Em junho de 2025, o Ministério de Minas e Energia anunciou uma medida que deve impactar diretamente o cotidiano dos brasileiros: a Portaria Normativa nº 111, de 18 de junho de 2025, que estabelece a digitalização das redes de baixa tensão e a implantação obrigatória dos chamados medidores inteligentes. Essa iniciativa visa modernizar o sistema de distribuição de energia elétrica em todo o país, trazendo mudanças significativas para consumidores residenciais e pequenos estabelecimentos comerciais.
O processo de digitalização das redes elétricas busca aprimorar a eficiência, a transparência e a segurança no fornecimento de energia. Com a substituição dos antigos medidores analógicos por dispositivos digitais avançados, espera-se uma comunicação mais ágil entre usuários e concessionárias, além de maior controle sobre o consumo e a qualidade do serviço prestado.
O que são medidores inteligentes e como funcionam?

Os medidores inteligentes, também conhecidos como smart meters, são equipamentos eletrônicos capazes de registrar, armazenar e transmitir informações detalhadas sobre o consumo de energia elétrica em tempo real. Diferentemente dos modelos tradicionais, esses dispositivos permitem a leitura remota dos dados, eliminando a necessidade de visitas periódicas de técnicos para coleta manual das informações.
Além disso, os medidores inteligentes oferecem funcionalidades como envio automático de alertas em caso de interrupções, monitoramento de picos e quedas de energia, e até mesmo a possibilidade de corte e restabelecimento do fornecimento de forma remota, sempre respeitando as normas de proteção ao consumidor. O histórico de consumo fica disponível para consulta, facilitando o acompanhamento e a gestão dos gastos com energia.
O que são Medidores Inteligentes?
- Coleta de Dados Detalhados: Ao contrário dos medidores convencionais que apenas registram o consumo total mensal, os medidores inteligentes monitoram informações como consumo de energia elétrica, níveis de tensão, corrente e fator de potência de forma contínua e detalhada.
- Comunicação Bidirecional: Eles são capazes de enviar dados de consumo para a distribuidora e, em alguns casos, receber informações da concessionária, como atualizações de tarifas ou comandos para otimização da rede.
- Integração com Smart Grids: São um componente fundamental das Smart Grids (Redes Elétricas Inteligentes), que são sistemas avançados de distribuição de energia que utilizam tecnologia digital para otimizar o fluxo e o uso da eletricidade.
Como Funcionam no Brasil?
No Brasil, o funcionamento dos medidores inteligentes está alinhado com o conceito global de modernização da rede elétrica e promoção da eficiência energética.
- Medição e Registro: O dispositivo mede e registra o consumo de energia de forma precisa e em tempo real.
- Módulo de Comunicação: Um módulo de comunicação integrado ao medidor é responsável por transmitir esses dados para a empresa de energia. Essa transmissão pode ocorrer por diferentes métodos, como redes de rádio frequência ou comunicação celular.
- Processamento e Análise: As distribuidoras recebem e processam esses dados, utilizando-os para monitorar o consumo, detectar irregularidades, gerenciar a demanda e planejar a manutenção da rede.
- Acesso ao Consumidor: Os consumidores podem acessar seus próprios dados de consumo através de aplicativos ou plataformas online, permitindo um acompanhamento detalhado e a identificação de padrões de uso para otimizar seus gastos.
- Legislação e Implementação: Recentemente, uma portaria normativa do Ministério de Minas e Energia (Portaria Normativa nº 111, de junho de 2025) estabeleceu a troca obrigatória dos medidores de luz em todo o Brasil até 2035, com foco na digitalização das redes de baixa tensão. As concessionárias terão que apresentar planos de implantação à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Quais são os benefícios da mudança?
A implementação dos medidores inteligentes traz uma série de vantagens tanto para os consumidores quanto para as concessionárias de energia. Entre os principais benefícios, destacam-se:
- Para os Consumidores:
- Faturamento Preciso: Elimina estimativas, garantindo que o cliente seja cobrado exatamente pelo que consumiu.
- Monitoramento em Tempo Real: Permite acompanhar o consumo detalhadamente, identificando picos de uso e horários de maior gasto.
- Controle e Economia: Com as informações em mãos, o consumidor pode ajustar hábitos e identificar oportunidades de economia na conta de luz.
- Integração com Automação Residencial: Facilita a gestão de energia em casas inteligentes, permitindo a programação de equipamentos para operar em horários de menor custo.
- Detecção Rápida de Problemas: Ajuda a identificar rapidamente falhas ou irregularidades na instalação elétrica.
- Para as Distribuidoras:
- Gestão da Rede Aprimorada: Melhora o monitoramento e a gestão da rede elétrica, reduzindo perdas e aumentando a eficiência operacional.
- Detecção de Fraudes: A tecnologia avançada dificulta a manipulação e a fraude, diminuindo as perdas não técnicas.
- Serviço Mais Ágil: Permite a detecção e resolução mais rápida de falhas e interrupções no fornecimento.
- Otimização da Demanda: Facilita a implementação de tarifas diferenciadas (por exemplo, por horário) para incentivar o consumo em períodos de menor demanda.
- Integração com Fontes Renováveis: Prepara a rede para a crescente integração de fontes de energia renovável, como a solar.
Como será feita a transição para os medidores inteligentes?
A portaria determina que a digitalização das redes de baixa tensão deve ser concluída até 2035. Para atingir esse objetivo, as concessionárias de energia elétrica precisam apresentar à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) planos detalhados de implantação, considerando critérios técnicos e econômicos. A troca dos medidores será realizada de forma gradual e obrigatória, abrangendo residências e pequenos comércios conectados à rede de baixa tensão.
Durante esse período de transição, a Aneel será responsável por regular a divisão dos custos de implantação e acompanhar a eficiência do serviço. A expectativa é que a digitalização contribua para evitar aumentos desnecessários nas tarifas, promovendo a chamada modicidade tarifária. O impacto financeiro para os consumidores ainda será avaliado conforme cada caso e região.
Quais cuidados serão adotados em relação à segurança e privacidade?
Com a chegada dos medidores inteligentes, cresce a preocupação com a proteção dos dados dos consumidores. As concessionárias deverão seguir normas rigorosas de segurança cibernética, garantindo o sigilo das informações conforme determina a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Além disso, a Aneel poderá exigir a contratação de verificadores independentes para fiscalizar o cumprimento das metas e a qualidade dos serviços prestados.
Essas medidas visam assegurar que a modernização do sistema elétrico brasileiro ocorra de forma segura, transparente e eficiente, trazendo benefícios reais para a população e para o setor energético como um todo. A digitalização das redes representa um passo importante rumo à inovação e à sustentabilidade no fornecimento de energia elétrica no Brasil.