O aumento do nível do mar tornou-se um tema central nos debates ambientais do século XXI. Diversos estudos apontam que o volume dos oceanos tem apresentado crescimento significativo desde o início dos anos 1990, uma consequência direta do aquecimento global e das mudanças climáticas.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o nível médio global do mar aumentou cerca de 20 a 25 centímetros desde 1880, sendo que mais de um terço desse aumento ocorreu apenas nos últimos 30 anos. Atualmente, a taxa média de elevação é de aproximadamente 3,3 milímetros por ano, acelerando em comparação com décadas passadas. Projeções indicam que, mantido o ritmo atual de emissões de gases de efeito estufa, o nível do mar pode subir entre 0,26 e 0,98 metros até 2100. Esse fenômeno representa riscos consideráveis para populações que vivem em litoral ou regiões baixas, transformando-se em um desafio socioeconômico de grandes proporções.
A elevação das águas oceânicas traz impactos diversos, desde ameaças à habitação e perda de terras produtivas até efeitos sobre a economia e a infraestrutura das cidades costeiras. Com a intensificação do degelo em polos e o aumento da temperatura global, é evidente a necessidade de ampliar a compreensão sobre as causas e consequências dessa transformação ambiental. Os danos ambientais decorrentes da elevação do nível do mar, assim como as alternativas para enfrentamento, estão no centro das atenções de governos e pesquisadores ao redor do mundo.

O que causa o avanço do nível do mar?
O principal fator por trás desse fenômeno é o aquecimento das temperaturas médias do planeta. Quando a atmosfera aquece, ocorre o derretimento acelerado de geleiras e calotas polares, liberando grandes volumes de água doce nos oceanos. Associada a esse processo está a expansão térmica: à medida que a água do mar esquenta, seu volume se expande, contribuindo de maneira significativa para o aumento global dos oceanos.
Além desses fatores naturais, atividades humanas como a emissão intensiva de gases de efeito estufa e o desmatamento acentuam o problema. O ritmo acelerado das mudanças climáticas desde o final do século XX intensificou a preocupação com o destino de áreas urbanas e rurais localizadas em zonas de maior risco de submersão.
@fernando_nosso.nordeste Futuro: Capitais Nordestinas podem sumir com o aumento do mar
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Quais cidades enfrentam maior risco com o aumento do nível do mar?
Grandes cidades litorâneas, tanto no Brasil quanto em outros países, apresentam vulnerabilidade elevada aos impactos da elevação do nível do mar. O crescimento populacional nessas áreas aumenta o desafio, tornando essencial o monitoramento contínuo e a adoção de políticas públicas adaptativas.
- Rio de Janeiro: bairros e ilhas podem registrar alagamentos recorrentes;
- Ilha de Marajó e áreas baixas do Pará: regiões que podem sofrer erosão e avanço das águas salinas;
- Oiapoque e Lago Piratuba, no Amapá: localidades expostas à elevação do mar e à perda de biodiversidade local;
- Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses: parte do território pode ser soterrada pelo avanço das marés;
- Porto Alegre e Pelotas (Rio Grande do Sul): risco de inundações periódicas e alterações no perfil dos rios e lagoas costeiras.
- Recife: a cidade já enfrenta inundações causadas pela maré e declarou oficialmente estado de emergência climática, tornando-se exemplo importante do risco elevado no litoral brasileiro.

Quais estratégias podem minimizar os efeitos do aumento do nível do mar?
Diante desse desafio, a elaboração de medidas eficazes demanda ação coordenada entre órgãos governamentais, setor privado e comunidades afetadas. A adaptação e a mitigação são palavras-chave quando o assunto é gestão de riscos climáticos associados à elevação do mar.
- Redução de emissões: investir em fontes de energia limpa e reduzir o uso de combustíveis fósseis é considerado um passo fundamental;
- Engenharia costeira: construção de barreiras físicas como diques, muros de contenção e comportas para proteger áreas vulneráveis;
- Recuperação de ecossistemas: replantio de manguezais, restauração de dunas e conservação de recifes de coral, que atuam como barreiras naturais;
- Sistemas de alerta: implantação de monitoramento contínuo para antecipar episódios de alagamentos e orientar evacuações em caso de extremos climáticos;
- Educação e conscientização: campanhas de informação comunitária para preparo e resposta diante de emergências ligadas ao avanço das águas.
Salinização de aquíferos e técnicas de prevenção: a intrusão de água salgada nos aquíferos costeiros é uma das consequências mais preocupantes do aumento do nível do mar, ameaçando o abastecimento de água potável em áreas litorâneas. Estratégias de mitigação incluem o gerenciamento sustentável da extração de água subterrânea, recarga artificial dos aquíferos com água doce, barreiras hidráulicas subterrâneas e uso de tecnologias de dessalinização. Políticas de monitoramento contínuo da qualidade da água e proteção das faixas de recarga também são essenciais para evitar a crise de salinização.
No cenário de 2025, a elevação do nível do oceano representa um movimento contínuo que impõe desafios técnicos, sociais e ambientais. Governos, ONGs e o setor científico têm investido esforços para criar e implementar soluções de adaptação e mitigação, com foco tanto em infraestrutura quanto na proteção de ecossistemas sensíveis. O acompanhamento das tendências do aumento do nível do mar contribui para a tomada de decisões políticas embasadas, tornando possível uma resposta mais preparada diante das transformações impostas pela natureza e pela ação humana.