Nesta quarta-feira (9/7), o presidente norte-americano Donald Trump comunicou a intenção de aplicar uma nova taxa, intensificando a pressão sobre o governo brasileiro e os demais países do bloco Brics. As declarações ocorreram em um momento de tensões crescentes sobre acordos comerciais e a possível criação de uma moeda alternativa ao dólar, proposta discutida pelos membros do grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
A medida estadunidense está inserida num quadro mais amplo de disputas econômicas e negociações internacionais. A relação comercial entre Estados Unidos e Brasil vinha sendo marcada por desentendimentos sobre práticas comerciais, subsídios e questões tarifárias. Nos meses anteriores, Washington já havia elevado as taxas para as importações brasileiras em outros setores, e o anúncio atual sinalizou uma escalada na postura protecionista do governo norte-americano em relação ao bloco dos Brics.
Como serão as novas tarifas anunciadas por Trump?
🚨URGENTE – Trump diz que o Brasil não tem sido bom para os EUA e afirma que anunciará nova tarifa entre hoje e amanhã
— SPACE LIBERDADE (@NewsLiberdade) July 9, 2025
“O Brasil não tem sido um bom exemplo para nós. Nada bom, aliás (…) Tarifas do Brasil sairão hoje mais tarde ou amanhã de manhã” pic.twitter.com/ZxQHOaxd0H
Segundo o anúncio da Casa Branca, a nova taxa específica para o Brasil foi prometida para divulgação entre a tarde e a manhã do dia seguinte. Embora o presidente dos EUA não tenha detalhado os setores econômicos afetados por essa medida, o histórico recente indica a possibilidade de atingir commodities, produtos agrícolas e equipamentos industriais, já que esses segmentos costumam ter grande participação nas trocas comerciais entre os dois países. Além disso, há incerteza se o percentual aplicado representará uma continuidade do aumento de 20% registrado em abril de 2025 ou se irá além desse patamar.
As decisões anunciadas pelo governo Trump também contemplam tarifas extras de 10% para todos os países integrantes dos Brics, ou mesmo nações que estejam em processo de aproximação com o bloco econômico. Essas iniciativas deixaram em alerta produtores, exportadores e o setor industrial brasileiro, sobretudo pela falta de informações detalhadas sobre as regras, critérios e prazos de implantação dessas medidas.
“O Brasil não tem sido bom para nós. Nada bom, aliás. Vamos divulgar um número para o Brasil no final da tarde ou amanhã de manhã”, disse Donald Trump.
Como essas tarifas afetam a relação econômica Brasil-EUA?
A adoção de novas tarifas tende a impactar negativamente tanto o comércio bilateral quanto a estabilidade de cadeias produtivas globais. O aumento de barreiras comerciais pode resultar em retração das exportações brasileiras para o mercado norte-americano, além de encarecer produtos americanos para consumidores no Brasil.
Impactos nas Exportações Brasileiras
- Redução da Competitividade: A imposição de tarifas americanas torna os produtos brasileiros mais caros no mercado dos EUA, diminuindo sua competitividade em relação a produtos de outros países ou aos produzidos internamente nos Estados Unidos. Isso pode levar a uma queda no volume das exportações brasileiras para os EUA.
- Setores Mais Afetados: Embora a abrangência exata das novas tarifas ainda esteja sendo definida, setores como o de aço e alumínio já sofrem com sobretaxas significativas (atualmente em 25%). A ameaça de tarifas generalizadas ou específicas em outros produtos pode impactar commodities e produtos manufaturados que o Brasil exporta para os EUA.
- Diversificação de Mercados: A dificuldade de acesso ao mercado americano pode levar o Brasil a buscar uma maior diversificação de seus parceiros comerciais, fortalecendo relações com outros blocos econômicos, como a China e a União Europeia.
Instabilidade e Incerteza para Investidores
- Clima de Negócios: As ameaças e a implementação de tarifas criam um ambiente de incerteza para empresas brasileiras que exportam para os EUA e para empresas americanas que importam do Brasil. Essa instabilidade pode desestimular novos investimentos e a expansão de negócios já existentes.
- Câmbio: A tensão comercial pode influenciar a taxa de câmbio, tornando o real mais volátil em relação ao dólar, o que pode afetar os custos de importação e exportação para ambos os lados.
Essa conjuntura pode provocar efeitos indiretos, como a busca por novos parceiros comerciais e o incentivo à diversificação da pauta de exportações. Os setores empresariais e governamentais brasileiros discutem estratégias para mitigar prejuízos, seja por meio de acordos bilaterais com outros países ou através do fortalecimento do comércio sul-sul.
Por que os Brics estão no centro dessa disputa?

O grupo dos Brics foi criado com o objetivo de promover a cooperação econômica e política entre países emergentes. Nos últimos anos, a discussão sobre uma moeda própria para o bloco intensificou o debate acerca da influência do dólar nas transações internacionais. Para a administração norte-americana, esse movimento é visto como uma ameaça à centralidade econômica dos Estados Unidos no cenário global, além de representar risco para a competitividade de suas exportações.
Trump afirmou publicamente que o posicionamento dos Brics visa “desvalorizar” o dólar, justificando assim a aplicação de tarifas como forma de proteger os interesses do país. Essa postura tem gerado reações diversas tanto por parte dos integrantes do bloco quanto de outros atores do comércio internacional, preocupados com o aumento das barreiras e eventual retaliação tarifária.
A intensificação das tensões comerciais entre Estados Unidos e Brasil representa apenas uma parte do quadro global em 2025. Várias economias acompanham atentos os desdobramentos, considerando o efeito dominó que medidas protecionistas podem gerar. Os países membros dos Brics estudam alternativas para minimizar impactos, como rotas comerciais alternativas, incentivos à produção interna e negociações com outros mercados emergentes.