No cenário político atual, a relação entre Donald Trump e Jair Bolsonaro tem chamado atenção, principalmente após a publicação de uma carta de Trump direcionada a Bolsonaro. A carta de Trump foi publicada em nessa quinta-feira (17/7). O conteúdo dessa mensagem, divulgado na rede Truth Social, reforça uma postura de solidariedade do norte-americano em relação ao contexto político enfrentado por Bolsonaro. A carta menciona um sistema considerado por Trump como injusto e crítico quanto ao tratamento ofertado a Bolsonaro, além de expor preocupações mais amplas relativas à liberdade de expressão no Brasil e nos Estados Unidos.
O diálogo público entre as duas lideranças globais se intensificou nos últimos meses e ocorre em meio a julgamentos e debates judiciais envolvendo Bolsonaro. Trump, utilizando seus canais oficiais, afirmou que acompanha de perto esses acontecimentos e, em mais de uma ocasião, classificou as ações judiciais como uma espécie de perseguição política, frequentemente empregando o termo “caça às bruxas” para descrever a situação. As manifestações públicas buscam respaldar o ex-presidente brasileiro junto à opinião internacional e de seus apoiadores internos.
Como Trump se posicionou em defesa de Bolsonaro?
– Jair Bolsonaro responde à carta de @realDonaldTrump . pic.twitter.com/Pj91AAxcHa
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) July 18, 2025
A aproximação de Trump e Bolsonaro se evidencia não apenas pela troca de cartas, mas também pelo alinhamento de discurso em temas como soberania nacional, críticas às instituições e políticas de combate à censura. Para muitos analistas, essa defesa está inserida em uma estratégia política mais ampla, onde líderes que compartilham pautas semelhantes buscam apoiar-se mutuamente diante de adversidades judiciais ou institucionais. Além disso, ambos são figuras influentes em modelos de comunicação direta com sua base eleitoral, utilizando redes sociais para propagar suas ideias e contrapor decisões consideradas desfavoráveis pelos seus seguidores.
“Prezado Sr. Bolsonaro, vi o tratamento terrível que você está recebendo nas mãos de um sistema injusto que se voltou contra você. Esse julgamento deveria acabar imediatamente! Não me surpreende vê-lo liderando nas pesquisas; você foi um líder altamente respeitado e forte, que serviu bem ao seu país”, diz Trump.
“Estou muito preocupado com os ataques à liberdade de expressão — tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos — vindos do atual governo. Expressei fortemente minha desaprovação, tanto publicamente quanto por meio da nossa política tarifária. É minha sincera esperança que o Governo do Brasil mude de rumo, pare de atacar os opositores políticos e encerre esse regime ridículo de censura. Estarei observando de perto”, finalizou.
O que significa “caça às bruxas” no contexto político?
O termo “caça às bruxas”, utilizado em vários momentos por Donald Trump, carrega um peso simbólico significativo quando se trata de disputas políticas e enfrentamentos judiciais. Tradicionalmente, esta expressão refere-se a perseguições injustas, motivadas mais por interesses políticos ou pessoais do que por provas concretas de ilegalidade. No ambiente político contemporâneo, essa expressão tem sido continuamente empregada por líderes sob investigação, como forma de mobilizar apoio e estimular desconfiança em relação à legitimidade de processos judiciais ou decisões institucionais.
- Mobilização de apoiadores: Quando um líder acusa seus opositores de conduzir uma “caça às bruxas”, isso tende a intensificar o engajamento de sua base, que passa a enxergar o processo como uma tentativa de retaliação política.
- Pressão internacional: Utilizar plataformas globais para divulgar essa versão dos fatos pode gerar repercussão fora do país de origem, pressionando organismos internacionais e outros governos a refletirem sobre possíveis excessos nas decisões judiciais.
- Fortalecimento de laços: O compartilhamento dessa retórica por outros líderes mundiais, que enfrentam situações parecidas, contribui para o fortalecimento de alianças políticas.
Como as manifestações de Trump impactam as relações Brasil-Estados Unidos?
A publicação da carta e as reiteradas manifestações públicas de Trump têm reflexos diretos nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. Em julho de 2025, Trump recorreu à imposição de tarifas sobre produtos brasileiros como forma de protesto, justificando a medida pela insatisfação com o tratamento concedido ao ex-presidente Bolsonaro no Brasil. Essa decisão ilustra como questões políticas internas podem influenciar acordos e políticas comerciais, afetando setores econômicos importantes dos dois países.
Essas ações também servem para evidenciar divergências entre diferentes administrações governamentais dos Estados Unidos em relação ao governo brasileiro. Enquanto a comunicação entre Trump e Bolsonaro reforça laços e afinidades, o atual governo norte-americano adota posturas distintas, priorizando outros aspectos da cooperação bilateral e, muitas vezes, assumindo posicionamentos mais críticos.
- Aumento de Tarifas e Disputas Comerciais:
- Trump ameaçou impor uma tarifa de 50% sobre todas as importações brasileiras, o que o governo brasileiro promete retaliar com tarifas recíprocas caso a medida se concretize.
- A justificativa de Trump para as tarifas está ligada, em parte, ao que ele considera “tratamento injusto” ao ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil, acusando o país de práticas comerciais desleais contra empresas americanas.
- Os EUA também abriram uma investigação sobre o que chamam de “práticas comerciais injustas” do Brasil, focando em temas como comércio digital, pagamentos eletrônicos (como o Pix), corrupção e direitos de propriedade intelectual.
- O vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, classificou a tarifa como uma “situação sem vencedores”, e associações comerciais de ambos os países têm manifestado preocupação.
- Interferência na Política Interna Brasileira:
- Trump tem criticado abertamente o sistema judicial brasileiro e o julgamento de Jair Bolsonaro, pedindo o fim do processo e afirmando que está “observando de perto”.
- Ele também expressou preocupação com “ataques à liberdade de expressão” no Brasil, comparando-os a situações nos EUA.
- O presidente Lula da Silva respondeu firmemente, declarando que “nenhum gringo vai dar ordens a este presidente” e que o judiciário brasileiro é independente. Lula comparou a situação de Bolsonaro com os problemas legais de Trump, sugerindo que se Trump fosse brasileiro e tivesse feito o que aconteceu no Capitólio, ele também estaria sendo julgado e possivelmente preso.
- Tensão Diplomática e Retórica Agressiva:
- A troca de farpas e as ameaças de tarifas marcam um período de forte atrito diplomático.
- A abordagem “America First” de Trump e sua priorização de medidas protecionistas têm gerado ansiedade em toda a América Latina, e o tom pessoal em suas ameaças de tarifas ao Brasil é notável.
- Apesar da tensão, o governo brasileiro, através do chanceler Mauro Vieira, indicou que Lula está aberto a conversas caso haja disposição de negociação por parte de Trump.
- Impactos na Balança Comercial:
- Apesar das ameaças, os EUA são um parceiro comercial estratégico para o Brasil. Em 2024, as exportações brasileiras para os EUA superaram a marca de US$ 40 bilhões.
- As tarifas podem prejudicar as exportações brasileiras de produtos como aeronaves, petróleo, aço e café, o que poderia levar a um aumento de preços para os consumidores americanos.
Quais as possíveis consequências desse apoio para Bolsonaro?
A solidariedade explícita de Donald Trump tem múltiplos efeitos para Jair Bolsonaro. Por um lado, contribui para que o ex-presidente brasileiro amplie seu capital político entre apoiadores, que percebem o respaldo de uma figura internacionalmente relevante. Por outro, esse tipo de manifestação pode gerar debates acalorados sobre interferência externa e os limites do apoio internacional em processos judiciais domésticos.
Além disso, ao ecoar críticas contra o que identificam como restrição da liberdade de expressão ou perseguição de opositores, Trump e Bolsonaro reforçam uma agenda de debate público que pode influenciar não só o cenário político nacional, mas também o ambiente internacional de defesa de direitos civis e políticos. A tendência, segundo especialistas, é que essas trocas de apoio impulsionem ainda mais as discussões sobre os rumos da democracia e o papel dos líderes em contextos de crise institucional.
