Nesta sexta-feira (18/7), o Centro Pompidou de Metz foi palco de um episódio inusitado envolvendo uma das obras mais emblemáticas do cenário artístico contemporâneo. A banana que compunha a conhecida obra “Comedian”, assinada pelo artista Maurizio Cattelan e avaliada em milhões de euros, foi consumida por um visitante durante a exposição “Dimanche sans fin”. O caso rapidamente ganhou destaque na mídia e levantou debates sobre os limites entre arte e intervenção do público.
O incidente ocorreu em meio à rotina do museu, surpreendendo tanto os visitantes quanto a equipe de curadoria. Funcionários do Centro Pompidou agiram prontamente assim que perceberam a interação do visitante com a peça, que consiste basicamente em uma banana presa à parede por uma fita adesiva. Em nota divulgada ao público na mesma data, a comunicação do museu informou que a situação foi controlada de maneira tranquila, seguindo todos os protocolos previstos em situações de risco ou alteração de obras de arte.
Como a obra “Comedian” de Maurizio Cattelan ficou famosa?

Concebida por Maurizio Cattelan, artista italiano conhecido por seus trabalhos provocativos, a instalação “Comedian” ganhou notoriedade internacional desde sua primeira exibição em 2019. O trabalho é composto por uma banana real fixada com fita adesiva à parede, explorando temas como valor, efemeridade e a percepção do que pode ser considerado arte. O preço atribuído à peça, frequentemente citado em milhões de euros, é um dos fatores que impulsionaram debates acalorados no mundo das artes visuais.
A obra de Cattelan desafia padrões estabelecidos e provoca uma reflexão sobre o papel do artista e do espectador. Em diferentes oportunidades, bananas foram substituídas devido ao seu estado natural de decomposição, evidenciando o caráter transitório da peça e reforçando as discussões sobre durabilidade e significado.
1. Simplicidade e Absurdidade
- Minimalismo Extremo: A obra é incrivelmente simples, quase banal, o que a torna instantaneamente reconhecível e fácil de ser discutida. A ideia de uma banana com fita adesiva sendo arte já é, por si só, uma provocação.
- Humor e Ironia: O título “Comedian” (Comediante) sugere que a obra é uma piada, um comentário bem-humorado e irônico sobre o mercado da arte contemporânea e o que é considerado “arte”.
2. Preço de Venda Elevado
- Valores Chocantes: A obra foi vendida por impressionantes US$ 120.000 em 2019 na feira Art Basel Miami Beach, e uma terceira edição por US$ 150.000. Esse preço, para algo tão comum como uma banana, gerou incredulidade e questionamentos sobre o valor da arte e o papel do dinheiro no mercado.
- Foco na Ideia, Não no Objeto: O que foi vendido não foi a banana em si (que pode ser substituída), mas sim o conceito da obra e um certificado de autenticidade com instruções para a sua exibição. Isso levantou debates sobre o que realmente constitui uma obra de arte conceitual.
3. Viralização e Impacto Midiático
- Cobertura Massiva: A natureza inusitada e o alto preço da obra fizeram com que ela fosse amplamente divulgada por veículos de comunicação em todo o mundo, tanto especializados em arte quanto notícias gerais.
- Memes e Paródias: Rapidamente, a obra se tornou um fenômeno viral nas redes sociais, gerando inúmeros memes, paródias e discussões entre o público em geral, tanto amantes da arte quanto críticos. Isso amplificou sua visibilidade exponencialmente.
4. Provocação e Debate
- Questionamento da Arte Contemporânea: “Comedian” provocou um intenso debate sobre os limites e a definição da arte contemporânea, o que a torna arte, quem a define e por que certas obras atingem valores tão altos.
- Ato de Consumo Artístico: Um dos momentos mais famosos foi quando o artista David Datuna comeu uma das bananas expostas, chamando o ato de “performance artística”. Isso gerou ainda mais publicidade e discussões sobre a efemeridade da obra e a interação do público com ela.
Como o Centro Pompidou reagiu ao incidente?
Após o consumo da banana da “Comedian”, a equipe de segurança do museu agiu de maneira ágil e assertiva. Segundo a nota oficial do Centro Pompidou de Metz, a intervenção dos funcionários foi realizada de forma serena e eficiente, seguindo todos os critérios recomendados para preservar tanto a integridade do acervo quanto o bem-estar dos visitantes. Desta forma, o museu demonstrou estar preparado para lidar com situações inusitadas, comuns quando se trata de obras interativas ou conceituais como as de Cattelan.
O procedimento adotado também reforça o compromisso do espaço cultural com a segurança, educação e respeito à liberdade de expressão, sem, contudo, abdicar da necessidade de preservação do patrimônio artístico exibido em suas dependências.

O que leva o público a interagir com obras como a “Comedian”?
O fato de uma obra composta por uma banana ser avaliada em cifras milionárias desperta a curiosidade e o questionamento não apenas de especialistas, mas do público em geral. A acessibilidade dos elementos que compõem “Comedian” aproxima a arte conceitual do cotidiano do visitante, tornando tentadora a ideia de uma intervenção espontânea — neste caso, o consumo da fruta.
- Elementos do cotidiano: O uso de objetos comuns, como uma banana e fita adesiva, elimina barreiras tradicionais entre arte e vida.
- Proposta interativa: Ao trabalhar com elementos perecíveis e facilmente substituíveis, a obra sugere um diálogo contínuo entre o público e o conceito apresentado.
- Debate sobre valor: A reação diante do alto preço atribuído a um objeto tão trivial alimenta discussões sobre o que efetivamente confere valor a uma peça artística.
Esses fatores colaboram para que eventos como o registrado no Centro Pompidou provoquem debates sobre os principais conceitos que norteiam a arte contemporânea e ampliem a participação do público.
O incidente altera a visão sobre a arte contemporânea?
Un visiteur a "mangé" la banane faisant partie de l'œuvre "Comedian" de Maurizio Cattelan, estimée à plusieurs millions d'euros et présentée dans l'exposition "Dimanche sans fin" au centre Pompidou de Metz. https://t.co/74ISs2s7gW
— Brut FR (@brutofficiel) July 18, 2025
Ocorrências como a registrada na exposição em Metz tendem a impulsionar debates que vão além do universo artístico. A presença de obras que utilizam elementos perecíveis chama atenção para a efemeridade e para a participação do espectador no desenvolvimento do significado artístico. Em muitos casos, essas intervenções reforçam a proposta inicial do artista, estimulando a reflexão sobre como se constrói o senso de valor e autenticidade.
A bordo de um contexto midiático, a notícia do consumo da banana de “Comedian” amplia o alcance da obra e gera novos olhares sobre a produção contemporânea. Especialistas apontam que tais episódios incentivam uma aproximação entre público e arte, promovendo discussões mais abertas sobre a função e o propósito dos trabalhos em exposição, especialmente quando envolvem objetos e situações do cotidiano.
O episódio de Metz evidencia a capacidade da arte de provocar reações, questionando limites e estimulando o diálogo em diferentes esferas sociais. Fatos inusitados como esse continuam a alimentar discussões fundamentais para compreender tanto a pluralidade da produção artística contemporânea quanto o papel ativo do espectador na construção do significado das obras.