O Nordeste brasileiro pode em breve contar com uma companhia aérea estatal, dedicada a conectar os nove estados da região. Esta iniciativa visa facilitar o acesso entre cidades do interior e capitais, além de impulsionar o turismo, uma das principais atividades econômicas locais. A proposta surgiu como resposta à retração da aviação regional no Brasil, acentuada pela concentração do mercado e pela suspensão de rotas menos lucrativas.
O ministro do Turismo, Celso Sabino, anunciou que o governo federal está considerando uma parceria com o Consórcio Nordeste, uma autarquia que reúne todos os governadores da região. O objetivo é criar uma companhia aérea regional que possa operar dentro do Nordeste, coordenada pelo próprio consórcio. A ideia foi apresentada durante o Visit Brasil Summit, no Rio de Janeiro, e destacada pelo site Panrotas.
Quais são os desafios enfrentados pela aviação regional no Nordeste?
O anúncio ocorre em um momento de transformação no setor aéreo nacional. A possível fusão entre as companhias Azul e Gol pode reduzir ainda mais a concorrência, impactando diretamente a oferta de voos regionais. Cidades de médio porte no Nordeste têm perdido conexões, enquanto destinos turísticos menores enfrentam dificuldades para manter voos regulares.
Atualmente, operam na região empresas como MAP Linhas Aéreas, Azul Conecta e Abaeté Linhas Aéreas, que atendem principalmente cidades do interior e áreas turísticas. No entanto, a rentabilidade limitada e a concentração de mercado afetam a viabilidade dessas rotas, tornando a proposta de uma companhia aérea estatal uma alternativa atraente.

Quais incentivos podem viabilizar a criação de uma companhia aérea regional?
A viabilidade de uma companhia aérea regional estatal é complexa, devido aos altos custos operacionais e à necessidade de um modelo de gestão eficiente. No entanto, o Nordeste oferece condições que podem facilitar essa iniciativa. Os estados da região proporcionam incentivos fiscais, como a redução de até 75% no Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) por meio da Sudene, além de ICMS sobre o combustível mais baixo em estados como Pernambuco.
Esses benefícios podem tornar o projeto menos oneroso em comparação com outras regiões do país. Além disso, a proposta se alinha com as ações do Consórcio Nordeste para promover a integração e o turismo regional, incluindo um Acordo de Cooperação Técnica com a Embratur para qualificação de destinos e promoção de roteiros culturais no exterior.
Como a infraestrutura aeroportuária pode influenciar a aviação regional?
Outra estratégia que pode impulsionar a aviação regional no Nordeste é o leilão de aeroportos. O governo federal planeja novas rodadas de concessão para modernizar terminais regionais, melhorar a infraestrutura e aumentar a atratividade para companhias aéreas. Esses investimentos são esperados para contribuir na recuperação da malha aérea regional nos próximos anos.
Historicamente, o Nordeste já teve uma companhia aérea regional de grande porte, a Nordeste Linhas Aéreas, que operou até 2003. A proposta atual resgata a importância da aviação como vetor de desenvolvimento econômico e turístico, destacando a necessidade de alternativas para manter a conectividade da região.