O cenário das franquias no Brasil ganhou destaque em 2025 com as investigações envolvendo a atriz Giovanna Antonelli e a rede Giolaser, especializada em procedimentos estéticos e depilação. Segundo informações do portal Metrópoles, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) abriu dois inquéritos para apurar possíveis irregularidades relacionadas à atuação da atriz como sócia e à conduta do Grupo Salus, responsável pela franqueadora. As denúncias apontam para questões como propaganda enganosa e suspeita de pirâmide financeira, trazendo à tona debates sobre a transparência e a responsabilidade no setor de franquias.
Segundo informações do inquérito, a Giolaser teria apresentado projeções de faturamento consideradas inviáveis, levando diversos franqueados a alegarem prejuízos financeiros significativos. A situação resultou em pedidos de indenização e abriu espaço para questionamentos sobre a relação entre celebridades e negócios de franquias, especialmente quando envolvem a cessão de imagem e participação societária minoritária.
Quais são as denúncias contra a Giolaser e o Grupo Salus?

As investigações do MPSP apontam para uma série de práticas consideradas irregulares. Entre elas, destaca-se a suposta propaganda enganosa, com promessas de faturamento que não se concretizaram na prática. Além disso, há relatos de que o valor real do investimento necessário para abrir uma unidade da Giolaser ultrapassava em mais de 200% o informado na Circular de Oferta de Franquia (COF), documento obrigatório no setor.
Outro ponto relevante é a alegação de que os franqueados eram obrigados a adquirir mobiliário e equipamentos diretamente da franqueadora, criando uma dependência financeira e elevando os custos de operação. O inquérito criminal aberto em junho de 2025 também inclui denúncias de concorrência desleal, falsidade ideológica, manipulação de documentos contábeis e crimes contra a economia popular.
Qual o impacto sobre Giovanna Antonelli?
Giovanna Antonelli, conhecida por sua atuação em novelas e filmes, foi sócia minoritária da Giolaser e cedeu sua imagem para campanhas publicitárias da marca. A defesa da atriz afirma que ela não participou da elaboração ou assinatura dos contratos com franqueados, limitando-se à função de embaixadora da marca. Segundo seus advogados, Giovanna seria vítima de litigância predatória, já que não teria envolvimento direto nas decisões administrativas ou financeiras do Grupo Salus.
Apesar disso, o uso da imagem de uma personalidade pública pode influenciar a decisão de potenciais investidores, tornando a discussão sobre responsabilidade ainda mais complexa. O caso levanta questões sobre os limites da participação de celebridades em negócios e a necessidade de transparência nas relações comerciais.
Veja a nota da defesa da atriz:
“Giovanna Antonelli está sendo vítima de litigância predatória (uma maneira de usar a Justiça de forma mal-intencionada para lucrar ou manipular situações), criada com fundamentos falsos e utilizando seu nome para dar importância e visibilidade a questões que envolvem apenas relações contratuais entre franqueadora e franqueados, não havendo qualquer conduta ou participação da atriz nos contratos de franquia”.
“A verdade é que os autores dessa incabível demanda estão a se aproveitar da imagem da atriz para atribuir notoriedade à causa, o que fazem como uma clara estratégia para iludir e confundir”.
“Giovanna cedeu sua imagem e deteve participação minoritária no negócio da franqueadora, e nunca exerceu a gerência dos negócios empresariais. A única responsável por contratos de franquia é a empresa que gerencia o negócio franqueado, o grupo Salus. Assim, qualquer lesão entre a empresa franqueada e a empresa franqueadora, se realmente existiu, deve ser apurada entre empresas responsáveis que realizaram os negócios empresariais”, finaliza a nota.
Quais são os impactos das denúncias para o mercado de franquias?
O episódio envolvendo a Giolaser e o Grupo Salus repercute em todo o setor de franquias brasileiro. De acordo com os denunciantes, quase mil processos judiciais foram abertos contra a rede, reflexo de insatisfações com o modelo comercial adotado. O Grupo Salus, que também controla marcas como Sorridents, Olhar Certo e Amo Vacinas, opera atualmente 863 franquias e reportou faturamento de R$ 1 bilhão em 2023.
- Confiança abalada: Investidores e empreendedores passam a adotar postura mais cautelosa ao avaliar propostas de franquias.
- Revisão de contratos: Franqueados buscam maior clareza nas informações apresentadas em documentos como a COF.
- Fiscalização intensificada: Órgãos reguladores ampliam a vigilância sobre práticas comerciais no setor.
Esses fatores contribuem para um ambiente de maior rigor e exigência por parte dos envolvidos, com foco na proteção dos direitos dos franqueados e na integridade das operações.
O que considerar antes de investir em uma franquia?
Diante dos acontecimentos recentes, torna-se fundamental adotar uma postura criteriosa ao avaliar oportunidades no mercado de franquias. Alguns pontos essenciais devem ser observados:
- Análise detalhada da COF: Verificar todas as informações sobre custos, projeções de faturamento e obrigações contratuais.
- Histórico da franqueadora: Pesquisar a reputação da empresa e o volume de processos judiciais existentes.
- Transparência nas relações: Exigir clareza quanto ao papel de sócios, celebridades e demais envolvidos no negócio.
- Consultoria jurídica: Buscar orientação especializada antes de assinar qualquer contrato.
Essas medidas podem reduzir riscos e aumentar as chances de sucesso no segmento de franquias, especialmente em um cenário de maior fiscalização e cobrança por responsabilidade.
O caso Giolaser serve como alerta para o mercado, destacando a importância da transparência, da análise criteriosa de oportunidades e da atuação responsável de todos os envolvidos no universo das franquias no Brasil.