
- Rio Branco (AC): 23,6 µg/m³.
- Osasco (SP): 22,1 µg/m³.
- Rio Claro (SP): 20,8 µg/m³.
- Ribeirão Preto (SP): 19,9 µg/m³.
- Carapicuíba (SP): 19,4 µg/m³.
- Xapuri (AC): 19,1 µg/m³.
- Manoel Urbano (AC): 18,7 µg/m³.
- Santa Rosa do Purus (AC): 18,7 µg/m³.
Como a poluição do ar afeta a saúde pública?
A poluição atmosférica constitui uma ameaça significativa à saúde humana. A exposição prolongada a poluentes como material particulado (MP) e dióxido de nitrogênio (NO2) está ligada a problemas respiratórios, doenças cardiovasculares e outras condições de saúde graves. As regiões afetadas, como as cidades de São Paulo mencionadas, exigem intervenções urgentes para proteger os cidadãos e melhorar a qualidade de vida. A conscientização pública, aliada a políticas ambientais rigorosas, é fundamental para enfrentar eficazmente esses desafios.
A normal day? Not quite.
— IQAir (@IQAir) July 21, 2025
For millions in cities like Delhi, this isn’t just a bad air day. It’s everyday life.
Children walk to school. Adults navigate dense traffic. All while breathing toxic air.
You can’t always see the danger, but they feel it in every breath.
This isn’t… pic.twitter.com/xOz7QU0cVo
Dessa forma, as informações trazidas pelo estudo da IQAir servem como um chamado para ações mais vigorosas tanto em nível governamental quanto individual. Apenas a partir de uma compreensão abrangente e de intervenções assertivas será possível vislumbrar um futuro onde a qualidade do ar não comprometa a saúde e a vitalidade do planeta.